Os
incêndios em Portugal são uma calamidade muito difícil de compreender em pleno
seculo XXI.
Este
Verão de 2017, que se estendeu até meados de outubro,
trouxe-nos uma tragédia que não nos destruiu apenas a floresta
portuguesa, mas também uma verdadeira tragédia humana com mais de uma centena
de mortos. No entanto, muitas questões ficaram sem conclusões definitivas e
consequente tomada de responsabilidades.
A
demissão da Ministro da Administração Interna e de algumas chefias da Proteção
Civil parecem ter acalmado os ânimos e, como era essencial, os meios de
comunicação social e as forças políticas tiveram de virar a sua atenção para
questões orçamentais e nomeações europeias. Mas muitas perguntas ficaram por
responder, a começar pela origem do Grande Fogo de Pedrogão, o fogo que mais
vítimas mortais causou! Quais foram as suas causas? Ficamos sem saber
verdadeiramente o que foi, apesar do ridículo da trovoada que teria sido o
ponto de ignição, mas a possibilidade fogo posto nunca foi devidamente
considerada. Porquê?
Também
nunca foi explicado devidamente quem efetivamente foi responsável pelas
estradas não terem sido encerradas quando deviam e apenas quase 5 horas depois
do primeiro alerta. E porque foram as pessoas encaminhadas para a agora
denominada “estrada da morte” quando se sabiam as características daquela
estrada, com copas de árvores a tocarem-se, formando um túnel infernal?
E
porque não se explica também o motivo porque os meios aéreos da Força Aérea não
são utilizados no combate a incêndios, preferindo-se pagar remunerações
milionárias a empresas privadas para que utilizem os seus meios?! Na Força
Aérea, será um problema de equipamento? Um problema de falta de formação dos
pilotos para ataque a incêndios. É afinal o quê?
Isto
para não falarmos do grande negócio da substituição das viaturas das
corporações de bombeiros ou do magnífico negócio que é também o fornecimento de
equipamento de proteção individual?
E mais
perguntas? No pós-tragédia, o que está a ser feito em termos de ordenamento do
território para que as desgraças deste Verão não se repitam? Certamente que não
conseguiremos reflorestar tudo com espécies endógenas e não invasoras, mas
certamente poderemos incentivar a limpeza das áreas de segurança, abrir os
necessários caminhos de acesso, repor uma força anualmente presente de Guardas
Florestais. As multas terão de ser bem duras para quem não garantir a limpeza
dos seus terrenos. Infelizmente, em Portugal só funcionarão medidas de âmbito
duramente punitivo. Por aqui passará a prevenção associada que terá de estar a
um incansável combate e escrutínio de todo e qualquer tipo de aproveitamento
pela indústria do fogo. Desde as celuloses, que têm todo o interesse em comprar
madeira a 1/3 do preço, até vendedores de meios aéreos, de viaturas de combate
de equipamentos de proteção… Todos têm de estar sobre muito próxima vigilância.
Do
lado do combate, quando ele for necessário, teremos que ter um sistema de
comunicações resiliente e redundante, que permita um ataque efetivo e atempado
de situações, evitando assim o escalar das mesmas. Temos de ter uma Força Aérea
ativa e empenhada no combate e na coordenação dos meios aéreos, que deverão, na
medida do possível, ser nossa propriedade. Tem que também haver muito mais
profissionalismo na coordenação ao combate, mas também no ataque efetivo do
mesmo. A formação nos dois âmbitos terá de ser bastante reforçada para termos
bombeiros e comandantes de bombeiros com os skills
necessários a estes autênticos teatros de Guerra.
Infelizmente
e para minha grande tristeza, creio que no Verão de 2018 vamos voltar a falar
sobre este assunto e mais uma vez não será pelas melhores razões!
Mara
Marques
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário