No passado dia 15, a
agência de rating Fitch subiu o rating português em dois níveis acima do
considerado “lixo”. Mas o que é uma agência de rating e o que motivou esta subida?
Uma agência de rating é uma empresa que avalia o risco de outras empresas ou
países, tendo um papel muito importante nos mercados financeiros, ao longo dos
últimos anos, devido à emergência de mercados em que se compram e vendem
títulos de empresas, de dívidas e derivados. De todas as agências espalhadas
pelo mundo, a Fitch, a Moody’s, a Standard & Poor’s e a DBRS são as
reconhecidas pelo Banco Central Europeu (BCE) para avaliar o risco de Estados e
empresas.
A única agência que mantinha, durante a
crise soberana, Portugal acima de “lixo” era a DBRS, sendo a única que garantia
a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE. Ao longo
do corrente ano, as avaliações feitas à classificação do rating português sofreram alterações. Já em setembro, a Standard
& Poor’s tinha subido o rating de
Portugal, deixando de estar no nível “lixo” para pertencer ao nível “investimento”,
onde não se prevê risco de incumprimento no reembolso da dívida. Esta subida já
tinha permitido que novos investidores passassem a poder adquirir títulos da
dívida portuguesa, levando à descida das taxas de juro registadas após a
decisão. Em outubro, a Moody’s manteve a classificação do país no primeiro
patamar de “lixo”, no entanto perspetivava uma evolução positiva da dívida
portuguesa.
No dia em que as taxas de juro de
Portugal, nos mercados, igualaram as taxas de juro de Itália, a agência de
notação financeira Fitch subiu o rating
português em dois patamares, deixando o “BB+” para pertencer ao nível “BBB”,
dois graus acima do nível “lixo”. Esta espécie de movimento é muito pouco
habitual e mostra como é importante, para os responsáveis da agência, corrigir
em alta a classificação de Portugal nos mercados.
O que permitiu esta subida, segundo a
Fitch, foi essencialmente a descida no rácio da dívida pública em relação ao
PIB (Produto Interno Bruto) e a expectativa, tanto da agência como do Governo, de
uma descida de mais de três pontos percentuais no rácio, podendo atingir os
127% do PIB. Além disso, o facto de Portugal estar a conseguir reduzir de forma
sustentada e gradual o endividamento externo, a recuperação registada em 2017
da economia e também os esforços realizados para recapitalizar o setor bancário
são fatores justificativos desta mesma subida por parte da agência de rating.
Ficando apenas a faltar a subida de
“lixo” por uma das agências, a Moody’s, é possível que esta subida na
classificação se venha a realizar no próximo ano, uma vez que esta mesma
agência prevê uma evolução “positiva” no rating.
Na minha opinião, todas estas subidas e
perspetivas de evolução “positiva” do rating
português provocam um aumento da confiança na presença de Portugal nos
mercados, levando ao aumento da visibilidade do país como também à inclusão da
dívida no radar dos maiores fundos de investimento. Esta melhoria permite até
que investidores mais passivos possam comprar também dívida portuguesa, levando
a novas descidas nos juros portugueses, beneficiando assim o peso da dívida do
Estado e, consequentemente, na generalidade as empresas e famílias.
Marisa Liliana Araújo Bertoluci Brito
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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