Recentemente,
foi divulgado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) que o poder de
compra em Portugal fixou-se em 77,3% da média da União Europeia, em 2016,
sofrendo um ligeiro aumento face ao ano anterior (76,8), ocupando o 14º lugar
entre os Estados-membros. Portugal mantém-se à frente de países como a
Eslováquia, Lituânia, Estónia, Grécia e Letónia, ficando muito atrás do
Luxemburgo, que ocupa a 1ª posição.
Face
a esta notícia, achei interessante analisar alguns estudos recentes em relação
às intenções de compra dos Portugueses. A febre das compras de Natal chegou e,
como é hábito na nossa sociedade, não há Natal sem presentes para amigos e
familiares. Todavia, esta ideia de que no Natal se
pode gastar sem pensar, confiando que a economia está a recuperar e que podemos
abrir largamente os cordões à bolsa, será realmente verdade?
Segundo um estudo da Deloitte, no ano passado, o consumo estimado
dos portugueses para a época festiva era de 356€ por, agregado familiar. No
entanto, para este ano, as famílias portuguesas esperam gastar, em média, 338€,
o que significa uma diminuição face ao ano passado. Será uma contradição face à
notícia divulgada pelo INE? A resposta é não. Neste estudo, a conclusão é que Portugal é o único país que sente que o seu poder de
compra evoluiu favoravelmente face ao ano passado. O que acontece é que o consumo efectivo tem sido, normalmente, superior ao
esperado: perto de metade dos consumidores nacionais gastou mais em 2016 do que
tinha pensado, incluindo as festas de Natal e de Ano Novo. As promoções e o aumento do rendimento
disponível são as principais razões que levam os portugueses a gastar mais do
que o esperado. Andando para trás, se analisarmos o consumo esperado entre 2009
e 2014, regista-se uma queda superior a 50%: dos 620 para os 270 euros.
Na minha opinião, este estudo revela que as
famílias portuguesas estão otimistas quanto ao estado da economia e começam a
recuperar poder de compra, após um período de recessão, contudo, mostram-se
contidas nas despesas. Continua a haver um principal gasto do orçamento
natalício nas prendas e mercearias, mas há claramente uma diferença
significativa face aos gastos antes do período de crise em Portugal.
Esta mesma consultora, a Delloite, revelou que, em Portugal,
quase nove
em cada dez consumidores continuam a preferir fazer compras maioritariamente em
centros comerciais, colocando o comércio tradicional em segundo plano. No entanto,
o "fenómeno" que está a ganhar mercado são as compras de natal pela
internet. A poupança de tempo e preço estão entre as principais razões
apontadas pelos portugueses para fazerem as compras via online.
De
uma perspetiva pessoal, acho que o comércio tradicional tem vindo novamente a
ganhar quota de mercado e que a tendência das famílias portuguesas em fazer
compras neste tipo de comércio também tem vindo aumentar. Ter um atendimento
mais pessoal, conseguir fugir à confusão dos centros comerciais são pontos
muito positivos. No entanto, é um facto que por vezes torna-se um pouco difícil
competir, em preços, com cadeias mundialmente conhecidas e que, por vezes,
conseguem oferecer promoções e descontos mais apelativos para os consumidores.
Devo contudo confessar que devemos continuar apostar no comércio local e
promover o seu crescimento.
Marina Vieira Pires
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário