Estamos todos muito
focados nos sérios problemas que a economia portuguesa enfrenta: o
endividamento privado, as despesas do Estado, a poupança das famílias, a
sustentabilidade da segurança social,… E o verdadeiro problema de Portugal
continua às escuras para muitos portugueses. O nosso desenvolvimento e
crescimento económico só tem um único obstáculo: a baixa produtividade.
Segundo dados da pordata,
a produtividade dos portugueses equivale a apenas 68,9% da produtividade média
da União Europeia. Encontramo-nos no grupo de países menos produtivos ao lado
da Grécia, da Polónia, da Letónia e da Lituânia. Poderíamos pensar “se calhar a
nossa produtividade é baixa porque trabalhamos pouco”. Mas se voltarmos aos
dados da pordata podemos comprovar que o que acontece é exatamente o oposto. O
mesmo grupo de países com baixa produtividade é o grupo com mais horas de
trabalho. E esta relação inversa verifica-se também nos países mais produtivos.
A Alemanha, a Dinamarca, o Luxemburgo e os Países Baixos representam o grupo de
países mais produtivos e ao mesmo tempo o grupo de países com menos horas de
trabalho. O que é que pode então explicar que em Portugal, ao fim de um ano, cada
indivíduo tenha mais 500 horas de trabalho do que um indivíduo na Alemanha e no
entanto tenha produzido apenas um terço?
Há muitas opiniões neste
campo, no entanto, eu acredito que a verdadeira causa está na qualidade dos
gestores nas organizações e empresas portuguesas. Muitas organizações
portuguesas utilizam estruturas e técnicas de gestão que foram desenvolvidas
por Frederick Taylor em 1911, e, quando Taylor desenhou a gestão da organização
perfeita, apenas 4% da população, do país onde Taylor se encontrava, tinha o
ensino básico completo, e, por isso, a gestão da organização passava muito por
tomadas de decisão apenas no topo da empresa e o resto tinha regras e
orientações específicas e havia processos de controlo muito rigorosos. Hoje
esta realidade não se verifica. Temos a geração mais bem formada de sempre e
que quer participar ativamente nos processos de decisão e a gestão das
organizações não acompanhou este crescimento e acabamos por ter pessoas
qualificadas completamente “entalhadas” de processos, onde as decisões apenas
podem vir de cima.
É claro que a solução
passa pela reestruturação da gestão das organizações. Um colaborador que tenha
a liberdade de tomar uma decisão assim que o problema surja, em vez de perder
horas em relatórios e reuniões para comunicar o problema e esperar pela
resposta dos gestores no topo da organização, não só torna o funcionamento da
organização mais rápido e eficaz, como cria espaço para a inovação.
Bruna Filipa Matos Azevedo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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