Como membro de uma
sociedade aparentemente justa, não pude ficar indiferente à reportagem da
TVI onde é demonstrado como, supostamente, a presidente da Raríssimas, uma
associação sem fins lucrativos que recebeu mais de 1,5 milhões de euros, dos
quais metade são subsídios estatais e outros donativos, pode ter eventualmente
recorrido aos fundos daquela associação para pagar mensalmente milhares de
euros em despesas pessoais.
Segundo a mesma fonte,
surgem também envolvidos o secretário de Estado da Saúde, que foi consultor da
associação, recebendo 3 mil euros por mês, e uma deputada do PS, que viajou até
à Noruega sem motivo aparente, viagem esta paga pela associação. Estas
acusações são corroboradas pelo testemunho de vários ex-funcionários da
associação sem fins lucrativos.
A reportagem e seus
denunciantes muniram-se de vários documentos que dão conta de transações
alegadamente ilícitas que terão beneficiado a presidente desta associação sem
fins lucrativos dedicada aos cuidados de portadores de doenças pouco comuns.
Este pode ser mais uma
vez um retrato de esquemas que cada vez mais se vão vulgarizando no nosso país,
que está em choque. Urge então resgatar a verdade, repor a justiça, mas também
refletir e questionar! Sim! Questionar a aprovação e apresentação das contas
das múltiplas associações existentes no país, os subsídios e donativos
solicitados e recebidos, as lideranças e a forma de acesso a este tipo de cargo
por pessoas de caracter zero! Questionar a fiscalização e conivências, o tipo
de gestão, o papel da Segurança Social, dos Ministros e Secretários de Estado,
do Estado.
Importa implementar um
sistema de fiscalização permanente da gestão financeira das instituições,
ordenados e ajudas dos seus dirigentes e colaboradores. É urgente averiguar e
deixar a mão pesada da Justiça atuar, se se comprovarem os factos.
Será possível existir um aproveitamento
desta dimensão numa instituição que devia dar tudo a pessoas que precisam de grande
apoio e às suas famílias? É assim que, em pirâmide, as finanças se fragilizam: verbas
públicas, dos cidadãos e donativos muitas vezes doados com sacrifício vão
corroendo a economia do País!
Queremos ser uma
sociedade justa, livre e igualitária, mas temos que ter forças para banir a
gestão danosa, a prepotência, o abuso de poder e de confiança e exigir o
apuramento da verdade.
Quero pensar que tudo
se vai esclarecer, que os factos têm outra contextualização, que as lideranças
se vão fortalecer, humanizar e rechear de valores, que atenderão essencialmente
ao interesse superior dos seus beneficiários e que nós, atentos, seremos
indiscutivelmente agentes desta mudança, que nunca deixaremos de ser solidários
e justos!
Maria João Peixoto
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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