terça-feira, 31 de maio de 2011

A Integração Europeia: o seu maior feito

"O Reno é o rio que as deve unir (a França à Alemanha), fizeram dele o rio que as divide"
Victor Hugo - Reno, cartas a um amigo, 1838/9

Muitos se esquecem mas a História e o Mundo em que vivemos foi feito à base de guerras e conflitos. O equilíbrio em que hoje vivemos é causa directa de duas guerras, uma destrutiva e outra ameaçadora/dissuasora. A destrutiva é a Segunda Grande Guerra e não é preciso explicar porquê. A ameaçadora/dissuasora foi a Guerra Fria que fez com que durante mais 40 anos o mundo vivesse uma situação de paz precária.
A Segunda Grande Guerra marca o fim de um ciclo que durou 80 anos e que ficou marcado por três guerras, em que se contrastaram a Alemanha e a França. Para pôr fim a esta hostilidade, Robert Schuman, ministro dos negócios estrangeiros francês e combatente na Primeira Grande Guerra, propôs no dia 9 de Maio (que é agora o dia da Europa) de 1950 o fim da hostilidade entre os dois países e apelou à paz na Europa.
Juntamente com Monnet, edificou a estrutura da futura União Europeia, assente em dois pólos, com o objectivo de defender a paz, promover a democracia e o desenvolvimento.
Para fomentar a Democracia, o Estado de Direito e os Direitos Humanos apareceu o Conselho Europeu. O pólo do desenvolvimento tinha como base a Comunidade Europeia. Desta saiu a livre circulação de capitais e mercadorias, o que causou uma progressiva fusão dos mercados com uma cada vez maior harmonização de normas e processos. O desenvolvimento dos laços económicos tornou-se assim a barreira mais forte à possibilidade do deflagrar de conflitos entre os Estados.
O desenvolvimento e a coesão do projecto europeu deveram-se em grande medida à existência de um “inimigo” exterior, que era naquela altura a União Soviética e a ameaça comunista. Desde 1989 que o projecto europeu parece menos assertivo e convicto no seu desenvolvimento. Mas mesmo assim grandes passos têm sido dados nestes últimos 20 anos, tendo óbvio destaque o aparecimento da moeda única e o alargamento a leste.
Num período como o actual em que os próprios europeus e, mais grave ainda, as suas lideranças parecem pouco interessadas em levar o projecto europeu para “bom porto”, urge lembrar que hoje, mais que há 60 anos, ele é necessário e que o seu desmoronamento poria em causa tudo que se conquistou nestas décadas, que foi “simplesmente”: a liberdade, a paz, a lei, a prosperidade, a solidariedade e a diversidade. Aspectos referidos pelo historiador Timothy Garton Ash quando em 2007, no aniversário dos 50 anos do Tratado de Roma, quis lançar um grande debate para a construção de uma história comum, que dê o impulso para mais 50 anos de projecto europeu. Para que possa ser contada ora em Barcelos, ora em Cracóvia e que substitua a narrativa que convenceu as primeiras três gerações de europeus durante a guerra fria.
Como europeísta que sou, ele lembra-me a mim e a todos os que estão “fartos dos rodriguinhos de Bruxelas” que “pensem nas alternativas”. Há quem ache que o perigo de conflitos armados dentro da Europa é irrisório, mas essas pessoas esquecem-se que na década de 90 houve duas guerras nos Balcãs, muito perto de nós, e que foi necessário haver uma intervenção norte-americana para se por cobro à situação.
Timothy Ash preconiza um patriotismo europeu com base numa identidade europeia, necessariamente secundária e mais fria que a identidade nacional. Acabando o texto da sua proposta com estas palavras: “Ninguém pede aos europeus que morram pela Europa. Ninguém pede sequer à maior de nós para viver pela Europa. A única coisa que nos pedem é que deixemos a Europa viver.”

Valdemar Machado

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Os ´Millennials`

Nesta nova década, no topo da pirâmide de influências está a Geração Y, Globalists, Millennials ou Digital Youth. Depois dos Babyboomers (para todos os nascidos nos anos 40 e anos 50), e da Geração X (para todos os nascidos nos anos 60 e 70) chegam os Millennials para as gerações dos anos 80 e 90. São os Millennials que entraram recentemente para o mercado de trabalho, ou vão fazê-lo agora pela primeira vez. É considerada a geração mais qualificada e também a mais globalizada. Estão preparados para trabalhar em grupo, a maioria possui qualificações académicas, são perfeitamente móveis (sobretudo os Millennials Europeus em comparação com os Americanos), a tecnologia sempre fez parte das suas vidas, grandes utilizadores das redes sociais, e aparentam ser trabalhadores árduos dados os percursos escolares, da média ocidental, que englobam desporto, grandes interacções sociais, e o próprio trajecto escolar. Por outro lado, apresentam índices elevados de obesidade, de todas é a geração mais protegida pelos pais e são demasiado impacientes e exigentes (fruto da instantaneidade da globalização).
Apresentam-se como uma geração com expectativas altas, no entanto a maior parte dos Millennials apesar de acreditar que vai suceder no futuro, só apenas 3% já têm um plano traçado para esse sucesso. Também apesar de terem uma série de mecanismos ao seu dispor para se actualizarem e ficarem continuamente activos, quer no mercado de trabalho quer nos seus meios sociais, é de momento a geração que está mais exposta a pressões e desde cedo que carrega com uma grande carga voltada para o futuro. Os Millennials não têm a experiência dos babyboomers nem dos Gen-Xers que vão substituir, mas consideram-se, eles mesmos, a tecnologia, são polivalentes e preparados para um mercado de trabalho móvel e flexível.
O maior problema vai de encontro com o ajuste que têm de se verificar entre o mercado de trabalho europeu e esta nova geração. Assiste-se a um ponto de viragem muito grande, sobretudo na Europa. Os mercados de trabalho apresentam-se frágeis começando a dar fruto a conflitos sociais e políticos. Os empregadores deparam-se com uma mão-de-obra sobre qualificada para os cargos que dispõem, e estes jovens trabalhadores encaram pagamentos abaixo das suas expectativas e abaixo também do salário óptimo, relativamente aos anos de formação académica que frequentaram.
Encarregam esta geração por uma série de alterações que mais tarde ou mais cedo se devem processar. Na linha de mudança vai estar a adaptação do mercado de trabalho a esta nova força tecnológica. Outra situação importante é o facto de esta força de trabalho ser extremamente móvel. Partem do objectivo de adquirir experiência, percorrendo várias empresas e várias posições dentro do mercado de trabalho. Os países que investiram na educação destes Millennials, que por sinal foi muito, já que é das forças de trabalho mais qualificadas até hoje, correm o risco de ver uma parte importante da evolução dos seus países (que está contida no capital humano desta geração), fugir para mercados de trabalho mais promissores e que correspondam com as suas altas expectativas.
É importante apostar em indústrias que usufruam desta mão-de-obra qualificada, contrariando as indústrias de produtos com pouco valor acrescentado como no caso da China e da Índia (já que nesse sentido se torna mais difícil um ganho competitivo). Os Millennials são mais uma ferramenta que pode ser usada positivamente nesta mudança, sobretudo para os países da Europa que estão a sofrer com um mercado de trabalho rígido.
Deve existir a noção de que esta é mais uma fase da humanidade, e mais uma geração a entrar num mercado de trabalho que talvez terá de seguir mais os passos do Reino Unido, Canadá ou EUA. Continuar a assegurar a empregabilidade dos Gen-Xers, conseguir ajustar o mercado de trabalho às mudanças que se estão a fazer sentir. Os Millennials são os motores de inovação da próxima década, é importante que os mercados explorem uma geração de tecnologia de ponta, já que depois desta seguir-se-ão muitas mais, e mais que o indivíduo conseguir garantir a sua empregabilidade no mercado de trabalho, é ainda mais importante que as empresas consigam garantir a sua longevidade ao longo das gerações, inovando, melhorando e adaptando-se.

Mafalda Pereira

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

sábado, 28 de maio de 2011

Biedronka

No semestre anterior estive a fazer Erasmus na Polónia e quando cheguei lá presenciei-me com um dos investimentos mais lucrativos de Portugal no estrangeiro, a cadeia de supermercados Biedronka. Até então nunca tinha ouvido falar de tal negócio mas à medida que os dias iam passando fui-me apercebendo da dimensão que aquela cadeia de supermercados tinha na Polónia, apesar de as superfícies não serem muito grandes, a verdade é que as lojas estavam sempre cheias, as filas para pagar eram bastante grandes e os “stocks” das mercadorias esvaziavam em pouco tempo.
Este é o motivo porque vou falar sobre o Biedronka neste artigo, porque em todo o tempo que estive lá este foi um dos factores que mais me impressionou.
Corria o ano de 1997 quando o Grupo Jerónimo Martins, visionando uma grande oportunidade de negócio, compra 243 lojas da cadeia Biedronka. A partir dessa data o crescimento nunca mais parou e hoje possuí mais de 1650 lojas e emprega mais de 28.000 funcionários, sendo o líder destacado no mercado a retalho naquele país.
Percepcionando uma possível mudança no comportamento dos consumidores, semelhante à que aconteceu em Portugal nos anos 70 e 80, onde a maioria do consumo alimentar era da responsabilidade do comércio tradicional (cerca de 90%) e sabendo da fraca concorrência que iriam encontrar, aliado à dimensão do mercado polaco, 39 milhões de habitantes, o Grupo Jerónimo Martins decide então investir neste mercado, o retalho alimentar. Outros factores muito importantes para o sucesso deste investimento foram a adesão à União Europeia da Polónia em 2004, o que contribuiu para uma maior abertura ao comércio externo e a um menor proteccionismo e também o rigor em relação a políticas macroeconómicas por parte do Estado, nomeadamente o baixo défice e endividamento.
A estratégia de mercado, como tive oportunidade de verificar, baseia-se essencialmente por manter os preços baixos comparativamente aos seus concorrentes, dentro de uma gama relativamente pequena e maioritariamente constituída por produtos polacos (900 produtos). Desta forma, conseguem ter uma mais fácil gestão do que os adversários, que têm 100 000 produtos num supermercado, e podem manter os seus produtos sempre mais baixos cerca de 3% a 4%.
Relativamente à minha experiência e ao contacto que tive com os polacos, posso dizer que a maioria das pessoas compra produtos naquele lugar, independentemente da sua situação económica; apesar de considerarem que as condições de higiene não são as melhores, devido aos produtos estarem todos colocados em caixas, em “cima uns dos outros” e à fraquíssima qualificação dos seus trabalhadores.
Para concluir, resta me dizer, que nos primeiros três meses de 2011, O Grupo Jerónimo Martins registou um aumento das suas vendas em 14,7%, o que se deveu fortemente à subida de 22,8% dos supermercados Biedronka na Polónia, representando já 60% das vendas totais do Grupo; e esperando-se que este negócio continue a prosperar nos próximos anos.

Pedro Filipe Parente da Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Os cargos nas instituições públicas

Em Portugal, actualmente, existem na administração local 308 municípios e 4 259 freguesias. Na justiça, existem 377 tribunais (3,6 tribunais de primeira instância por 100 mil habitantes), 21 mil advogados e 1840 juízes (2006). Na Assembleia da República existem 230 deputados. No governo há 16 ministros e dezenas de secretários de estado.
Estes são somente alguns dados que consegui recolher sobre algumas instituições públicas, mas certamente haveria bem mais para se acrescentar, sendo assim, algumas perguntas que me faço e já vi muitas pessoas fazerem são: não seria de esperar, que com esta quantidade enorme de funcionários e órgãos públicos, estivéssemos numa melhor situação económica, política e social? Sendo assim, para que raio serve esta quantidade de recursos? Muitos deles não servem para nada, ou melhor servem para satisfazer os interesses de privados e para aumentar a despesa do Estado.
Relativamente à administração local e central, para se ter noção da ineficiência de alguns órgãos, foi estabelecido no acordo que se fez com a troika, a redução de, pelo menos, 15% dos cargos de dirigentes, dos serviços e das unidades administrativas; bem como, será desenvolvido um plano para reorganizar e diminuir significativamente o número de municípios e freguesias.
A justiça, outro caso escandaloso de má gestão pública, que não se percebe muito bem como se chegou a tal situação. Actualmente, há 13 vezes mais advogados, 7 vezes mais magistrados judiciais e 6 vezes mais magistrados do ministério público, do que havia em 1974; só não se compreende bem como é que o número de processos pendentes subiu dos 200 mil para os 1.5 milhões. No meio de tal processos temos o Apito Dourado, Freeport, Casa Pia e Face oculta, mas apesar destes processos, como disse Medina Carreira, “não se conhece nenhum político, homem da bola e de empresas, nomeadamente os bancos que tenham ido para a cadeia. Nada! Não acontece nada!” existindo hoje uma grande “imoralidade das elites, política e económicas”.
A dimensão do Estado é enorme, bastante gente (incluindo eu) exclama que o número de deputados é exagerado, apesar de Portugal ter o menor número de deputados por habitante da Europa Ocidente. Na Constituição da República está escrito que a Assembleia da República tem de ter um mínimo de 180 deputados e um máximo de 230, porque é que haveríamos de nós ter o máximo permito? É evidente para toda a gente que muitos dos que estão lá não fazem nada para além de bater palmas aos seus líderes e apupar os líderes da oposição. Quanto à quantidade de ministros e secretários de estado, até Pedro Passo Coelho se manifestou a favor da sua redução: “nós temos de ter um Governo que se possa sentar à volta de uma mesa e que, com o primeiro-ministro, possa responder pelas decisões que são tomadas. E isto pode-se fazer com um Governo muito mais pequeno e com um número de ministros não superior a 10. É isto que nós precisamos, desde logo, em Portugal".
A verdade é que à medida que a economia prosperava, o dinheiro provindo da União Europeia e dos empréstimos que contraíamos era todo mal utilizado, e hoje temos um Estado ineficiente e uma justiça ineficaz. As pessoas dormiam à “sombra da bananeira” e à custa destes “trabalhos” e ninguém fazia nada verdadeiramente.
Esperemos que daqui para a frente toda a gente contribua para a prosperidade do país e não caíamos mais nos facilitismos porque um verdadeiro Estado e Nação só se fazem à custa do rigor e do trabalho, como são exemplo os países nórdicos e da Europa central.

Pedro Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

A “banda desenhada” da economia portuguesa

Provavelmente devido à minha falta de criatividade e perícia para a arte de desenhar é que este artigo de opinião não é uma banda desenhada sobre a situação política e económica portuguesa.
E perguntam vocês, que estão a ler este artigo: porque é que a situação económica e politica portuguesa daria uma banda desenhada?
Porque Portugal parece Patapôlis.
José Sócrates é representado pelo próprio Tio Patinhas e Pedro Passos Coelho pelo seu arqui-inimigo Patacôncio. Todos os episódios (leia-se, dias) assiste-se a disputas (leia-se debates) para se encontrar quem é o mais rico e influente em Patapôlis; ou seja, quem tem maior ou menor razão, menor ou maior culpa sobre a péssima situação económica portuguesa.
176-671, 176-761, 176-176, mais conhecidos por irmãos metralhas estão representados pelos restantes líderes da oposição, Jerónimo de Sousa, Francisco Louça e Paulo Portas. Enquanto os seus actos frustrados em busca da fortuna do Tio Patinhas são os ataques constantes e muitas vezes infundados contra o governo.
Assim se vai indo, as vezes surgem episódios novos, que mais não são do que situações diferentes que nos levam sempre à mesma cena inicial. Às vezes, surgem nos livros personagens diferentes com o objectivo de quebrar a monotonia e revitalizar o humor; às vezes, surgia na Assembleia da República, Manuel Pinho.
Criados a partir da genialidade de Carl Barks, estas personagens não são nada mais do que o espelho da ganância e inveja humana; originados e educados nos seios de associações de juventude política, estes políticos são meramente o reflexo destas personagens, o que interessa é estar no governo e ter a maioria da assembleia. O bem-estar do país? Nem por isso. Afinal de contas só estamos a atravessar uma crise financeira, económica, social e política; a despesa pública é só 51% do PIB (2009); a dívida pública é só 80% do PIB (2010); a taxa de desemprego é só 11,1% e é somente a terceira vez que somos resgatados pelo FMI. Parece que não faltam motivos para nos orgulhamos.
Voltando a umas das comparações mais ridículas e acertadas que fiz em toda a minha vida, tenho a dizer que espero que o novo governo português faça como a Disney, que quando a procura das bandas desenhadas começaram a cair, não se limitou a subir o preço das edições mas entrou noutros sectores, como o cinema, para manter e subir os lucros; portanto, seria bom que o estado não se limitasse a subir os impostos e a descer os salários, mas também encontrasse soluções para a nossa falta de competitividade e produtividade.
Para finalizar, e como estamos prestes a ir às urnas para eleger um novo governo, digo que talvez seria bom para o país algo que aconteceu num dos episódios da banda desenhada, onde o Tio Patinhas cede toda a sua fortuna aos seus inimigos para eles terem a ideia de como é difícil gerir e proteger tal fortuna. Tal facto, poderia acontecer dia 5 de Junho, e José Sócrates e o seu partido dariam lugar a alguém (espera-se) com mais capacidades governativas; mas se isso se concretizar seria bom não acabar como na banda desenhada, onde os adversários do Tio patinhas cedem à pressão de gerir tal fortuna e acabam por desistir do poder que tinham, o que poderia acontecer era o governo que subisse ao poder, governar por bastantes anos sempre com prosperidade económica e social.

Pedro Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O SNS público para sempre?!

Actualmente os países mais desenvolvidos e industrializados lidam com uma perda produtiva em consequência da melhoria dos níveis de vida. Há uma mudança na estrutura etária da população assinalado por um elevado envelhecimento da população. Este aumento da esperança média de vida acarreta uma preocupação crescente no que respeita aos gastos públicos com a saúde.

O Sistema Nacional de Saúde (SNS) surge em Portugal em 1979. Este organismo é criado com o intuito de criar uma rede de serviços prestadores de cuidados de saúde financiada e assegurada pelo Estado. Ao longo dos anos sofre um conjunto de reformas, para garantir o incremento qualitativo dos cuidados prestados. Nos últimos anos, dada a população mais envelhecida, houve carência do SNS se adaptar e dar resposta às recentes necessidades.

Os gastos com a saúde tem vindo a aumentar e segundo o Instituto Nacional de Estatística representavam 9,5% do PIB em 2008. Este valor exerce um elevado peso nas contas nacionais e, por isso, é de extrema importância questionar e avaliar se este gasto conduz a um eficiente serviço prestado. O envelhecimento é encarado como uma forte justificação para este incremento de despesa mas, não é a única explicação.

Em Portugal o SNS é essencialmente público e actualmente mostra-se pouco eficaz, desajustado e figura um enorme encargo para os contribuintes. Um dos grandes problemas das políticas de saúde portuguesas é que não tem em vista a contenção dos custos. Por outro lado, o investimento é, maioritariamente, público não garantindo a sustentabilidade do Sistema de Saúde. Estudos garantem que o SNS, como hoje concebemos, está sentenciado e em 2020 o Estado não terá forma de o sustentar se nada for feito.

Talvez seja necessário consciencializar o utente de que o serviço não é gratuito. Esta ideia de fazer uma semi-privatização surge na campanha actual do PSD. Alguns temem que se transforme a saúde num negócio, mas será um mais justo e eficiente?! Importa garantir a universalidade de acesso a todos e para pessoas de menos rendimentos defender a prestação de cuidados sem restrições.

O problema reside no facto de que os Portugueses já muito contribuem com impostos para estes serviços. Esta nova responsabilidade de pagamento com despesas de saúde, só faz sentido se a posteriori os Portugueses beneficiarem com reduções fiscais. Será que, se este projecto for em frente isto vai, de facto, acontecer?

A população em Portugal está a envelhecer e novas políticas de saúde são prioritárias. Essas novas políticas devem evitar desigual acesso aos cuidados e saúde, mas será à custa de transformar o actual utente do SNS num “cliente”, ao privatizar o SNS?

Ana Vasconcelos Pereira

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Portugal a Inovar

O futuro está em tudo que é novo. É preciso ideias, criatividade e inovar. Segundo Joseph Schumpeter, um importante economista no séc. XX considerado por muitos o "pai" da inovação, a razão para que uma qualquer economia se desloque de um estado de equilíbrio para um processo de expansão é o surgimento da inovação. Assim, a inovação é uma consequência da economia e da sociedade. Todos os dias as pessoas inovam para evitar rotinas, todos os dias as empresas inovam para obterem mais lucros…a inovação deve ser vista como um ponto de partida e Portugal é um exemplo disso.
Em 2005, foi aprovado pelo Conselho de Ministros um plano tecnológico em que o objectivo era "a aplicação duma estratégia de crescimento e competitividade baseada no conhecimento, na tecnologia e na inovação." Nessa altura Portugal encontrava-se no fundo da tabela do “ranking” europeu da inovação. No entanto, os últimos resultados relativos a 2010 são surpreendentes. Sim, finalmente algo positivo! Portugal é o país que mais cresceu na performance da inovação: subimos sete posições alcançado o 15º lugar no “ranking” no contexto da UE27, liderando o grupo dos "Inovadores Moderados" constituído por países como Itália, Grécia e Espanha. Entre 2005 e 2010 crescemos em média 8,35% acima da média europeia.
Em 2010, foi lançado o programa Estratégia Europa 2020 relativo à UE que visa assegurar a saída da crise e a expansão da economia. Um dos objectivos deste programa é alcançar a percentagem de 3% de PIB consagrado à I&D. Actualmente, esta percentagem é de 2% para a UE. Comparando com outras economias mundiais, não é suficiente dado que os EUA e o Japão investem 2,8% e 3,4% do PIB em I&D, respectivamente. J.M. Barroso, Presidente da Comissão Europeia, referiu na sua apresentação ao Conselho Europeu que “a UE está a perder progressivamente terreno neste domínio” – há escassez de financiamento, falta de harmonização fiscal e legal, o processo de adopção de normas é lento, erros nos sistemas de educação e inovação, entre outros problemas que devem ser ultrapassados até 2020. A UE tem de se unir definindo um orçamento virado para o futuro com maior acompanhamento e orientação dos países.
Assim, Portugal definiu o Programa Nacional de Reformas 2020 que se baseia em cinco metas principais: a nível da I&D investir entre 2,7% e 3,3% do PIB em I&D; a nível da educação reduzir para 10% a taxa de saída precoce do ensino e o aumento para 40% de jovens com diplomas entre os 30 e os 34 anos; a nível de clima/energia o objectivo é que 31% da electricidade consumida seja produzida com recurso a fontes endógenas e renováveis, o aumento da eficiência energética em 20% e a redução das emissões de gases com efeito de estufa ao nível europeu em 20%; a nível de emprego atingir a taxa de emprego de 75% para a população entre os 30 e os 64 anos; e, por fim, a nível de pobreza e desigualdades, reduzir o número de pessoas pobres (menos 200 mil). A partir destas metas, Portugal tomou medidas e estas já obtiveram resultados a nível da inovação. Segundo o Governo, o crescimento "a um ritmo quase 10 vezes superior ao da média da UE27", é consequência de um aumento das despesas das empresas em I&D, do aumento do número de jovens que concluem o ensino obrigatório bem como um crescimento da despesa pública com inovação e universidades acima da média europeia - Portugal regista o 3º melhor desempenho da Europa no número de doutorados com idades entre 25 e 34 anos.
Um estudo levado a cabo pela Alma Consulting veio confirmar que 61% das empresas portuguesas inquiridas consideraram que a inovação é a primeira prioridade estratégica para sair da crise - criar mais competitividade entre empresas nacionais e internacionais, criar mais postos de emprego e aumentar as exportações valorizando os produtos nacionais são exemplos de resultados da inovação que levam a um crescimento sustentável da economia.
No entanto, dado o actual contexto negativo de crise e a entrada do FMI em Portugal, é de esperar que o investimento em I&D não seja uma prioridade máxima. Investimento na educação, no sector da tecnologia, na saúde e também investimento por parte das empresas, neste momento é quase impossível se queremos reduzir o défice orçamental. Cortes, despedimentos e reduções são as palavras de ordem para Portugal. Mesmo não sendo uma prioridade, Portugal deve olhar para o futuro e continuar neste caminho no que toca à inovação para que possamos ultrapassar toda esta situação de crise que vivemos e para que sejamos vistos como um país inovador e não da “idade da pedra”.

Filipa Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

TRIUNVIRATO EM PORTUGAL

Após o pedido de resgate financeiro à Comissão Europeia efectuado por Sócrates devido à crise económica, financeira, política e social em Portugal, a “troika” do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia veio a Lisboa e efectuou um memorando onde explica o acordo com as autoridades portuguesas, em termos de medidas de austeridade e de reformas estruturais necessárias para reorientar a economia de forma a estimular o seu crescimento. Este memorando traz no bolso 78 mil milhões de euros (repartidos por trimestre) em troca da imposição destas medidas durante os próximos três anos. A Comissão Europeia irá verificar regularmente, o cumprimento do programa acordado, no qual deverá resultar uma diminuição do défice português para 5,9% em 2011, 4,5% para 2012 e 3% para 2013, e caso Portugal não cumpra algum resultado, não receberá as próximas “tranches”.
Apesar do projecto ser ambicioso, pois tem em conta a estabilização financeira e o crescimento económico, não se prevê nenhum crescimento económico num horizonte próximo, antes pelo contrário.
Esperava-se que o programa fosse do género do PEC IV que o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, apresentou em Março, mas aumentado e aprofundado, apenas não sabíamos o quanto.
O facto de o país apresentar este cenário actual não é por termos tido azar, a não ser que estejamos a falar dos últimos governantes que Portugal teve. A questão é que podíamos ter evitado chegar a uma crise tão acentuada. As soluções que estão sobre a mesa servem a uma pequena elite mas significam a continuação do sacrifício da maioria, os mesmos de sempre.
No entanto, nem tudo são contracções, no que toca aos pontos presentes neste plano da ‘troika’. Existem também medidas como os aumentos das pensões mínimas, incentivo ao arrendamento, e acesso ao subsídio de desemprego aos trabalhadores a recibos verdes. Também encontramos medidas como a possível privatização de empresas municipais e locais, e a suspensão de novas parcerias público-privadas.
Em destaque está a redução da taxa social única e a redução do número de câmaras e juntas de freguesia. Em relação à primeira, o PS e o PSD defendem ser benéfico para as empresas a diminuição da sua carga fiscal, principalmente para as exportadoras, concedendo-lhes mais espaço para uma maior competitividade no exterior. Para compensar esta redução da TSU, haverá um aumento do IVA. O que realmente irá acontecer, caso a medida avance, é que essa carga fiscal passa para os consumidores com os rendimentos mais baixos, o que resulta numa diminuição do poder de compra, seguida de um aumento da recessão e desemprego. Mais uma vez, são os mesmos que se sacrificam. Quanto a última medida que referi, penso que será benéfica pois leva essencialmente à poupança de recursos.
É certo que vamos apertar o cinto, e que estes três anos vão ser complicados. O que não é certo, é a garantia de sucesso do programa, pois prevê-se que quem irá continuar a governar o país são os mesmos políticos que estão na origem deste buraco, do qual ainda não se vê o fundo.

Rúben Lima

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Economia Global

O crescimento de 0,8% da Zona Euro no 1º trimestre deste ano constitui um excelente resultado, tendo trazido um alívio às preocupações e instabilidade observados no mercado actual. O registo foi maior ao das expectativas (0,6%) e na generalidade as economias ultrapassou as previsões, acelerando o crescimento, sendo Portugal o único país onde se verificou uma contracção. A queda de 0,7% adicionada ao recuo de 0,6% entre Outubro e Dezembro de 2010, colocou a economia portuguesa em recessão técnica.
O crescimento da Zona Euro é um dado positivo para a conjuntura mundial apesar dos dados para a produção industrial não serem tão animadores, sugerindo alguma desaceleração da actividade. Estas preocupações surgem no mês de Maio e que tem revelado alguma volatilidade em diversos mercados. Na primeira semana assistimos a uma queda no mercado das “commodities”, o preço do petróleo caiu cerca de 15% no mercado norte-americano, o preço do cobre e alumínio desceram entre 5% e 6%, nos metais preciosos a prata recuou cerca de 26% e o ouro mais de 4%. Nos bens agrícolas, a cotação do milho contraiu-se acima de 9% e a do arroz quase 5%.
Verificou-se também um movimento de igual sentido, mas menos intenso, nos mercados accionistas. Também os principais índices dos EUA apresentaram correcções, aumentando a trajectória descendente iniciada em meados de Abril. A divisa norte- americana regressou a um percurso de apreciação, não só contra o euro (2,9%), mas em termos de taxa de câmbio efectiva (2.6%) e as taxas de juro da dívida pública norte-americana caíram em todos os prazos.
Em suma, observamos uma deterioração do sentimento dos mercados, o que leva os investidores a abandonarem posições de maior risco (“commodities” e acções) e a assumirem posições tradicionais e, como tal, mais seguras (obrigações da dívida norte-americana, dólar).
A razão deste comportamento está assente em duas causas. Primeiro devido aos receios de abrandamento da actividade mundial e em segundo pela queda do dólar e forte crescimento que consequentemente subiram os preços dos bens alimentares que têm um forte impacto nas economias emergentes.
É por isto que as autoridades destas economias têm adoptado políticas monetárias e orçamentais mais restritivas, para conterem as pressões da inflação.
Nos EUA, o crescimento do 1º trimestre deste ano revelou-se uma decepção face às expectativas do início do ano. No reino Unido verifica-se uma elevada inflação e um fraco desempenho do PIB. O sismo no Japão alterou cadeias de produção industrial no país e também a nível internacional o que diminuiu a procura de matéria primas e o fecho de algumas fábricas mesmo que a nível temporário elevando os pedidos de subsídio de desemprego.
Mesmo com o forte crescimento da Zona Euro, o BCE quer elevar os juros de referência o que se vai traduzir negativamente no desempenho da região que está também marcada por políticas orçamentais mais restritivas com uma tendência de “desalavancagem”.

Mariana Machado

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

FMI

O Fundo Monetário Internacional, FMI, é uma organização internacional que tem como objectivo ou finalidade, assegurar o bom funcionamento do sistema financeiro mundial pela avaliação das taxas de câmbio e da balança de pagamentos, através de assistência financeira. O FMI é então, uma organização internacional que trabalha para que haja cooperação monetária global, estabilidade financeira, um mais fácil comércio internacional, a promoção de altos níveis de emprego, desenvolvimento económico sustentável e claro, reduzir a pobreza.
Foi criado após a 2ª Guerra Mundial e começou apenas com 45 países, a sua sede é em Washington, DC, Estados Unidos e conta actualmente com mais de 187 nações, fazendo parte deste, Portugal desde 1961.
Como é de conhecimento geral, Portugal chegou a uma fase gravíssima o que obrigou ao pedido de ajuda de resgate financeiro ao FMI.
Depois de avaliada a situação do país, conclui-se que era realmente necessário actuar, com a finalidade de melhorar a situação de hoje para que o amanhã não seja ainda pior.
As medidas do FMI impostas ao Governo Português são semelhantes às aplicadas na Grécia e Irlanda, e visam reduzir o défice para 5,9% em 2011, 4,5% em 2012 e 3% em 2013.
Com isto existirão melhorias que obrigatoriamente criarão grandes desvantagens para todos os portugueses.
Relativamente aos impostos, o IRS, IMI, IVA e as taxas moderadoras de saúde vão aumentar.
Quanto aos salários vão ser efectuados cortes nas pensões acima dos 1500 euros e a duração do subsídio de desemprego será apenas de 18 meses, etc.
Este fundo vem para ajudar a situação actual do país mas a longo prazo surgirão situações desvantajosas para todos nós.
Como a carga fiscal vai ter que aumentar todos os portugueses vão pagar mais impostos. Isto gera uma menor receita para cada um e assim virá a perda do poder de compra individual.
A duração do subsídio de desemprego diminuirá o que será algo problemático para aqueles que não conseguirem arranjar emprego nesse espaço de tempo.
Os cortes nas pensões têm que ser feitos e as famílias vão ter que se ajustar a estes.
Estas consequências levam a que a entrada desta ajuda em Portugal seja defendida por uns e odiada por outros.
Na verdade, neste momento ela é indispensável porque o país se encontra numa situação de bancarrota.
A 1ª “tranche” já foi entregue a Portugal e a 2ª vem em Junho. Com isto as mudanças no país vão começar a surgir rapidamente e todos nós teremos que nos ajustar devido a todas as medidas impostas a esta ajuda.
A situação não vai melhorar já e os tempos que nos seguem serão piores.
O nosso poder de compra vai diminuir, os salários vão descer, as reformas e pensões vão ser cortadas, a poupança que cada um de nós deve fazer vai encurtar, o número de empregados vai reduzir, etc.
Teremos de ser cautelosos, coerentes e tentar não perder o optimismo para não deixarmos de ter vontade de trabalhar num país que ao longo dos anos foi mal governado e nos colocou nesta situação.
Não podemos simplesmente ficar à espera que isto melhore porque o país sem nós, os jovens, nada é.
O futuro de hoje somos nós e, assim sendo, devemos estar atentos aos problemas que nos rodeiam e trabalhar para isto mudar o mais rápido possível.

Mariana Machado

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Execução do Orçamento de Estado – estamos no bom caminho?

Atendendo à Execução Orçamental de Maio de 2011, no primeiro trimestre deste ano, o défice conjunto da Administração Central e da Segurança Social recuou 75,5% em termos homólogos, visto que o desequilíbrio das contas foi de 822 milhões de euros, valor inferior ao do mesmo período do ano passado, 2530 milhões de euros. A Administração Central integra o Estado e os Serviços e Fundos Autónomos. O défice do Estado diminuiu 2099 milhões de euros e os Serviços e Fundos Autónomos aumentaram o seu excedente em 181 milhões de euros. Consequentemente, na Administração Central o défice registou o valor de 1548 milhões de euros, representando uma redução de 2280 milhões de euros em relação ao período homólogo de 2010. Na Segurança Social, houve uma subida de 250 milhões de euros, ocorrendo um excedente de 726 milhões de euros.
Focando o subsector Estado, a receita efectiva cresceu 17,4% em resultado, maioritariamente, da carga fiscal, visto que a receita fiscal cresceu 16,8% em consequência da subida de impostos directos (IRC e IRS) em 33,3% e do acréscimo de 9,2% dos impostos indirectos (IVA e ISV). No que toca à despesa, verificou-se um decréscimo de 3% relativamente a igual período do ano transacto, que resulta da queda das despesas com pessoal em 6,9% consequência do corte médio dos salários em 5% nos funcionários públicos e da redução do número de trabalhadores.
Nos Serviços e Fundos Autónomos os valores excedentários devem-se, em parte, à melhoria do Sistema Nacional de Saúde que reduziu o seu défice de 157,2 milhões de euros para 13,5 milhões de euros face ao período homólogo, consequência da redução de 5,4% na despesa devido à diminuição de gastos com o pessoal e diminuição das comparticipações.
Em relação à Segurança Social, importa salientar, apesar da escalada da taxa do desemprego, o aumento do seu saldo positivo devido à diminuição das despesas com prestações sociais em 1,1% e ao acréscimo das receitas com contribuições e quotizações em 2,9%.
Será que estamos no bom caminho?
A desaceleração do crescimento do défice resulta, essencialmente, das receitas fiscais com as quais o governo penaliza repetidamente os cidadãos portugueses. Segundo a Comissão Europeia, entre 2009 e 2011, Portugal teve o maior aumento da carga fiscal da União Europeia, sendo que a carga fiscal na Economia Portuguesa, que mede o peso dos impostos e contribuições no PIB, cresceu de 30,9% para 32,7%.
Por outro lado, prestando atenção às despesas do Estado, estas baixaram apenas 3%, valor bastante baixo atendendo ao contexto económico. Adicionalmente, durante este trimestre, o Estado não honrou praticamente nenhum compromisso relativo a despesas com serviços, não foram pagas ajudas de custo, não foram pagas facturas a fornecedores, entre outras. A unidade técnica que apoia o Parlamento confirmou que o Governo adiou o pagamento de alguns compromissos que ascendem a 205,9 milhões de euros. Houve, portanto, diferimento de despesa. Neste sentido, objectivamente, a despesa não baixou nesta proporção, não passa de ilusão contabilística, e o grau de execução está longe do previsto no Orçamento de Estado.
Neste momento, coloca-se também uma questão de credibilidade, com a campanha eleitoral e as eleições a chegar, todos os meios parecem justificações para atingir os fins. Não seria a primeira vez que este governo tiraria conclusões que, mais tarde, viria a alterar. Situações que descredibilizam esta Execução Orçamental que já tem contra si o facto de ser elaborada pela própria Direcção das Finanças.
No fundo, se o objectivo para a redução do défice fosse apenas o aumento das receitas, à custa dos cidadãos, podia afirmar que o país está no bom caminho. No entanto, os objectivos para o défice também dependem da diminuição da despesa e, neste campo, nada está provado.

