quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Carros Elétricos – uma solução ambiental em crescimento

Os carros elétricos são um tema muito atual, tanto a nível do nosso país como a nível mundial, pois estes podem ser vistos como uma solução necessária para a população, uma vez que todos os cidadãos beneficiariam com a consequente diminuição drástica da poluição do ar. Os veículos elétricos diferenciam-se dos veículos usuais pelo facto de utilizarem um sistema de propulsão elétrica e não a solução comum de motor de combustão interna. Deste modo, os primeiros não emitem ruído nem poluem o ambiente. Atentos a esta realidade, os grandes fabricantes de automóveis têm desenvolvido diversas tecnologias alternativas, permitindo disponibilizar no mercado cada vez mais automóveis elétricos.
Em Portugal, foram vendidos quase mil carros elétricos até ao final de agosto deste ano, tendo sido atingida a quota de apoio do Fundo Ambiental em apenas oito meses, pelo que, do meu ponto de vista, talvez seja necessário aumentar o valor desta mesma quota de apoio para o próximo ano. Na verdade, 2017 marca a diferença no mercado nacional destes automóveis, que passam a ter um volume anual de vendas muito significativo e sem precedentes. Entre os anos de 2010 e 2017, verificou-se a venda de 2319 veículos elétricos ligeiros em Portugal e até julho deste corrente ano o número já ascendia os 921 carros, o que corresponde a mais 129,7% do que nos primeiros sete meses do ano de 2016. O mercado português de veículos elétricos começa, assim, a ter uma manifestação significativa, o que demostra que a sociedade poderá estar cada vez mais alertada e preocupada com o ambiente e as suas possíveis soluções.
Também a indústria de automóveis aposta em maior escala na produção de veículos automóveis elétricos. Deste modo, prevê-se que, entre 2025 e 2030, os carros elétricos tornem-se mais competitivos face aos de combustão interna, correspondendo a 54% das vendas de novos carros até 2040. Na minha opinião, a principal razão poderá derivar da queda acelerada do preço dos carros elétricos, estimulada pela descida do preço das suas baterias. Assim sendo, será mais fácil combater as alterações climáticas com uso maioritariamente de carros elétricos.
A meu ver, é possível salientar alguns obstáculos que impedem o aumento da venda de viaturas deste tipo, nomeadamente: a falta de incentivos e de mais informação útil para os futuros compradores, assim como as limitações de autonomia que ainda existem.
Relativamente aos incentivos, já há alguma preocupação de melhoramento dos mesmos, pois no próximo ano haverá apoio para quem comprar um automóvel elétrico, uma vez que receberá um cheque de 2250 euros. Porém, este apoio poderá não chegar a todos, na medida em que neste corrente ano o incentivo limitou-se apenas às primeiras mil unidades vendidas (limite este que foi atingido no final de agosto), assim como a isenção do imposto único de circulação (IUC) e o facto de os consumidores poderem ser remunerados pelo abate ou entrega do seu veículo antigo.
Uma outra forma de incentivo seria criar uma nova taxa para os veículos movidos a combustíveis fósseis. No que concerne às empresas, há a possibilidade de isenção na tributação autónoma e da dedução do imposto sobre o valor acrescentado (IVA), o que poderá levar a que Portugal acompanhe o crescimento das vendas destes automóveis que já se verifica a nível europeu.
Efetivamente, estas medidas podem ajudar nas escolhas dos portugueses face aos automóveis elétricos. Também os governos dos vários países estão a incentivar cidadãos e construtoras automóveis a trocar os motores de combustão por motores elétricos, de forma a conseguirem cumprir as suas metas para a redução da emissão dos gases de efeito de estufa e da poluição nas cidades.
A mudança para o carro elétrico tem sido acelerada por fatores ambientais e pelo desenvolvimento da tecnologia de mobilidade autónoma e de energia renovável. No entanto, a nível de consumo de energia, importará ser crescentemente eficiente, pelo que os carros elétricos terão de consumir muito menos para conseguir percorrer a mesma distância que os modelos que usam combustíveis fósseis. Isto implica que, se a energia elétrica for proveniente de fontes renováveis, o impacto em termos de emissões de gases de efeito de estufa, considerando o ciclo de vida dos automóveis elétricos, será seis vezes e meia menor em comparação com os veículos comuns.
Concluindo, os carros elétricos já são uma mais-valia no combate à poluição e consequentes alterações climáticas prejudiciais para toda a sociedade. De facto, com os incentivos existentes, verificou-se um aumento muito significativo das vendas destes automóveis a nível nacional, prevendo-se que este aumento seja progressivo para os próximos anos.


Inês Isabel Carvalho Garcia Pinto Pereira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

UM UBER SEM NIGUÉM AO VOLANTE

Nesta altura, o tema dos carros autónomos já começa a ser um tema que se houve bastante, mas que continua a ser uma realidade distante que, para já, apenas está presente nos Concept Cars de algumas marcas de automóveis. Pois, isso era o que eu inicialmente pensava e o que muitos ainda pensam, no entanto, não é assim tão verdade quanto isso, uma vez que já vemos na estrada carros que estacionam sem a necessidade de intervenção por parte do condutor e alguns carros autónomos estão já a ser efetivamente testados nas estradas e até já são considerados legais, como é o caso da Alemanha, que se assume, assim, como o primeiro país a legaliza-los.
Esta medida, apesar de ser um grande passo na direção da automatização da condução, não permite ainda que não haja um condutor encartado atrás do volante, pronto a assumir o comando, e também não permite que os automóveis se encontrem naquilo que se chama o nível 5 da condução automática, que é quando o automóvel é totalmente automatizado e não tem qualquer tipo de comandos a ser tomados pela mão humana, ou seja, tem que haver a possibilidade de o condutor poder tomar rédeas da situação a qualquer altura. Nos Estados Unidos, já há entregas de pizza feitas com carros autónomos e, em Portugal, os testes deste tipo de automóveis terão início em 2018, por parte da Indra, em Lisboa e Coimbra, cujos veículos virão de França e Espanha, mas um deles é um automóvel modificado pela Universidade de Aveiro.
Outro projeto que, até este ano, eu desconhecia é o projeto da Waymo, que foi anunciado no Web Summit de 2017, em Lisboa. Este projeto consiste em tornar os carros autónomos acessíveis às “pessoas comuns”, sendo este considerado o próximo grande passo a dar pela empresa. A ideia inicial é criar uma espécie de Uber com estes carros, em que as pessoas podem escolher o modelo de carro que querem, de entre os modelos disponíveis, e podem solicitá-los apenas para uma deslocação de um ponto da cidade para outro (exatamente como um Uber ou um táxi) ou podem solicitar o carro por um período mais alargado de modo a ter transporte, por exemplo, durante todo o seu período de férias, sem ter que, para isso, comprar um carro. Tudo isto é feito mediante um pagamento de um aluguer adequado ao serviço solicitado. Este projeto promete contribuir em muito para a diminuição dos acidentes de trânsito e das mortes na estrada, pois elimina o erro humano.
Perante toda esta evolução, surge uma questão acerca da legislação a ser aplicada a este tipo de automóveis e sua condução. É preciso ter em conta as normas do código de estrada em vigor e as que precisam de ser alteradas. Por exemplo, um dos propósitos deste tipo de carros é permitir à pessoa que estaria a conduzir ocupar o seu tempo com outras atividades mais produtivas, nomeadamente, envolvendo o uso de tablets, computadores, telemóveis e livros. Ora, a utilização dos mesmos não é permitida atualmente, pois o condutor tem de se focar apenas na condução, mas com um carro que não precisa de ser conduzido essa atenção já não será tão necessária. Será, ainda, uma necessidade essencial que os fabricantes forneçam toda a informação de forma clara a quem utiliza estes automóveis, para que não sejam utilizados sem os devidos cuidados, como consequência de expectativas diferentes da realidade. Outra medida a ter em conta é o facto de se possuir ou não a carta de condução, ou seja, se eu não tenho carta e quero deslocar-me, posso chamar um Uber ou um táxi, mas se chamar um carro da Waymo sem um condutor não haverá ninguém com carta de condução dentro do carro, no entanto ele anda na estrada da mesma forma. Será isto possível?
Bem, para já, no único país onde estes veículos são legais, isso não é possível, pois a lei Alemã obriga a que um condutor encartado esteja atrás do volante, mas a mudar-se esta legislação o que acontecerá com as escolas de condução? Poderá ser um golpe muito grande para toda uma parte do tecido empresarial português, levando ao encerramento de muitos destes estabelecimentos. Será também necessário estipular como se dará a tributação relacionada com estes carros e a forma como se dará a sua introdução no mercado e na vida quotidiana da sociedade.
Na minha opinião, este poderá ser um futuro relativamente próximo, representando mais um passo na direção da evolução, mas tem que ser muito bem delineado, sem pressas e com todas as devidas proteções, de forma a que não haja contratempos perigosos ou até fatais, e de forma a que a legislação tenha tempo de acompanhar esta mesma evolução. De um modo geral, esta poderá ser uma ótima oportunidade para o mercado português, caso este decida investir nesta vertente, e é muito bom que Portugal vá fazer parte deste movimento já no próximo ano e com a participação direta de uma das nossas universidades.

Bárbara de Sousa Gomes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O CR7 do Eurogrupo chegou mesmo a presidente

Depois de nos últimos dois anos ter conseguido responder às dúvidas, em Portugal e em Bruxelas, quanto à capacidade de cumprir regras, reduzir o défice e fazer a economia portuguesa crescer, o ministro das Finanças português foi o vencedor da corrida à presidência do Eurogrupo. Não foi logo à primeira, mas à segunda volta.
A decisão sobre quem iria assumir a presidência do Eurogrupo foi tomada e o vencedor foi Mário Centeno. Visto como favorito à corrida desde o início, tinha três adversários: os ministros das Finanças da Letónia, do Luxemburgo e da Eslováquia.
Após a segunda volta, Mário Centeno recebeu a notícia de que seria o vencedor, numa disputa com o eslovaco, Pierre Gramegna, depois da desistência do candidato luxemburguês Peter Kazimir. No final da votação, o atual presidente, Jeroen Dijsselbloem, anunciou que Centeno tinha sido o escolhido entre "quatro candidatos excelentes" e desejou-lhe felicidades para o novo cargo. Dijsselbloem já anteriormente tinha sido portador de boas notícias, sem querer, ao dizer, num deslize, que Mário Centeno seria o seu sucessor. “Sou presidente até dia 12 de janeiro e Mário Centeno, assumirá o cargo, a 13", disse aos jornalistas à entrada da reunião que iria decidir o vencedor. E se à entrada da reunião, Mário Centeno referiu estar confiante, depois da vitória disse estar preparado e ansioso para formar consensos: "É uma honra devido à relevância deste grupo, à qualidade dos meus colegas e à importância do trabalho que temos de fazer nos próximos anos", declarou, durante a conferência de imprensa.
Este resultado é bem visto e consensual da esquerda à direita, Governo, Presidente da República e até a oposição já demonstraram o seu agrado com a nomeação. “Com esta eleição não há margem nem para descuidos, nem aventuras”, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que felicitou a conquista do ministro das Finanças, mas reforçou alertas: “Se o Governo não estivesse a produzir bons resultados, o presidente do Eurogrupo não seria o ministro das Finanças de Portugal”. A partir de Marrocos, António Costa referiu-se à eleição do seu ministro das Finanças como um reconhecimento internacional da credibilidade de Portugal numa área sensível: “Não é possível presidir ao Eurogrupo e depois prevaricar dentro de casa”.
Do lado do PSD houve saudações mas também alertas: a “Política de oposição não mudará pelo facto de o ministro das Finanças ser presidente do Eurogrupo”. Também o CDS afirmou que a eleição deve ser valorizada, mas que o seu sucesso vai depender do “desempenho do próprio”. E que o Ministério das Finanças não deve ser descurado.
Na minha opinião, e indo em consonância com o que foi anteriormente escrito, esta eleição é notável pois reflete o bom trabalho e os bons resultados que têm sido obtidos pelo atual governo. Pode, esta eleição, significar, também, uma maior capacidade de negociação de Portugal junto de Bruxelas. Sendo assim, além do reconhecimento do trabalho que tens sido realizado, Portugal pode também ver a sua capacidade de negociação internacional aumentada.

António Manuel Freitas Martins Cardoso

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Estarão os Portugueses a gastar mais no Natal?

Recentemente, foi divulgado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) que o poder de compra em Portugal fixou-se em 77,3% da média da União Europeia, em 2016, sofrendo um ligeiro aumento face ao ano anterior (76,8), ocupando o 14º lugar entre os Estados-membros. Portugal mantém-se à frente de países como a Eslováquia, Lituânia, Estónia, Grécia e Letónia, ficando muito atrás do Luxemburgo, que ocupa a 1ª posição.
Face a esta notícia, achei interessante analisar alguns estudos recentes em relação às intenções de compra dos Portugueses. A febre das compras de Natal chegou e, como é hábito na nossa sociedade, não há Natal sem presentes para amigos e familiares. Todavia, esta ideia de que no Natal se pode gastar sem pensar, confiando que a economia está a recuperar e que podemos abrir largamente os cordões à bolsa, será realmente verdade?
Segundo um estudo da Deloitte, no ano passado, o consumo estimado dos portugueses para a época festiva era de 356€ por, agregado familiar. No entanto, para este ano, as famílias portuguesas esperam gastar, em média, 338€, o que significa uma diminuição face ao ano passado. Será uma contradição face à notícia divulgada pelo INE? A resposta é não. Neste estudo, a conclusão é que Portugal é o único país que sente que o seu poder de compra evoluiu favoravelmente face ao ano passado. O que acontece é que o consumo efectivo tem sido, normalmente, superior ao esperado: perto de metade dos consumidores nacionais gastou mais em 2016 do que tinha pensado, incluindo as festas de Natal e de Ano Novo. As promoções e o aumento do rendimento disponível são as principais razões que levam os portugueses a gastar mais do que o esperado. Andando para trás, se analisarmos o consumo esperado entre 2009 e 2014, regista-se uma queda superior a 50%: dos 620 para os 270 euros.
Na minha opinião, este estudo revela que as famílias portuguesas estão otimistas quanto ao estado da economia e começam a recuperar poder de compra, após um período de recessão, contudo, mostram-se contidas nas despesas. Continua a haver um principal gasto do orçamento natalício nas prendas e mercearias, mas há claramente uma diferença significativa face aos gastos antes do período de crise em Portugal.
Esta mesma consultora, a Delloite, revelou que, em Portugal, quase nove em cada dez consumidores continuam a preferir fazer compras maioritariamente em centros comerciais, colocando o comércio tradicional em segundo plano. No entanto, o "fenómeno" que está a ganhar mercado são as compras de natal pela internet. A poupança de tempo e preço estão entre as principais razões apontadas pelos portugueses para fazerem as compras via online.
De uma perspetiva pessoal, acho que o comércio tradicional tem vindo novamente a ganhar quota de mercado e que a tendência das famílias portuguesas em fazer compras neste tipo de comércio também tem vindo aumentar. Ter um atendimento mais pessoal, conseguir fugir à confusão dos centros comerciais são pontos muito positivos. No entanto, é um facto que por vezes torna-se um pouco difícil competir, em preços, com cadeias mundialmente conhecidas e que, por vezes, conseguem oferecer promoções e descontos mais apelativos para os consumidores. Devo contudo confessar que devemos continuar apostar no comércio local e promover o seu crescimento.

Marina Vieira Pires

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Coesão Económica na União Europeia

          Na semana anterior, os membros do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia e do Conselho Europeu chegaram a um consenso sobre o rumo do Plano Juncker e decidiram aumentar o Fundo Europeu para Investimento Estratégico para os 500 mil milhões de euros. À luz desta notícia, decidi dar a minha opinião sobre o assunto enquanto concilio alguns conceitos abordados nos meus estudos.
         No tratado de Maastricht, em 1991, foi implementado um dos grandes pilares da União Europeia: a criação de uma união monetária. A moeda única não só nos permite excluir da equação os custos de conversão mas também os riscos cambiais. Mas existe uma problemática associada a estes benefícios que será a dificuldade por parte do Banco Central Europeu conduzir uma política monetária adequada a todos os países na presença de choques assimétricos (diferentes de país para país). Para acabar com este problema é necessário que exista uma convergência a nível económico, para se chegar a uma área monetária ótima, uma área onde uma moeda única é solução deveras mais eficiente, onde as oportunidades proporcionadas pela moeda sejam superiores aos custos provenientes da perda de independência.
         É por estas razões que iniciativas como o Plano Juncker são essenciais. No caso de Portugal, já foram financiados mais de 1,209 mil milhões de euros, o que financiou 15 projetos nas áreas das infraestruturas e inovação e 7 acordos com intermediários financeiros que beneficiaram 1314 pequenas e médias empresas e “startups”. Além disto, os fundos são direcionados para áreas da economia com pouco apoio, como é o caso do ambiente, a energia e os transportes. Ao fazer isto, não só se tornam mais atrativos os setores ao investimento como também se eliminam barreiras ao desenvolvimento.  
         Este crescimento não é superficial, é intrínseco, e pode ser o “empurrão” que Portugal precisa para voltar ao caminho da prosperidade e talvez, até, a coesão que traz pode levar a que a Europa volte ao caminho certo. Não existem “desculpas” para Portugal ficar atrás dos seus companheiros europeus com tantas oportunidades para crescer.
        
Adriano Lopes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Os efeitos da crise financeira portuguesa nas famílias

Atualmente, Portugal atravessa um excelente período económico. Recentemente, a Fitch e a Standard & Poor’s retiram o país da categoria de lixo. Além disso, o Banco de Portugal melhorou as suas expetativas de crescimento do PIB e das exportações. Apesar disto tudo, não há muito tempo, Portugal passou por uma crise económica financeira que acabou por afetar as famílias portuguesas. Em 2011, face a um fraco crescimento e a uma subida a pique da dívida pública e do défice, o governo na altura decidiu pedir ajuda às instituições financeiras internacionais. Medidas de austeridade foram implementadas para “apertar o cinto”. Apesar da melhoria das contas públicas e recuperação da confiança dos investidores, essas medidas acabaram por piorar a recessão e prejudicaram as famílias e as suas escolhas.
Entre 2010 e 2014, segundo o INE, a carga fiscal em % do PIB aumentou de 30,4% para 34,3%. Isto mostra-nos claramente um maior peso sobre a economia e, por isso, sobre as famílias. Este aumento da carga fiscal provocou uma diminuição dos rendimentos das famílias. Em 2010, as famílias registavam perto de 130 mil milhões de euros em rendimentos disponíveis brutos, tendo esse valor sofrido uma queda violenta até 2014, cujo valor ficou à volta dos 117 mil milhões. Face a esses indicadores, verifica-se que as escolhas de consumo das famílias foram afetadas. Segundo a Pordata, no mesmo período que estamos a analisar, registou-se uma descida das despesas de consumo das famílias de 122 mil milhões para praticamente 114 mil milhões de euros.
Contudo, apesar de entre 2014 a 2016 a carga fiscal em % do PIB e os rendimentos disponíveis das famílias terem praticamente estagnado, as despesas de consumo das famílias aumentaram. Isso pode ser justificado pelo aumento da confiança das famílias na economia, já que, nos finais de 2013, Portugal tinha saído da recessão e registado uma recuperação, pelos baixos valores dos juros e pelas famílias não verem benefícios em adiar o seu consumo, tendo em conta os valores da taxa de poupança.
Atualmente, este governo tem implementado uma política de recuperação de rendimentos. Essa recuperação de salários tem ajudado a fazer crescer o consumo, mas há que ter cuidado em não provocar um défice na balança comercial.

Paulo Francisco Ferreira Lopes

Nota: Todos os dados mencionados neste texto foram retirados da Pordata e do INE

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

PORTUGAL, PRODÍGIO DO TURISMO

Nos últimos World Travel Awards, Portugal foi eleito o melhor destino turístico do mundo, sendo o primeiro país europeu a receber tal prémio. Mas os prémios não ficaram por aqui! Lisboa recebeu o prémio de melhor destino para City Break do mundo e Portugal também foi eleito vencedor noutras categorias como Melhor Organismo Oficial de Turismo do Mundo, atribuída ao Turismo de Portugal, e de Melhor Sítio Oficial de Turismo, atribuída ao portal visitportugal.com.
Como podemos ver, o turismo é um dos pontos fortes do nosso país e a aposta cada vez mais forte neste setor começa a dar frutos.
O setor do turismo é um dos que mais tem contribuído para o crescimento da economia portuguesa e claro está que a beleza da nossa paisagem natural, a riqueza das nossas cidades e a amabilidade da nossa população são motivos pelos quais os turistas estrangeiros tanto prezam o nosso país. Mas nada disto aconteceria sem o investimento e aposta dos empresários e do Estado, que viram no turismo um caminho para o crescimento. Pelo menos, não seria possível da mesma forma, uma vez que a existência destas caraterísticas pode não ser, por vezes, suficiente se for desconhecida e se não for guiada e moldada da forma correta.
Quem aposta na divulgação do nosso “cantinho da Europa” e mostra tudo o que de bom tem o nosso país ao mundo é quem merece ver, agora, reconhecido este esforço. O Turismo é um setor que possibilita a atividade a grandes empresas, mas também a pequenas e médias, que constituem a maior parte do tecido empresarial português e precisam de crescer para gerar valor e ajudar a desenvolver a economia. Portugal está de parabéns e também todos os que investiram no turismo, divulgando a riqueza do nosso país ao mundo, trazendo o mundo cá e dinamizando o país.
Claro que demasiados turistas poderão trazer algumas consequências menos boas para os residentes mas, no geral, é muito positivo termos cada vez mais no nosso país. E nestes últimos anos este crescimento tem sido considerável, sendo que o número de turistas estrangeiros em estabelecimentos hoteleiros, por cada 100 habitantes, passou de 61, em 2006, para 121, em 2016, e tendo em conta que, em média, cada turista gasta cerca de 27,6€/dia, vemos que, por cada 100 habitantes, há uma receita média de 3339,6€ provenientes do turismo. É fácil fazer as contas a estes valores médios e chegar a um resultado de mais de 300 000 000€ resultantes das atividades deste setor.
Assim, acho que o turismo é um setor a promover constantemente e, sendo um dos grandes potenciadores da nossa economia, não podemos perder o prestígio que estamos a ganhar cada vez mais.

Bárbara de Sousa Gomes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

União Bancária

O reforço da união bancária é uma das medidas de reforma na zona euro, surgindo de modo a acabar com todos os desequilíbrios externos. Esta visa a criação de um “emprestador de última instância” para efeito da aplicação da medida de resolução e de uma garantia de depósitos dos europeus.
Recuando à crise 2008, que atingiu o seu pico em Portugal em 2010, sabemos que esta demonstrou ligação com o facto de os bancos estarem frágeis e também com contas públicas deficitárias do Estado e, por consequência, também as finanças públicas acabaram por sofrer. É por isso importante não deixar este cenário pairar novamente e para isso deve-se recuperar a confiança dos europeus nos bancos e no euro.
Há então necessidade de uma melhor regulamentação e supervisão do setor financeiro da UE, especialmente na área do euro. A União Bancária, por pressão do G-20, nasce em Novembro de 2014 e foi colocada em prática em 31 de Dezembro de 2015. Em dezembro de 2016, o Conselho iniciou os trabalhos sobre um conjunto de propostas que visam alterar as atuais regras da união bancária. Os principais objetivos consistem em continuar a reforçar a resiliência dos bancos e aumentar a estabilidade financeira na EU.
O objetivo é garantir que o setor bancário na área do euro e na EU, em geral, seja seguro e fiável e que os bancos não viáveis sejam objeto de resolução sem recurso ao dinheiro dos contribuintes. Visa-se, também, reduzir a fragmentação e reforçar a estabilidade financeira
Quais são, afinal, as grandes ameaças que o sistema financeiro global enfrenta? Têm valor de análise a subida dos valores dos ativos imobiliários e dos ativos financeiros? São hoje, em 2017, diferentes os sinais de 2008? Na minha perspetiva, piores situações poderão ser evitadas a longo prazo se começarmos já a erradicar todas as causas que pioram a economia e as expetativas das pessoas.

Debora Ribeiro Maravilha

https://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2017/12/06/a-reforma-da-zona-euro/

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Estranhos usos da solidariedade

Quando pensamos numa organização sem fins lucrativos que apoia crianças em estados de saúde delicados, pensamos imediatamente numa causa nobre, em gente que dedica parte da sua vida a ajudar crianças e, consequentemente, é apelado o nosso lado emotivo de uma forma enfatizada, pois são crianças e nenhuma criança merece passar uma infância assolada por uma doença e perspetivas de um futuro incerto. Quando imagino uma criança, que não devia nunca ter que passar por momentos tão difíceis, que devia poder viver realmente a sua infância, há algo em mim que se revolta. É injusto uma pessoa ter assim a vida condicionada desde tão cedo, é injusto uma criança não poder simplesmente viver a sua infância.
Mas há quem, tal como eu, veja essa injustiça e dedique parte da sua vida a combatê-la ou a suavizá-la, tentando levar alguma normalidade e felicidade à vida da criança. É algo nobre e bonito de se ver, é algo que comove.
O problema é que, no meio de tudo isto, há quem veja uma oportunidade nesta injustiça e dê um uso indevido à palavra “solidariedade”. É o caso da senhora Paula Brito e Costa, ex-presidente da Raríssimas. É revoltante ver alguém dirigir uma organização deste tipo, que supostamente se preza pela bondade, utilizar assim meios que deveriam estar a ser usados na melhoria da vida de crianças que nasceram com doenças raras, crianças que não tiveram culpa do destino que lhes calhou, mas não! Estão, segundo a reportagem divulgada pela TVI, a ser usados para bem próprio, para uso pessoal, para alimentar a “vaidade” supérflua e egoísta de uma pessoa que se intitula de “solidária”. Pois, solidariedade aqui não há nenhuma porque, enquanto as crianças lutam arduamente contra as suas doenças, a senhora Paula deslocava-se num carro de luxo, cujo aluguer ascendia aos 921,59€ por mês, auferia de um rendimento mensal base de 3000€, ao qual acrescia 1300€ em ajudas de custo, 816,67€ para um plano-poupança reforma e, ainda, 1500€ de deslocações (quando o carro que conduzia era pago pela organização). Uma despesa que ultrapassa os 7500€ mensais, numa organização que vive maioritariamente de donativos que lhe são concedidos por quem acredita na causa da Raríssimas e quer contribuir para melhorar a vida das crianças, mas que são desviados sem dó nem piedade para fins egoístas e completamente desnecessários.
Desperta-me uma tristeza desmedida ver as crianças serem usadas como pretexto para que uma pessoa leve uma vida de luxo e, ainda, arranje forma de conseguir o mesmo para o marido e filhos, cujos rendimentos mensais provenientes da Raríssimas eram de 3200€ e 1200€, respetivamente.
E não podemos esquecer a mancha que isto deixa no mundo das organizações que se dedicam a ajudar, porque nem todas elas funcionam desta forma vergonhosa. Há realmente quem se preocupe com os outros e utilize os fundos a que tem acesso da forma devida, mas perante casos destes como é que as pessoas saberão se os seus donativos estão a ser aplicados da forma correta ou estão apenas a patrocinar luxos alheios? Não sabem e, na dúvida, deixam de ajudar para não correrem o risco. E quem sai prejudicado? São as pessoas que realmente necessitam e veem as suas hipóteses de obter ajuda desaparecerem por motivos vergonhosos como este.
Pergunto-me quantas crianças viram a sua suposta ajuda a passar-lhes ao lado, diretamente para o bolso da senhora Paula Brito e Costa. Era suposto ajudar crianças, mas há vestidos demasiado bonitos para ficarem na prateleira e assim se perde a hipótese de uma pobre criança…para vestidos.
A confirmarem-se as acusações feitas a Paula Costa, este é um caso que danificará a confiança das pessoas nas organizações dedicadas a ajudar quem quer que seja e que deverá ser exemplarmente punido pela Justiça. Espero sinceramente que todos estes dados tenham uma justificação, para bem dos valores da nossa sociedade, mas, na falta disso, é preciso atuar de forma a desincentivar qualquer ação que se assemelhe a esta, para que os fundos obtidos através, por vezes, de donativos suados sejam corretamente aplicados e geridos.

Bárbara de Sousa Gomes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Tarifas de eletricidade: é desta que diminuem?

Avizinha-se um novo ano e com ele vêm também descidas nas tarifas de eletricidade. É preciso relembrar que a tarifa é uma cobrança facultativa que decorre sempre que há uma utilização de serviços públicos, feita indiretamente pelo estado, através de empresas privadas que prestam serviços em nome do mesmo, e uma taxa é o que se paga ao Estado pela prestação de serviços, ou seja, basicamente, a diferença é que a taxa refere-se apenas ao âmbito público e uma tarifa não.
Apesar das receitas da EDP, e falamos da EDP por liderar o mercado do fornecimento da eletricidade juntamente com a Endesa e a Galp, terem sido menores devido às alterações climáticas deste ano, no entanto o presidente da empresa recusou-se  a aumentar preços pelo facto de serem arbitrados a nível ibérico. Apenas se registaria um aumento do preço caso existisse uma seca a nível ibérico, e por isso espera-se a partir de Janeiro do próximo ano uma redução de 0,2%, o que significa uma redução de 9 cêntimos numa fatura de 45,7 euros (ERSE). São ótimas noticias dado que já desde 2000 que não se verificava uma descida nas tarifas da eletricidade, ano em que se registou uma redução de 0,6%.
Na minha opinião, tudo isto só pode trazer vantagens consigo e ainda um aumento da competitividade neste setor de mercado, apesar de não ser uma poupança notória individualmente visto que são alguns cêntimos mensais que guardamos no bolso e de facto não é nada de abismal, mas, ao fim de um ano, já pode ser um euro ou dois e, a nível nacional, terá efeitos maiores e claramente que os consumidores não têm conseguido acompanhar as subidas de tarifas, taxas, impostos e preços.

Debora Ribeiro Maravilha

Bibliografia:
https://comparador.selectra.pt/fornecedores/ranking

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Inteligência Artificial: poderemos ser substituídos pela tecnologia?

       Num mundo em constante mudança, determinados momentos marcaram a evolução e o crescimento tecnológico para chegar à realidade que atualmente conhecemos. De extrema importância nesse processo foram, na minha opinião, as revoluções industriais. A primeira deu-se no século XVIII, com a transição de diversos processos de produção, que passaram a ser realizados com recurso a máquinas em vez de métodos artesanais.
         Atualmente, estamos a passar pela quarta revolução industrial, a Inteligência Artificial (IA). Define-se como IA o ramo da ciência da computação responsável pela elaboração de dispositivos que simulem a capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver problemas. Em suma, a IA não é mais do que uma forma de inteligência similar à humana exibida por mecanismos de software.
         Os chatbots de aplicações, como o Messenger do Facebook, os robôs que ajudam nos aeroportos, as máquinas que permitem encomendar ou receber comida nos restaurantes sem a interação com humanos ou os carros que se conduzem sozinhos, tudo isto são exemplos de Inteligência Artificial. Apesar de todos as consequências positivas que este avanço tecnológico, a meu ver, traz, quais serão os impactos de longo prazo no mercado de trabalho? De acordo com uma previsão do Fórum Económico Mundial, a IA será responsável pelo desaparecimento de cinco milhões de postos de trabalho até 2020, num grupo de 15 países desenvolvidos e emergentes. Contudo, um estudo da consultora Gartner, Predicts 2018:AI and the Future of Work, conclui que a IA irá criar mais empregos do que aqueles que destruirá no médio prazo, tendo, nesta perspetiva, efeitos mais positivos no mercado de trabalho do que negativos.
         Na minha opinião, é fácil perceber quais as vantagens associadas à IA, na medida em que podem tornar os processos de produção e automação, especialmente se forem repetitivos, mais rápidos e eficientes, bem como menos propensos ao erro. Podem, também, se usados para isso, ser instrumentos de auxílio ao ser humano em vez de substituição direta, possibilitando, desta forma, a especialização dos humanos onde estes são realmente necessários. Tomemos como exemplo uma loja. Enquanto que empregos de caixa podem ser facilmente substituídos, com os vendedores isso não acontecerá com tanta facilidade, uma vez que muitas pessoas preferem o contacto humano no atendimento.
         Porém, nem tudo é positivo. Para além da perda de milhões de postos de trabalho (de acordo com o Fórum Económico Mundial), a IA pode, a meu ver, ter também um impacto negativo ao nível dos relacionamentos das pessoas e na forma como estas interagem com a sociedade. Estas consequências são imprevisíveis, uma vez que ainda não se sabe ao certo de que forma a IA irá interferir neste aspeto da vida das pessoas. O risco de superação da inteligência humana também é um fator preocupante relativamente à IA, dado que, nessa circunstância, a incerteza é grande. Stephen Hawking defende, desde há algum tempo, que a IA pode mesmo acabar com a humanidade da forma que a conhecemos.
         Assim, penso que a inteligência artificial é uma ferramenta que, se usada da melhor forma, pode ter um impacto positivo de grandes dimensões na economia, uma vez que pode ser a grande responsável pelo aumento da produtividade das empresas. Contudo, pode levar a consideráveis perdas de postos de trabalho, o que pode ter consequências nefastas no mercado de trabalho.

Liliana Gestosa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Natalidade em Portugal: “Este país não é para bebés!”

        A natalidade é o número de nascimentos ocorrentes numa determinada população e em dada data. A taxa de natalidade pode ser usada como indicador de fecundidade, sendo expressa pela proporção entre o número de nascimentos ocorridos num ano e o número efetivo da população, normalmente em permilagem.
         Em Portugal, temos uma diminuição notória neste índice nos últimos anos, começando a ser um grande problema. Como se vê no gráfico acima, repara-se que este número sempre se revela numa queda geral, desde 1960. Portugal foi considerado o país com a segunda taxa de natalidade mais baixa da UE, sendo esta igual a 8,4%o, o que nos indica que em 2016 nasceram cerca de 87 mil bebés.
         A realidade que enfrentamos agora é a maior frequência de casais com apenas um filho. Apesar de tal se verificar cada vez mais em outros países, esta verdade alcança níveis extremos e preocupantes na nação Lusitana.
Também a maternidade tardia começa a preocupar neste país. Isto é, cada vez mais notamos que as mulheres esperam mais e mais para ter o primeiro filho. Este atraso tende a dificultar uma segunda gravidez. Como se consegue verificar neste último gráfico, as mulheres portuguesas têm o seu primeiro filho com cerca de 30 anos, número que em dez anos sofreu um aumento de 2,1 anos, isto é, em 2006 as mulheres tinham o primeiro filho com mais ou menos 28 anos.
         Podemos afirmar que estes números de devem à crise económica que se sente em Portugal, adicionando-se a perda de capacidade do nosso país para atrair imigrantes e reter os jovens portugueses recém-licenciados como causas deste fenómeno.
Tendo em conta que estamos num dos países em que os casais têm menos filhos por mulher quer da União Europeia quer do mundo, devemos perguntar-nos se as condições existentes, como apoios e ajudas, são agradáveis para ter efetivamente o número de filhos desejados. Não acredito que esta pergunta tenha uma resposta positiva. Creio na necessidade urgente de aumentar os incentivos à natalidade. Sendo que isto pode até trazer instabilidade ao sistema social português num futuro próximo.
O que é certo é que a taxa bruta de natalidade tem vindo a aumentar desde 2014, mostrando um aumento na confiança dos Portugueses. Assim, a meu ver, é fundamental contrariar esta tendência, e evitar a inversão da pirâmide demográfica, para assegurar a sustentabilidade da sociedade portuguesa, e dar aos portugueses motivos para confiar no sistema.

