Em pleno século XXI, estava sentada numa
esplanada a aproveitar um sol de inverno quando, na mesa ao lado, ouvi, por
acaso, um senhor dizer o seguinte: “a mulher foi o segundo erro de Deus”. Não sei qual é o primeiro erro a
que o senhor se refere, no entanto, isto fez-me perceber que a discriminação
das mulheres ainda existe no nosso país.
Após uma pesquisa pela
internet sobre o tema, percebi que ainda hoje, apesar de ser numa escala mais
pequena, as mulheres continuam a auferir salários mais reduzidos que os homens
e a trabalhar um número superior de horas não remuneradas quando se faz a
comparação com o sexo masculino. Em 2015, em média, uma mulher tinha um salário
de 824,99 euros por mês, enquanto que um homem recebia um salário 16,7%
superior, ou seja, 990,05 euros mensais.
A questão que para mim é
fulcral é: “as mulheres são remunerações por salários mais reduzidos só devido
a fatores discriminatórios”? À partida, poderíamos dizer que sim, no entanto há
alguns indicadores que não devem ser esquecidos. De entre estes, destacam-se a
educação, emprego e desemprego, conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional
e o poder de tomada de decisão.
Segundo o estudo intitulado
“A igualdade de género em Portugal; indicadores-chave 2017”, onde os
indicadores em análise são para 2015 e começando pela educação, do número total
de pessoas sem nenhum nível de escolaridade completo, 71,2% eram mulheres, no
entanto, 60,9% das pessoas que têm o ensino superior completo são também
mulheres. Nos cursos tecnológicos, a predominância está no sexo masculino. Relativamente
à taxa de emprego, esta é superior nos homens 6,8 pontos percentuais e quanto à
conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar, é notório que
as mulheres são aquelas que continuam a gozar mais a licença de paternidade,
apesar de ter havido um aumento da percentagem de homens que o fazem. Falando
de tomada de decisão e analisando a participação das mulheres na assembleia da
República, constata-se que apenas 33% são mulheres.
Analisando estes
indicadores, vemos que a diferença de salários e de emprego, apesar de ter uma
parte discriminatória que não pode ser esquecida, pode estar associada à elevada
procura por pessoas com cursos da área tecnológica, onde a predominância é dos
homens e também devido ao facto de haver mais mulheres analfabetas do que
homens.
Na minha opinião, a
discriminação das mulheres existe e vai existir ainda por um longo período de
tempo pois não é fácil mudar mentalidades. Penso que as mulheres deveriam
começar a assumir-se, a encarar as coisas de frente e a negociar salários, a
concorrerem em maior número a cargos superiores e a fazerem parte de cargos
políticos, por exemplo, devia haver mais mulheres a candidatar-se a presidentes
de Junta, de Câmara, entre outros.
Marisa Cabral
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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