Nesta
altura, o tema dos carros autónomos já começa a ser um tema que se houve
bastante, mas que continua a ser uma realidade distante que, para já, apenas
está presente nos Concept Cars de
algumas marcas de automóveis. Pois, isso era o que eu inicialmente pensava e o
que muitos ainda pensam, no entanto, não é assim tão verdade quanto isso, uma
vez que já vemos na estrada carros que estacionam sem a necessidade de
intervenção por parte do condutor e alguns carros autónomos estão já a ser
efetivamente testados nas estradas e até já são considerados legais, como é o
caso da Alemanha, que se assume, assim, como o primeiro país a legaliza-los.
Esta
medida, apesar de ser um grande passo na direção da automatização da condução,
não permite ainda que não haja um condutor encartado atrás do volante, pronto a
assumir o comando, e também não permite que os automóveis se encontrem naquilo
que se chama o nível 5 da condução automática, que é quando o automóvel é
totalmente automatizado e não tem qualquer tipo de comandos a ser tomados pela
mão humana, ou seja, tem que haver a possibilidade de o condutor poder tomar
rédeas da situação a qualquer altura. Nos Estados Unidos, já há entregas de pizza feitas com carros autónomos e, em
Portugal, os testes deste tipo de automóveis terão início em 2018, por parte da
Indra, em Lisboa e Coimbra, cujos veículos virão de França e Espanha, mas um
deles é um automóvel modificado pela Universidade de Aveiro.
Outro
projeto que, até este ano, eu desconhecia é o projeto da Waymo, que foi
anunciado no Web Summit de 2017, em
Lisboa. Este projeto consiste em tornar os carros autónomos acessíveis às
“pessoas comuns”, sendo este considerado o próximo grande passo a dar pela
empresa. A ideia inicial é criar uma espécie de Uber com estes carros, em que
as pessoas podem escolher o modelo de carro que querem, de entre os modelos
disponíveis, e podem solicitá-los apenas para uma deslocação de um ponto da
cidade para outro (exatamente como um Uber ou um táxi) ou podem solicitar o
carro por um período mais alargado de modo a ter transporte, por exemplo,
durante todo o seu período de férias, sem ter que, para isso, comprar um carro.
Tudo isto é feito mediante um pagamento de um aluguer adequado ao serviço
solicitado. Este projeto promete contribuir em muito para a diminuição dos
acidentes de trânsito e das mortes na estrada, pois elimina o erro humano.
Perante
toda esta evolução, surge uma questão acerca da legislação a ser aplicada a
este tipo de automóveis e sua condução. É preciso ter em conta as normas do
código de estrada em vigor e as que precisam de ser alteradas. Por exemplo, um
dos propósitos deste tipo de carros é permitir à pessoa que estaria a conduzir
ocupar o seu tempo com outras atividades mais produtivas, nomeadamente,
envolvendo o uso de tablets,
computadores, telemóveis e livros. Ora, a utilização dos mesmos não é permitida
atualmente, pois o condutor tem de se focar apenas na condução, mas com um
carro que não precisa de ser conduzido essa atenção já não será tão necessária.
Será, ainda, uma necessidade essencial que os fabricantes forneçam toda a
informação de forma clara a quem utiliza estes automóveis, para que não sejam
utilizados sem os devidos cuidados, como consequência de expectativas
diferentes da realidade. Outra medida a ter em conta é o facto de se possuir ou
não a carta de condução, ou seja, se eu não tenho carta e quero deslocar-me,
posso chamar um Uber ou um táxi, mas se chamar um carro da Waymo sem um
condutor não haverá ninguém com carta de condução dentro do carro, no entanto
ele anda na estrada da mesma forma. Será isto possível?
Bem,
para já, no único país onde estes veículos são legais, isso não é possível,
pois a lei Alemã obriga a que um condutor encartado esteja atrás do volante,
mas a mudar-se esta legislação o que acontecerá com as escolas de condução? Poderá
ser um golpe muito grande para toda uma parte do tecido empresarial português,
levando ao encerramento de muitos destes estabelecimentos. Será também necessário
estipular como se dará a tributação relacionada com estes carros e a forma como
se dará a sua introdução no mercado e na vida quotidiana da sociedade.
Na minha opinião, este poderá ser um
futuro relativamente próximo, representando mais um passo na direção da
evolução, mas tem que ser muito bem delineado, sem pressas e com todas as
devidas proteções, de forma a que não haja contratempos perigosos ou até fatais,
e de forma a que a legislação tenha tempo de acompanhar esta mesma evolução. De
um modo geral, esta poderá ser uma ótima oportunidade para o mercado português,
caso este decida investir nesta vertente, e é muito bom que Portugal vá fazer
parte deste movimento já no próximo ano e com a participação direta de uma das
nossas universidades.
Bárbara
de Sousa Gomes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário