Muito se tem falado da Bitcoin no último ano. No entanto, o termo que define um “tipo de
moeda virtual” pode ainda não ser assim tão familiar para muita gente. A moeda
protegida por criptografia, conhecida por cripto-moeda, existe no mundo digital
há mais de 10 anos, mas foi a sua supervalorização ao longo deste ano que
chamou a atenção.
Após cair fortemente, o preço da bitcoin voltou a subir e estabeleceu novos
recordes, e praticamente duplicou em apenas um mês. Uma bitcoin passou a valer nos últimos dias 17000 dólares, cerca de
14000 euros, isto porque alguém ou um conjunto de pessoas aceitou trocar 17000
dólares, garantidos pela Reserva Federal, por uma moeda digital que não é
garantida por nenhuma entidade formalmente reconhecida.
Independentemente da opinião que cada
um tenha acerca da bitcoin, uma coisa
é certa a valorização da cripto-moeda nos últimos anos terá sido uma das
melhores oportunidades de ganhar (muito) dinheiro. Ora, veja-se que, em 2011,
quem tivesse aplicado 100 dólares, cerca de 75 euros, tinha comprado 333
cripto-moedas, e hoje poderia vender cada uma dessas moedas por 17000 dólares.
Feitos os cálculos, o investimento de 100 dólares em 2011 rendia agora cerca de
5661000 dólares!
Uma das razões para se comprar um
ativo financeiro passa por acreditar que se consegue vender no futuro mais caro
a outro investidor. Neste caso, para mim, pode aplicar-se o “efeito bola de
neve”. Quem compra uma bitcoin compra
porque está otimista que conseguirá vender mais caro a alguém, e esse alguém
compra porque acha que consegue vender a outro alguém ainda mais caro, e assim
sucessivamente. É claro que chega um dia em que a bola não cresce mais e acaba
por derreter, e aquele alguém que não consegue vender mais caro a ninguém é o
primeiro a perder dinheiro.
A euforia das moedas virtuais chegou
a Portugal devido aos recordes sucessivos que a Bitcoin tem alcançado e que os meios de comunicação social divulgam
diariamente. Isto está a preocupar a CVMV, que de certa forma tenta proteger os
investidores que possuem menos conhecimentos acerca dos mercados financeiros e
dos riscos que a Bitcoin apresenta. Desta
forma, a CVMV alerta que todo cuidado é pouco quando se investe neste tipo de
instrumentos financeiros, e divulgou ainda um estudo europeu da ESMA que
concluí que 80% dos investimentos realizados em produtos complexos, com um
elevado grau de alavancagem e que têm como ativo subjacente as moedas virtuais,
apresentam uma perda total para quem investiu.
A questão que coloco é: serão as cripto-moedas
o futuro do dinheiro ou não passam de uma fraude que levará à ruína aqueles que
não se desfizerem delas a tempo? É impossível dizer-se se a valorização vai
continuar ou se é uma bolha prestes a estourar. Presumo eu que há uma boa possibilidade
da bitcoin continuar a valorizar-se,
no entanto, é expetável que mais tarde venha a colapsar.
Muita gente tem feito a analogia
entre a bitcoin com a crise das
túlipas na Holanda, que ocorreu no século XVII. As semelhanças podem ser
grandes, no entanto, para mim, os bolbos de túlipas tinham pelo menos alguma
utilidade.
Carla Susana Peixoto
Teixeira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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