quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Revista de imprensa: clima económico

«O indicador de sentimento económico do Instituto Nacional Estatística (INE) voltou a agravar-se em Agosto, fixando o nível mais baixo desde Maio de 2006. Nem mesmo a queda acentuada do preço do petróleo nos mercados internacionais, que se encontra já a negociar na casa dos 94 dólares por barril, contra os máximos de 147,5 dólares atingidos pelo Brent, em Julho, no mercado londrino, foram suficientes para restaurar parte da confiança perdida pelos agentes económicos portugueses nos últimos meses.
De acordo com os dados divulgados ontem pelo INE, o indicador de clima económico abrandou para 0,2 pontos em Agosto, após os 0,4 pontos registados no mês anterior Por seu lado, o indicador de actividade económica registou, em Julho (último mês para o qual existem dados disponíveis), uma degradação ligeira, de apenas uma décima face a Junho, para 0,6 pontos.
A retracção da economia da Zona Euro no segundo trimestre e os receios crescentes de uma possível recessão no Velho Continente estão a dinamitar a confiança dos agentes económicos e a adiar decisões de investimentos por parte dos empresários, o que explica que a degradação do sentimento e do indicador da actividade económica não seja algo exclusivo de Portugal, mas antes uma tendência que se observa no conjunto da Zona Euro.
Com a crise financeira internacional a agravar-se nos últimos dias e as taxas de juro do mercado interbancário (Euribor) a voltarem a disparar - ontem renovaram os máximos de oito anos -, o acesso ao crédito está cada vez mais difícil e mais caro, sendo previsível, por isso, que o sentimento de clima económico se venha a degradar ainda mais nos próximos meses.
Ainda assim, cá dentro, o consumo privado até registou uma melhoria em Julho, tanto no que toca aos bens de consumo corrente, como nos bens duradouros, o que reflecte, em parte, a entrada em vigor da redução do IVA, de 21 % para 20%.
A época de saldos terá também ajudado à melhoria do volume de negócios do comércio a retalho, que registou um aumento de 0,9% nos três meses terminados em Julho. O sector dos serviços também registou uma melhoria neste período.
Mas as boas notícias ficam-se por aqui. O indicador de investimento está a cair, com a formação bruta de capital fixo a registar uma contracção de quatro pontos em Julho, quando no mês anterior o crescimento negativo não ia além dos dois pontos.
Segundo o INE, o abrandamento fica a dever-se especialmente à queda no investimento em material de transporte. O índice de produção, tanto na indústria transformadora, como na construção, também apresenta uma deterioração acentuada face aos níveis de actividade registados em Junho, com uma descida de 3% e 3,7%, respectivamente.
O comércio externo também está a abrandar: as exportações e as importações crescerem 2,2% e 9,1%, menos que no mês anterior.»
Susana Domingos
(reprodução integral de artigo datado de 18-09-2008 e intitulado "Clima económico ao pior nível desde 2006", publicado no Jornal de Negócios, p. 2/27)

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