Vera Cruz


[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

A crise e o novo desafio da competitividade e produtividade das empresas portugueses

A competitividade e a produtividade tem-se mostrado de ano para ano uma preocupação crescente dos gestores portugueses, na medida em que o maior problema que as empresas e a economia portuguesa enfrentam é precisamente a falta de competitividade num mercado cada vez mais global acompanhado pela diminuição da produtividade das mesmas.
Estes dois conceitos (competitividade e produtividade) são vulgarmente confundidos sendo importante distinguir em que consiste cada um deles num sentido de evitar percepções erradas por parte da sociedade.
Assim sendo, a produtividade corresponde à quantidade de trabalho necessário para produzir uma unidade de um determinado bem, sendo que um aumento da produtividade resulta da produção de uma maior quantidade de bens com a mesma quantidade de recursos ou da produção da mesma quantidade com menos recursos independentemente da qualidade e inovação da respectiva produção. Enquanto a competitividade está relacionada com a posição vantajosa ou não da empresa no mercado, isto é, com a sua posição relativamente às empresas concorrentes.
O facto de estes conceitos serem regularmente confundidos permite, de certa forma, que sejam retiradas conclusões que não correspondem à verdade, uma vez que a sociedade fica com a ideia de que o maior problema da economia portuguesa é a baixa produtividade das suas empresas e que um aumento da produtividade levaria à resolução imediata do problema da competitividade das empresas.
Realmente, a baixa produtividade revelada pelas empresas portuguesas é um problema sério e evidente devido a diversos factores, como por exemplo, a falta de dedicação relativamente à formação tanto dos trabalhadores como dos empresários de modo a que estes se tornem mais eficientes e melhorem a sua capacidade de resposta aos problemas que vão surgindo, acompanhado pela falta de capacidade de criação e afirmação de marcas, bem como a insuficiência tecnológica e a fuga do investimento externo do espaço português.
Porém apesar de este ser um problema real, uma baixa produtividade não implica necessariamente um baixo nível de competitividade por parte das empresas. Infelizmente, as empresas portuguesas têm vindo a diminuir quer o seu nível de produtividade quer a capacidade de responder positivamente à concorrência.
Actualmente são inúmeras as empresas que estão endividadas sem capacidade financeira para continuar a exercer as suas funções, sem capacidade para realizar o devido pagamento dos seus funcionários, sem meios para obter os factores produtivos necessários para a realização da sua actividade, ou seja, sem capacidade produtiva e sem capacidade competitiva. Os baixos salários atribuídos aos funcionários levam a que as pessoas não sintam incentivo para investir numa formação e os preços elevados dos bens comparativamente a outros países levam à sua recusa por parte dos consumidores, na medida em que os consumidores quando buscam um produto olham não para a nacionalidade do produto mas sim para o seu preço.
Parece-me óbvio que a situação portuguesa apresenta uma tendência negativa pois até agora os empresários não foram capazes de revitalizar as empresas, os empresários não estão motivados e acima de tudo estão tensos e inseguros. As pequenas e médias empresas sobrevivem “com uma mão à frente e outra atrás”, devido às políticas implementadas pelo governo que as tem estrangulado.
Atendendo a esta situação é necessário aumentar a produtividade e competitividade das empresas, e para isso é fundamental que os trabalhadores e empresários tomem consciência das suas limitações e incompetências, invistam em formação e inovação e que, a fim de melhorar a produtividade dos funcionários é importante evitar uma elevada rotatividade das pessoas numa empresa.

Cátia Cunha

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Será que sabemos mesmo tudo aquilo que se passa no mercado de trabalho do nosso país?

Em Portugal são muitas as variáveis que têm afectado o emprego, não só na última década, mas sim, nas últimas décadas, pois este apresenta um cenário negativo desde a década de 80. Contudo, a última década apresenta valores de desemprego nunca antes atingidos. Com o passar dos anos, o desemprego em Portugal perdeu o seu carácter friccional e adquiriu cada vez mais um carácter conjuntural e estrutural.
Agora, a poucas semanas da entrada dos novos recém-licenciados no mercado de trabalho, estará o mercado preparado para os receber?
A resposta é certamente “não”! Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o desemprego dos jovens, que atingiu, no primeiro trimestre de 2011, os incríveis 28%, tem previsto para o próximo verão português um novo recorde.
De facto, é do conhecimento de todos que o desemprego é um dos principais problemas que o país enfrenta, e que os jovens se deparam com dificuldades na procura de emprego todos os dias, e estando estes a escassas semanas do final de mais um ano universitário, do final do seu percurso académico, o mercado de trabalho torna-se assim um ponto crucial na vida dos futuros recém-licenciados.
Não são apenas mais os trabalhadores de faixa etária mais elevada que têm problemas em encontrar emprego, apesar de estes continuarem a ser dos que mais contribuem para os números do desemprego, que actualmente se sita nos 12,4%, mais propriamente, cerca de 688,9 mil pessoas, e tendo em conta que se não fosse o caso positivo da emigração, esse valor já teria atingido os 10-15% há alguns anos. Agora, perguntemo-nos o porquê de tanto desemprego jovem… Haverá resposta para nós?
Portugal tem, actualmente, uma população jovem das mais qualificadas e, portanto, não será a falta de qualificações o motivo deste desemprego. Certo é que o aumento do desemprego deveria fazer Sócrates “chorar de vergonha”, tal como referiu o deputado Luís Montenegro, ao Jornal de Notícias, no passado dia 19. Tal como estamos habituados a ver todos os dias, e actualmente mais, devido às eleições que se aproximam, os nossos partidos políticos não têm perdido tempo, e portanto, não param de criticar o primeiro-ministro pela situação em que se encontra o desemprego. Contudo, não seria mais fácil, de uma vez por todas, começar realmente a tomar medidas para combater o desemprego que parece não querer sair do seu ritmo crescente, em vez de continuarmos a assistir a uma chuva de críticas e ofensas entre partidos políticos? Certo seria Sócrates não voltar a ter uma nova oportunidade como primeiro-ministro pois está claro que este tem realmente culpa do estado em que o país se encontra. Tal como referido pelo deputado Luís Montenegro, “O Governo PS deixou o país à beira do colapso social, económico e financeiro”. Mas tal é uma decisão do povo, e a guerra constante a que se tem assistido entre os partidos políticos não tem facilitado essa decisão.
Por conseguinte, resta-nos esperar que os partidos políticos percebam realmente que não são as trocas de acusações que vão ajudar o país, e que o facto de a população jovem se sentir cada vez mais insegura no nosso país e optar por procurar emprego no estrangeiro só vai fazer com que a “fuga de cérebros” aumente, mas o que o país precisa é de investimento e confiança para que possamos aumentar os nossos níveis de competitividade e voltemos a ter confiança num mercado português.
Como tal, não podemos deixar de referir as várias medidas de austeridade acertadas entre o governo português e a troika que visam o mercado laboral. Os despedimentos individuais facilitados, a redução das indemnizações por despedimento para novos contratos e as alterações ao subsídio de desemprego, com a diminuição do período máximo para 18 meses e com a sua redução gradual ao longo do tempo, são algumas das medidas que têm o intuito de flexibilizar o mercado de trabalho. A meu ver, estas medidas são bastante importantes, de lamentar serem apenas postas em prática quando o país está numa situação crítica e terem sido impostas por estrangeiros. Este clima de incerteza faz com que as empresas tenham muito receio em contratar trabalhadores, uma vez que não sabem se vão ter trabalho para esses trabalhadores no mês seguinte. Muitas destas empresas optam por subcontratar a outras empresas de trabalho temporário. Com uma maior facilidade em despedir e com a redução das indemnizações por despedimento para novos contratos este receio por parte das empresas vai ser diluído, desta forma, esta medida tem tudo para ter um efeito positivo na taxa de desemprego. Uma outra medida importante passa pela redução da TSU, com o objectivo de incentivar os empregadores a contratar mais mão-de-obra. Mas como tal, estas medidas exigem esforço, quer da parte do empregador, quer da parte do empregado. Não se pode mais “cruzar os braços”, é necessário flexibilizar o mercado de trabalho e alcançar um alto nível de competitividade para que voltemos a crescer.

Cláudia Oliveira

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Endividamento das famílias portuguesas: até quando?

Todos os dias ouvimos falar da crise, preocupamo-nos com ela e é certo que nos devemos preocupar uma vez que está instalada no nosso país!
Actualmente, o pesadelo do desemprego, a diminuição dos salários reais e o maior endividamento das famílias são indicadores que espelham a falta de liquidez e de solvabilidade das famílias portuguesas.
Portugal está a passar por um dos piores momentos de sempre ao nível do endividamento, quer pela deterioração dos termos da balança comercial quer pelo progressivo aumento das taxas de esforço das famílias e empresas.
Desde a década de 90 o peso das dívidas das famílias portuguesas passou de 19,5% para 124%, ao passo que a taxa de poupança caiu de aproximadamente 20% para 8,3%. Dados assustadores que propiciam a conjuntura económica actual do país!
Como se explica que num país como o nosso, em que a pobreza está aos olhos de todos se tenha vindo a verificar um aumento bastante considerável do consumo?
Só existe uma justificação viável. Os portugueses adoram ostentar, viver para as aparências e acima de tudo viver muito acima das suas possibilidades, colocando-se em situações de risco extremo quase irreversível.
O problema é que o fácil, o agora, o imediato, o consumo sem regras sobrepõem-se ao esforço difícil, à paciência para esperar e à poupança. As pessoas consomem hoje sem pensar no amanhã e muitas vezes consomem o desnecessário, consomem por consumir tornando o próprio acto de consumir em puro consumismo!
O grande problema associado a este consumismo é o endividamento por parte das famílias (o endividamento das empresas e do estado dariam outros artigos…).
Na verdade, para satisfazerem as suas necessidades, muitas vezes supérfluas, os portugueses recorrem com maior frequência a créditos ao consumo que actualmente se manifestam cada vez com menos regras, com mais facilidade de acesso e com menor exigibilidade de garantias apesar da inversão recente. É uma tentação que aparece repetidamente na televisão, na internet, na rádio, apresentando-se como a solução para todos os problemas. São exemplos bem conhecidos as instituições somente creditícias ou os produtos bancários (contas ordenado e todo o tipo de cartões de crédito). Enfim, empresas/produtos que aliciam ao consumo através do uso de uma publicidade enviesada, garantindo facilidade de obtenção de créditos com baixas prestações.
Fruto da constante publicidade ardilosa por parte das referidas entidades, os portugueses vão pedindo empréstimos para comprar bons carros, roupas, electrodomésticos, férias, etc., sem que analisem convenientemente, o seu retorno e o custo inerente ao endividamento.
Este cenário põe em causa a solvabilidade das famílias e a sua estabilidade familiar, colocando em risco não só as próprias como a economia em que se inserem.
É minha opinião, que embora as pessoas tenham receio da crise e de todas as consequências que dela possam advir, ainda não a sentiram a 100% nem têm plena consciência dos efeitos reais da mesma.
Importa cada vez mais que os portugueses sejam racionais no acto de consumir!

Isabel Mesquita

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O drama dos licenciados em Portugal

Segundo os dados do INE, a taxa de desemprego entre os jovens até aos 25 anos, subiu em Portugal para 27,8%, no primeiro trimestre de 2011, o que se traduz em 123,9 mil jovens sem trabalho.
Os mesmos dados mostram que entre a população desempregada, 12,3% são licenciados e que há 15,2 mil pessoas que frequentaram o ensino universitário sem emprego.
Progressivamente os jovens portugueses apresentam maiores qualificações e especializam-se nas áreas pretendidas. Contudo, face à realidade do mercado laboral, as suas expectativas e sonhos são frustrados e restam incertezas quanto ao futuro que lhes estará reservado.
Muitos destes jovens vêem as suas oportunidades de emprego restritas a estágios não remunerados ou trabalhos precários. Cansados de esperar por um emprego condicente com os anos que dedicaram aos estudos, muitos licenciados "arrumam" o diploma na gaveta e mostram-se dispostos a aceitar qualquer função por qualquer remuneração.
Deste modo, não reúnem as condições necessárias para concretizar os seus objectivos de futuro, como comprar casa e constituir família, continuando dependentes dos pais.
Actualmente, considero que o desemprego é um dos problemas mais graves com que se defronta o nosso país.
Como se explicarão estas altas taxas de desemprego entre os jovens uma vez que esta geração de portugueses é a mais qualificada de sempre na história portuguesa?
A qualificação deveria gerar emprego e assegurar um aumento na produtividade do país. Dá que pensar… Talvez a nossa estratégia, em termos políticos, não se adeqúe a este potencial de desenvolvimento entretanto gerado.
Será possível combater esta situação?
Para tal a nossa política teria de pôr de parte os seus interesses partidários, voltados para o curto prazo, e criar condições macroeconómicas favoráveis ao aproveitamento real deste potencial na nossa sociedade.
É necessário que os nossos governantes percebam que o nosso futuro passa por introduzir progressivamente estes jovens no mercado de trabalho, que poderão ser a força impulsionadora para o sucesso da nossa economia. Actualmente, a rigidez do nosso mercado de trabalho propicia a “fuga de cérebros” para economias que potenciem, na sua carreira profissional, horizontes que actualmente Portugal não é capaz.
Suponho que, maiores incentivos fiscais às PME a empregar recém-licenciados, a criação de linhas de “crédito empreendedor” em diferentes áreas, em paralelo com a adequação das remunerações à respectiva produtividade e uma maior adequação do mercado de trabalho às exigências da economia global, poderiam propiciar maior empregabilidade a estes jovens. Acredito que estas medidas incentivariam um país com ainda pouco espírito empreendedor, a conseguir combater esta tão grave crise em Portugal.
Resta-nos a esperança de acreditar que esta situação irá melhorar, que os nossos partidos políticos conseguirão inverter tal situação!

Isabel Mesquita

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

quinta-feira, 26 de maio de 2011

As juventudes partidárias

O golpe militar, em Abril de 74, permitiu um aumento nas liberdades de cada um. Os partidos políticos, outrora clandestinos, irromperam surgindo com eles as juventudes partidárias tendo em vista a necessidade que os partidos sentiram em conhecer de perto os problemas com que os jovens se deparavam. As principais motivações, na altura, para os jovens ingressarem nas fileiras das jotas estavam ligadas às referências políticas da época (Mário Soares, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro) e o facto de se reverem nos ideais de cada partido. Hoje em dia, o tema política é encarado com desprezo (abstenções elevadas) e os actuais líderes não têm o mesmo carisma e a mesma força de mobilização, pelo que sobra a inclinação ideológica ou a vontade de participação activa na vida política.
Dos partidos com assento parlamentar, o Bloco de Esquerda é o único que não tem uma juventude partidária por não concordar com a divisão política entre jovens e adultos fazendo isto com que seja o partido com mais jovens militantes. Os restantes partidos políticos têm juventudes partidárias activas, sendo a JSD a maior. As jotas dizem-se autónomas, no entanto não são independentes do partido, sobretudo a nível financeiro estando sujeitas à Lei de Financiamento dos Partidos. Porém, seguem, como é óbvio, os ditames do partido, a sua matriz ideológica e funcionam como uma estrutura que o apoia garantindo, entre outras coisas, a renovação e o futuro do mesmo. Ou seja, as juventudes partidárias fornecerão grande parte dos futuros líderes políticos do país.
A população em geral e os jovens em particular vivem alheados da política e isso reflecte-se no nível de abstenção. Nas últimas presidenciais a abstenção superou a barreira dos 50%, um aumento de mais de 10% em relação à anterior. Nas últimas legislativas a abstenção situou-se nos 40% mas o resultado supera os 60% quando se trata de eleições para o Parlamento Europeu. Assumindo que uma parte considerável destas percentagens se deve aos mais jovens, os resultados demonstram a falta de interesse com que vêem a luta política. Esta falta de interesse leva a que os jovens não saibam distinguir se são de esquerda ou de direita ou até mesmo diferenciar os vários partidos. Neste aspecto as juventudes partidárias, que integram, normalmente, jovens entre os 14 e os 30 anos, têm um importante papel: consciencializar os jovens para a política.
Porém, existe sempre o lado negativo. As juventudes partidárias funcionam como uma “escola da política” ou uma “fábrica de políticos” com tudo de mau que daí advém (jogos de poder, rede de contactos, influências, etc.). E uma das maiores críticas que se faz é que elas são um meio para atingir um fim, isto é, servem como trampolim para obter um lugar de topo na actividade política. O que vulgarmente se apelida de “tacho”. Alguns dos seus educandos não chegam sequer a desempenhar uma profissão antes de se tornarem políticos “profissionais” e muitos entram para as juventudes partidárias porque não têm perspectivas de carreira noutro sector. Pelas jotas passaram muitos dos políticos que tomam as decisões do país contemporâneo. Aliás, muitos dos ex primeiros-ministros começaram a sua actividade política nas jotas: José Sócrates começou na JSD, mudando-se depois para a JS escalando de seguida até ao topo do partido e do país; Durão Barroso que, curiosamente, começou numa juventude partidária de extrema-esquerda; Santana Lopes que frequentou a JSD; e, provavelmente, o próximo da lista será Pedro Passos Coelho. Isto não falando de muitos mais que compõem as listas dos partidos. A triste realidade é que a política atrai cada vez menos gente com qualidade.
É necessário acabar com a ideia de que é fácil chegar ao poder, de que basta pertencer a uma juventude partidária e colar uns cartazes para se ter um cargo garantido. Actualmente, as juventudes partidárias são instrumentos dos partidos políticos e isso é notório durante as campanhas. Os partidos políticos usam as juventudes partidárias e a sua “irreverência” para dizer aquilo que não podem e para atacar os adversários, isto é, para fazer o jogo sujo e como são jovens o atrevimento é sempre perdoado. As jotas são também usadas para o partido medir o pulso da opinião pública sobre assuntos fracturantes (casamento homossexual, legalização das drogas, aborto, etc.) sendo que estes assuntos são depois abordados pelo partido de forma mais leve e moderada. As jotas tendem a não discutir os temas mais comuns que são deixados para o partido e estão sujeitos à disciplina deste (recordo o caso da tentativa gorada da JS de levar a referendo o Tratado de Lisboa). Nas juventudes partidárias os jovens são instrumentalizados pelos partidos, estão subordinadas a este.
É essencial a existência de uma estrutura que permita aos mais jovens terem contacto e consciência da vida política, isso apenas traz benefícios ao futuro do país, mas as juventudes partidárias precisam de ser mais credíveis e não podem limitar a sua discussão aos assuntos fracturantes. Necessitam de ser entidades transparentes nos processos e de não se envolverem em relações pouco claras (por exemplo, o contacto com as associações de estudantes onde exercem grande influência nas listas de escolas secundárias e universitárias). Acima de tudo é premente a necessidade na política de pessoas com formação intelectual de qualidade, capazes e com autonomia de pensamento.

