Em 2018, Portugal
apresentou uma taxa de desemprego de 7%, considerada baixa comparativamente aos
anos transatos, revelando um bom desempenho da economia nacional. No entanto,
quando olhamos para um grupo específico de indivíduos, os jovens até aos 25
anos, constata-se que nesta faixa etária se mantêm algumas dificuldades em
obter emprego fixo e bem remunerado. Na verdade, tem-se observado uma
diminuição da taxa de desemprego jovem em Portugal e nesse mesmo ano atingiu os
20,6%, contudo ainda acima da média europeia, 20,2% (PORDATA). Estas taxas tão
elevadas mostram a falta de preparação do mercado de trabalho para receber os
jovens que procuram ativamente um emprego, todavia também se denota uma
incompatibilidade entre as habilidades/ qualificações que as empresas procuram
e as que eles oferecem. Aqui surge o problema dos jovens nem-nem, que não estudam nem trabalham.
Ainda durante este ano
contaram-se 220 mil jovens, entre os 15 e os 34 anos de idade, que se encontram
nesta situação de precariedade. Porém, em 2013, os indivíduos nem-nem eram o
dobro. Assim, verificou-se que não só a recuperação económica como a elevada
emigração ajudaram nesta redução abrupta. Ao contrário do que se verifica no
resto da Europa, grande parte dos jovens nem-nem
portugueses não são inativos ou até preguiçosos, como comumente se crê. Pelo
contrário, são indivíduos que estão efetivamente à procura de um trabalho, mas
não o encontram, isto é, desempregados, segundo Lia Pappámikail. A psicóloga acrescenta,
ainda, que as pessoas com poucas qualificações são mais prováveis a tornarem-se
NEEF (termo inglês - Not in Education, Employment or Training).
Relativamente ao
contexto Europeu, verificou-se que, em média, 16,5% dos jovens estavam nesta
situação. Portugal encontra-se na nona posição, com 11,9%, sendo que, comparativamente
com os restantes países, não se encontrava numa má situação pois no topo da
tabela encontravam-se países como a Itália e a Grécia, que apresentam economias
similares à portuguesa, com taxas acimas dos 20%. Assume-se assim que a Europa,
em geral, está a passar por um período difícil quanto ao emprego jovem, tendo
em conta que 16 em cada 100 jovens são precários. O que se crê que, para
ultrapassar esta dificuldade se necessita de reformular políticas laborais no
sentido de incentivar o emprego jovem dentro das empresas, criando, por exemplo,
benefícios fiscais.
Levantam-se agora duas
questões: porque acha a sociedade que estes jovens são preguiçosos,
desinteressados e sem objetivos de vida? Será esta designação minimamente
justa? No meu ponto de vista, diria que a grande maioria destes indivíduos não
serão assim tão indolentes como se crê. Pelo contrário, são pessoas que, numa
fase inicial do desemprego, estariam motivadas para encontrar um emprego e que se
terão candidatado a diversas vagas, mas que em algum momento se saturaram do
sistema, das condições que lhes eram propostas ou até da falta de
oportunidades… Diversos psicólogos afirmam que muitos nem-nem chegam a entrar em depressão por se sentirem um fracasso
não só para eles próprios como para os que os rodeiam e lhes querem bem. Assim
sendo, não acho que efetivamente o estereótipo criado seja justo. Não é justo
criticar e menosprezar uma pessoa que, de facto, tenta melhorar a sua condição
de vida mas as oportunidades lhe são vedadas.
Finalmente, gostaria
ainda de acrescentar que, enquanto estudante universitária, o desemprego e o
conceito de jovem nem-nem é-me
assustador pois o investimento feito em educação é muito elevado e a procura de
emprego está a chegar… Face a esta realidade, o importante mesmo é continuar a
acreditar nas oportunidades e manter o foco no investimento pessoal.
Ana
Catarina Matos Dias
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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