terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Escândalo Público – “Raríssimas”

Como membro de uma sociedade aparentemente justa, não pude ficar indiferente à reportagem da TVI onde é demonstrado como, supostamente, a presidente da Raríssimas, uma associação sem fins lucrativos que recebeu mais de 1,5 milhões de euros, dos quais metade são subsídios estatais e outros donativos, pode ter eventualmente recorrido aos fundos daquela associação para pagar mensalmente milhares de euros em despesas pessoais.
Segundo a mesma fonte, surgem também envolvidos o secretário de Estado da Saúde, que foi consultor da associação, recebendo 3 mil euros por mês, e uma deputada do PS, que viajou até à Noruega sem motivo aparente, viagem esta paga pela associação. Estas acusações são corroboradas pelo testemunho de vários ex-funcionários da associação sem fins lucrativos.
A reportagem e seus denunciantes muniram-se de vários documentos que dão conta de transações alegadamente ilícitas que terão beneficiado a presidente desta associação sem fins lucrativos dedicada aos cuidados de portadores de doenças pouco comuns.
Este pode ser mais uma vez um retrato de esquemas que cada vez mais se vão vulgarizando no nosso país, que está em choque. Urge então resgatar a verdade, repor a justiça, mas também refletir e questionar! Sim! Questionar a aprovação e apresentação das contas das múltiplas associações existentes no país, os subsídios e donativos solicitados e recebidos, as lideranças e a forma de acesso a este tipo de cargo por pessoas de caracter zero! Questionar a fiscalização e conivências, o tipo de gestão, o papel da Segurança Social, dos Ministros e Secretários de Estado, do Estado.
Importa implementar um sistema de fiscalização permanente da gestão financeira das instituições, ordenados e ajudas dos seus dirigentes e colaboradores. É urgente averiguar e deixar a mão pesada da Justiça atuar, se se comprovarem os factos.
Será possível existir um aproveitamento desta dimensão numa instituição que devia dar tudo a pessoas que precisam de grande apoio e às suas famílias? É assim que, em pirâmide, as finanças se fragilizam: verbas públicas, dos cidadãos e donativos muitas vezes doados com sacrifício vão corroendo a economia do País!
Queremos ser uma sociedade justa, livre e igualitária, mas temos que ter forças para banir a gestão danosa, a prepotência, o abuso de poder e de confiança e exigir o apuramento da verdade.
Quero pensar que tudo se vai esclarecer, que os factos têm outra contextualização, que as lideranças se vão fortalecer, humanizar e rechear de valores, que atenderão essencialmente ao interesse superior dos seus beneficiários e que nós, atentos, seremos indiscutivelmente agentes desta mudança, que nunca deixaremos de ser solidários e justos!

Maria João Peixoto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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