Tiago Fernandes Vieira

Bibliografia:
• http://jpn.icicom.up.pt/2005/01/02/formacao_e_historia_das_jotas.html
• http://jpn.icicom.up.pt/2005/01/02/os_homens_que_vieram_das_jotas.html
• http://jpn.icicom.up.pt/2005/01/02/os_rostos_das_jotas.html
• http://jpn.icicom.up.pt/2005/01/02/por_dentro_das_juventudes_partidarias.html
• http://jpn.icicom.up.pt/2005/01/05/juventudes_partidarias_quem_as_move.html
• www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=477455
• www.portaldoeleitor.pt/Paginas/HistoricodeResultados.aspx

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O rumo português

As eleições legislativas de 5 de Junho estão a aproximar-se, e com elas a incerteza portuguesa. Até aqui, as casas dos portugueses foram invadidas todas as noites com debates políticos, sendo o último, antes do início da campanha eleitoral, assinalado com a presença de argumentos e contra argumentos entre os dois principais candidatos ao cargo de Primeiro-Ministro. De facto, aquilo que deveria ser uma discussão sobre propostas e planos de melhoria na, possível, ocupação do cargo, passou por ser uma "conversa" irónica, com acusações, ataques e muitos argumentos, falhados na maioria dos casos, entre os participantes.
Os portugueses têm pela frente o poder de decidir quem governará nos próximos 4 anos. Certamente uma escolha difícil, se tivermos em conta o histórico político português, que acompanhado pelos efeitos adversos das crises, sim porque Portugal não foi atingido apenas pela crise financeira de 2007, mas também pela crise da dívida soberana, cuja responsabilidade recai em parte no Governo actual, e pela mais recente crise política. No dia 5 de Junho a escolha cairá, com certeza, nos dois principais candidatos, e é neste sentido que falo em escolha difícil, por um lado porque ao longo de seis anos, o actual Primeiro-Ministro mostrou-se irredutível nas suas escolhas e inábil no planeamento de políticas suficientemente sólidas para promover o que faltava ao país: competitividade e crescimento. É, claro, importante, alguém que seja inflexível em algumas decisões, mas não naquelas que, certamente, não faziam o país mudar de rumo. Por outro lado, a falta de experiência no mundo político do líder do partido da oposição com crescente ambição de chegar ao poder.
Com qualquer um dos dois, é transparente a certeza que os próximos anos serão difíceis tanto para o país como para os portugueses. O défice é ainda muito elevado e a economia portuguesa contrairá e entrará em recessão. Avizinha-se um período complicado e de sacrifícios, que certamente será mais longo do que o esperado, pois é neste que os portugueses começarão a pagar a factura do empréstimo. Acresce ainda o dever de reduzir o défice sem prejudicar a competitividade do país e fomentar e repor a confiança nos mercados e nos investidores, pois Portugal só recuperará economicamente quando começar a crescer, e para crescer temos de nos tornar atractivos aos olhos dos países e, consequentemente, competitivos face aos mesmos. Precisamos de um Governo forte e capaz, que tenha a consciência de que acima dos interesses políticos, estão os interesses nacionais.

Ângela Rodrigues

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O futuro português

Após 30 anos, o FMI volta à capital portuguesa para delinear um novo ajustamento económico.
O acordo que Portugal assinou Quinta-feira visa um resgate de 78 mil milhões de euros durante os próximos três anos. Entre as várias medidas impostas pelo memorando de entendimento entre a "troika" e o Governo sublinham-se um pacote de 12 mil milhões de euros concedidos à banca, de modo a que esta consiga consolidar capitais, corte nas pensões acima de 1500 euros, redução do tempo e das prestações do subsídio de desemprego, promoção do mercado de arrendamento, diminuição e nova avaliação das PPP (Parcerias Público - Privadas), corte nas despesas com a saúde, eliminação das "Golden shares" do Estado, diminuição do número de funcionários públicos, calendário de privatizações, etc. Para além destas medidas de ajustamento económico, as autoridades internacionais aceitaram rever as metas do défice prometido pelo Governo (apontando 5.9% para este ano, 4.5% para 2012 e 3% para 2013), concedendo a Portugal o alargamento do prazo de consolidação, dando ao país mais tempo para poderem conseguir cumprir os critérios do Tratado de Maastricht. É relevante constatar que Portugal e os portugueses verão a sua economia a contrair 2% em 2011 e outros 2% em 2012, ou seja pela frente teremos dois anos consecutivos de recessão pura.
Estes acontecimentos recentes só vieram comprovar que para além da crise financeira de 2007 e da existência de um défice crónico nas contas públicas portuguesas, alia-se um Governo incompetente e irresponsável. Por outras palavras, um Governo incapaz de melhorar a competitividade do país, de reformar e consolidar a economia e de restaurar e, posteriormente, manter a confiança dos mercados.
Surgirão anos difíceis de suportar para a maioria das famílias, e o que actualmente tem de ser feito poderia ter sido evitado se não tivéssemos pela frente um grupo de indivíduos que agiram levianamente com o país e com o seu povo. Portugal não deveria ter de suportar a existência de fracos órgãos políticos, que têm como principal interesse o poder e nada mais.
Hoje é crucial um Governo que zele pelos interesses da sociedade, que seja transparente e perceptível, que fomente a produtividade e competitividade, um Governo que consiga consolidar as contas públicas, reduzindo a despesa de curto prazo e promovendo eficiência nos mercados. Eficiência, que só será atingida se se promover a qualificação da mão-de-obra, a diminuição da precariedade do mercado de trabalho e a criação de condições de trabalho que consigam reter o capital humano existente, para evitar a fuga dos quadros qualificados para outros países. Para além disto, é essencial adoptar novas estratégias direccionadas às necessidades e desejos do mercado e sociedade, investir em infra-estruturas e promover o desenvolvimento da qualidade dos produtos, bem como da tecnologia utilizada na produção, de modo a conseguir atingir, no longo prazo, um crescimento sustentado da economia portuguesa.
A competitividade para Portugal passa por ser mais que um objectivo, tornou-se uma necessidade com o passar dos anos.

Ângela Rodrigues

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

A Terciarização do Emprego em Portugal

A crescente terciarização dos países avançados constitui um dos traços mais marcantes da actualidade. Portugal não fugiu à regra e, nas últimas décadas, este fenómeno evidenciou-se com a transferência do pessoal dos meios rurais para os grandes centros e, consequentemente, a transferência do sector primário para o secundário e terciário.
Mas, para começar, é necessário clarificar o conceito de terciarização do emprego. Qualquer economia pode ser dividida em três sectores (critério original de Colin Clark): o sector primário engloba a agricultura, silvicultura, pesca, pecuária e muitas outras actividades ligadas à natureza - são actividades económicas que extraem ou produzem matéria-prima; o sector secundário, sendo o responsável por transformar matéria-prima em produtos de consumo, engloba a construção, produção de energia, indústrias transformadoras, entre outras; por último, o sector terciário é o sector dos serviços, englobando o comércio, turismo, transportes, ensino, etc.
Sendo assim, podemos definir terciarização do emprego como a transferência de grande parte dos trabalhadores do primeiro e do segundo sectores para o terceiro – o sector dos serviços.
Segundo dados do observatório das desigualdades, entre 1988 e 2008, o número de trabalhadores em empresas portuguesas aumentou em mais de um milhão, passando de 1,997,560 para 3,271,947 (é de notar que este aumento é mais significativo no sexo feminino). No entanto, mesmo com este aumento exponencial, a percentagem de população empregada nos sectores de actividade primário e secundário decresceu – fenómeno de terciarização – sendo que esta transferência entre sectores foi particularmente acentuada nas mulheres (a percentagem de mulheres empregadas no sector terciário aumentou, no período referido, de 50% para 71%). Outra alteração que merece referência é a grande evolução do nível de habilitações dos trabalhadores das empresas portuguesas que foi, também, mais acentuada entre as mulheres, sendo que os últimos dados mostram que a percentagem de indivíduos do sexo feminino com elevados níveis de escolaridade é superior à percentagem de indivíduos do sexo masculino com elevados níveis de escolaridade - facto que pode ser explicado pelo aumento do número de mulheres nas universidades a partir dos anos 80.
Dos dados apresentados podemos, então, concluir que, nas últimas décadas o mercado de trabalho português sofreu uma forte terciarização, acompanhada de uma feminização e escolarização.
Na minha opinião, estes dois últimos fenómenos apresentam-se como causa e efeito do primeiro. Isto porque, com o aumento das mulheres no mercado de trabalho e com os maiores níveis de escolarização da sociedade em geral, não só o capital humano se torna mais forte como também se desenvolve mais a economia, o que leva, por sua vez, ao desenvolvimento do terceiro sector.
Sabendo que existe uma relação entre a distribuição dos trabalhadores de um país pelos 3 sectores e o seu grau de desenvolvimento, ou seja, países menos desenvolvidos vêem grande parte da sua mão-de-obra empregue no primeiro sector e, por outro lado, países mais desenvolvidos vêem a maior parte do factor trabalho distribuído pelo segundo e terceiro sectores, é importante referir que o nosso país demonstra uma tendência de desenvolvimento nas últimas décadas, reflectindo-se ao nível económico e social. Contudo, nos últimos anos o ritmo de convergência com a União Europeia abrandou e as disparidades regionais ainda são demasiado importantes.

Ana Luisa Gonçalves e Vale Meira

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

domingo, 22 de maio de 2011

Legalização das apostas ´on-line` em Portugal

Numa altura em que a maioria dos países europeus já apresentam legislação própria e adequada de forma a regulamentar o jogo ´on-line`, Portugal continua mais uma vez na cauda da Europa no que respeita a esta temática, apresentando actualmente um total vazio legal em relação à regulamentação das apostas ´online`.
Num período em que qualquer receita seria fundamental para os cofres do estado, é incrível a passividade visível por parte dos nossos governantes referente a esta questão. Desde Agosto de 2010 que foi nomeado pelo Governo um grupo de trabalho para avaliar os prós e contras de uma possível legalização do jogo ´on-line` em Portugal. No entanto, o tempo tem passado e o assunto tem sido esquecido, e tem sido esquecido fundamentalmente pela força e pelo ´obby` da Santa Casa da Misericórdia. Juntamente com os casinos, a Santa Casa da Misericórdia é quem detem o monopólio do jogo em Portugal, e naturalmente que uma possível legalização das apostas ´on-line` poderá abalar um pouco este monopólio da Santa Casa da Misericórdia.
Contudo, não há motivo para que o Estado Português continue a facilitar e compactuar com este monopólio da Santa Casa da Misericórdia face às inúmeras vantagens que a legalização do jogo ´on-line` poderá trazer quer para as contas do Estado quer para a sociedade.
Em Portugal, estima-se que anualmente o mercado das apostas ´on-line` movimenta cerca de 700 milhões euros. Apesar de achar que se trata de valores algo elevados para a dimensão do nosso país, acredito que o valor real seja um pouco inferior. Na nossa vizinha Espanha, o monopólio do Estado das lotarias e de outro tipo de jogo de sorte e azar gera receitas para os cofres do Estado na ordem dos 20 milhões de euros por ano. Já o sector privado, que tem em seu poder a exploração dos casinos, bingos e máquinas de diversão, contribui com cerca de 2 milhões de euros de receita tributária para o Estado. No entanto, todos estes valores seriam irrisórios e quase insignificantes caso o mercado espanhol de apostas ´online` também se encontrasse regulamentado, mercado esse que movimenta anualmente à volta de 1000 milhões de euros. Contudo, recentemente têm surgido evoluções em Espanha referentes a esta temática, e prevê-se que regulamentação do jogo ´on-line` avance rapidamente, o que resultará num encaixe para o Estado na ordem dos 5.5% face ao valor movimentado anualmente por este sector, ou seja, cerca de 55 milhões de euros.
Face a todos estes valores que este mercado consegue gerar (12.700 milhões de euros a nível mundial, onde os jogadores europeus representam 41% do mercado mundial), e visto que se trata de um mercado em clara expansão, parece-me crucial que o Governo Português tome medidas de forma a regulamentar o sector. Em Portugal, por exemplo, estima-se que haja 200 mil portugueses que fazem apostas regulares pela internet, por outro lado, de 2008 para 2009 este foi um sector de actividade que cresceu na ordem dos 50%.
Actualmente, o Estado Português apoia cerca de 60 federações desportivas com um valor a rondar os 41.9 milhões de euros (valor de 2009). Sendo as federações e os clubes os principais intervenientes na área desportiva e sendo eles na maioria quem substituem o Estado por uma educação e prática desportiva, é crucial que os clubes e outras instituições desportivas continuem a arranjar receitas (cada vez mais reduzidas) de forma a equilibrar as suas contas. No entanto, verificamos que ano após ano os clubes portugueses continuam a desperdiçar imensas receitas que poderiam surgir das apostas ´online`, caso o jogo ´online` estivesse regulamentado.
Face às exigências do mercado, é inevitável que mais tarde ou mais cedo o jogo ´online` acabe por ser regulamentado em Portugal. No entanto, na altura em que isso aconteça é fundamental delinear com ponderação todos as alíneas dessa regulamentação. Excessiva tributação do sector não será o ideal, uma vez que iríamos ter que lidar com uma perda de competitividade deste sector no nosso país em relação a outros países, e que iria originar também uma fuga de capitais. Por outro e tal como tem sucedido na maioria dos países, é crucial também que a carga tributária venha a ser suportada maioritariamente pelas empresas de apostas e não pelos apostadores.
Não vejo razões ainda para que a Santa Casa de Misericórdia continue a exercer uma enorme força no sentido contrário da regulamentação, uma vez que os serviços e produtos que esta oferece têm um publico alvo algo diferente daquele de quem utiliza as apostas ´online`. Por outro lado, uma regulamentação desta actividade traria todas as vantagens que já referi, dos quais destaco um aumento significativo da receitas para o Estado, um aumento das receitas para as instituições desportivas e uma legislação que juridicamente passaria a estar do lado de todos os consumidores destes serviços.
Porquê não seguir a tendência europeia e aproveitar todas as oportunidades que surgirão com a legalização? Porquê continuar a compactuar com o ´lobby` da Santa Casa da Misericórdia?

Ricardo Gomes

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

quinta-feira, 19 de maio de 2011

"Vocational Education and Training"

O conceito de Vocational Education and Training refere-se à tentativa de criação e fomento de carreiras que se foquem num cariz mais prático e não tanto em áreas académicas. Este tipo de educação diz respeito ao desenvolvimento de conhecimento e, fundamentalmente, de habilidades em conexão com formas particulares de emprego e relaciona-se aprofundadamente com o conceito de Lifelong Learning, promovendo não só a formação inicial como a tal formação continuada ao longo da vida.
O know-how é tido, e talvez um pouco na contradição dos últimos anos, como extremamente importante, sobrepondo-se, nesta recente visão do mercado de trabalho, ao conhecimento mais teórico. Esta relevância crescente deve-se seguramente ao desenvolvimento tecnológico. A acrescida complexidade dos processos produtivos requer imensa especialização. A somar a isto, a grande mobilidade que se exige do mercado de trabalho e a competitividade a um nível já global são factores propulsores também deste cariz mais prático e adaptativo que se espera dos trabalhadores.
A falta de especialização pode ser vista como causa do desemprego mais estrutural, uma vez que se a formação do indivíduo for demasiado díspar relativamente às necessidades de qualificação que o mercado transparece, os custos de formação revelam-se demasiado elevados e esses indivíduos não serão empregados.
A existência de um grande número de jovens que ingressam em cursos do ensino superior sabendo já que dificilmente conseguirão um emprego com o mesmo é algo que poderia ser também contornado pelo investimento neste tipo de educação e formação. Deveria existir um maior controlo na oferta a nível de ensino superior e procurar sensibilizar e consciencializar os jovens prestes a ingressar num curso superior para as perspectivas futuras de empregabilidade. Além disto, deveria ser-lhes apresentada e promovida a alternativa de Vocational Education and Training como forma de adquirir competências específicas de um determinado emprego que lhes permitirá destacarem-se nos mesmos. Um futuro académico é visto, muitas vezes, como o único percurso socialmente válido e prestigiado, e isso deve mudar.
A aposta em VET é extremamente importante e integra as medidas relativas a Educação e Formação no comunicado da Troika de 3 de Maio, de forma a incrementar a compatibilidade entre qualificação e aplicação no mercado de trabalho, a eficiência no sector da educação e a qualidade do capital humano português. Uma boa medida à qual deve ser dado um seguimento responsável e frutífero para que não caia no ridículo como caiu o programa Novas Oportunidades.

Natália Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]