Atualmente,
Portugal atravessa um excelente período económico. Recentemente, a Fitch e a Standard & Poor’s retiram o país da categoria de lixo. Além
disso, o Banco de Portugal melhorou as suas expetativas de crescimento do PIB e
das exportações. Apesar disto tudo, não há muito tempo, Portugal passou por uma
crise económica financeira que acabou por afetar as famílias portuguesas. Em
2011, face a um fraco crescimento e a uma subida a pique da dívida pública e do
défice, o governo na altura decidiu pedir ajuda às instituições financeiras
internacionais. Medidas de austeridade foram implementadas para “apertar o
cinto”. Apesar da melhoria das contas públicas e recuperação da confiança dos
investidores, essas medidas acabaram por piorar a recessão e prejudicaram as
famílias e as suas escolhas.
Entre
2010 e 2014, segundo o INE, a carga fiscal em % do PIB aumentou de 30,4% para
34,3%. Isto mostra-nos claramente um maior peso sobre a economia e, por isso,
sobre as famílias. Este aumento da carga fiscal provocou uma diminuição dos
rendimentos das famílias. Em 2010, as famílias registavam perto de 130 mil
milhões de euros em rendimentos disponíveis brutos, tendo esse valor sofrido
uma queda violenta até 2014, cujo valor ficou à volta dos 117 mil milhões. Face
a esses indicadores, verifica-se que as escolhas de consumo das famílias foram
afetadas. Segundo a Pordata, no mesmo período que estamos a analisar,
registou-se uma descida das despesas de consumo das famílias de 122 mil milhões
para praticamente 114 mil milhões de euros.
Contudo,
apesar de entre 2014 a 2016 a carga fiscal em % do PIB e os rendimentos
disponíveis das famílias terem praticamente estagnado, as despesas de consumo das
famílias aumentaram. Isso pode ser justificado pelo aumento da confiança das
famílias na economia, já que, nos finais de 2013, Portugal tinha saído da
recessão e registado uma recuperação, pelos baixos valores dos juros e pelas
famílias não verem benefícios em adiar o seu consumo, tendo em conta os valores
da taxa de poupança.
Atualmente,
este governo tem implementado uma política de recuperação de rendimentos. Essa
recuperação de salários tem ajudado a fazer crescer o consumo, mas há que ter
cuidado em não provocar um défice na balança comercial.
Paulo Francisco Ferreira Lopes
Nota: Todos os
dados mencionados neste texto foram retirados da Pordata e do INE
[artigo de
opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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