Jéssica Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Uma boa notícia para Portugal

Na passada sexta-feira, dia 15 de dezembro de 2017, a agência Fitch subiu o rating de Portugal em dois patamares, de BB+ para BBB, cuja perspetiva associada a esta dotação é a de crédito “estável”. De notar que a notação atribuída pela Fitch a Portugal não era alterada desde novembro de 2011. Ora, com dois ratings positivos (a S&P também subiu o rating de Portugal em Setembro), temos o retorno de Portugal aos principais índices de obrigações, o que indica boas perspetivas de investimento em dívida nacional a juros mais baixos.
         Os investidores que debruçaram as suas ações sob a expetativa da Fitch tomar esta decisão agilmente compraram dívida portuguesa a preços mais favoráveis na expetativa de, com esta confirmação, vender mais caro a investidores mais cautelosos. Tendo em conta também que muitos investidores optam não por investir num emitente específico mas sim por investir num índice, se a dívida portuguesa volta a constar em determinado índice, isso leva a que muitos investidores tenham de comparar dívida pública.
         Temos portanto uma ótima notícia para Portugal tendo em conta que se pode financiar nos mercados com uma taxa de juro mais baixa e com forte interesse por parte dos investidores. Acrescentando-se que foi previsto que no ano de 2017 a economia portuguesa entregaria 4,3% do PIB apenas para saldar juros da dívida pública, uma notícia que indique que esta fatia do PIB possa diminuir nos próximos anos é obviamente agradável. É espectável que nos próximos meses recebamos uma boa nova similar por parte das restantes agências de rating tendo em conta o que as outras agencias já anunciaram, mas também tendo presente as melhorias a nível económico que o país tem apresentado nos últimos tempos, que contribuem para um clima de maior estabilidade.

         Ana Isabel Ferreira da Rocha

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

domingo, 17 de dezembro de 2017

INCÊNDIOS EM PORTUGAL

Os incêndios em Portugal são uma calamidade muito difícil de compreender em pleno seculo XXI.
Este Verão de 2017, que se estendeu até meados de outubro, trouxe-nos uma tragédia que não nos destruiu apenas a floresta portuguesa, mas também uma verdadeira tragédia humana com mais de uma centena de mortos. No entanto, muitas questões ficaram sem conclusões definitivas e consequente tomada de responsabilidades.
A demissão da Ministro da Administração Interna e de algumas chefias da Proteção Civil parecem ter acalmado os ânimos e, como era essencial, os meios de comunicação social e as forças políticas tiveram de virar a sua atenção para questões orçamentais e nomeações europeias. Mas muitas perguntas ficaram por responder, a começar pela origem do Grande Fogo de Pedrogão, o fogo que mais vítimas mortais causou! Quais foram as suas causas? Ficamos sem saber verdadeiramente o que foi, apesar do ridículo da trovoada que teria sido o ponto de ignição, mas a possibilidade fogo posto nunca foi devidamente considerada. Porquê?
Também nunca foi explicado devidamente quem efetivamente foi responsável pelas estradas não terem sido encerradas quando deviam e apenas quase 5 horas depois do primeiro alerta. E porque foram as pessoas encaminhadas para a agora denominada “estrada da morte” quando se sabiam as características daquela estrada, com copas de árvores a tocarem-se, formando um túnel infernal?
E porque não se explica também o motivo porque os meios aéreos da Força Aérea não são utilizados no combate a incêndios, preferindo-se pagar remunerações milionárias a empresas privadas para que utilizem os seus meios?! Na Força Aérea, será um problema de equipamento? Um problema de falta de formação dos pilotos para ataque a incêndios. É afinal o quê?
Isto para não falarmos do grande negócio da substituição das viaturas das corporações de bombeiros ou do magnífico negócio que é também o fornecimento de equipamento de proteção individual?
E mais perguntas? No pós-tragédia, o que está a ser feito em termos de ordenamento do território para que as desgraças deste Verão não se repitam? Certamente que não conseguiremos reflorestar tudo com espécies endógenas e não invasoras, mas certamente poderemos incentivar a limpeza das áreas de segurança, abrir os necessários caminhos de acesso, repor uma força anualmente presente de Guardas Florestais. As multas terão de ser bem duras para quem não garantir a limpeza dos seus terrenos. Infelizmente, em Portugal só funcionarão medidas de âmbito duramente punitivo. Por aqui passará a prevenção associada que terá de estar a um incansável combate e escrutínio de todo e qualquer tipo de aproveitamento pela indústria do fogo. Desde as celuloses, que têm todo o interesse em comprar madeira a 1/3 do preço, até vendedores de meios aéreos, de viaturas de combate de equipamentos de proteção… Todos têm de estar sobre muito próxima vigilância.
Do lado do combate, quando ele for necessário, teremos que ter um sistema de comunicações resiliente e redundante, que permita um ataque efetivo e atempado de situações, evitando assim o escalar das mesmas. Temos de ter uma Força Aérea ativa e empenhada no combate e na coordenação dos meios aéreos, que deverão, na medida do possível, ser nossa propriedade. Tem que também haver muito mais profissionalismo na coordenação ao combate, mas também no ataque efetivo do mesmo. A formação nos dois âmbitos terá de ser bastante reforçada para termos bombeiros e comandantes de bombeiros com os skills necessários a estes autênticos teatros de Guerra.
Infelizmente e para minha grande tristeza, creio que no Verão de 2018 vamos voltar a falar sobre este assunto e mais uma vez não será pelas melhores razões!

Mara Marques

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

A subida de Portugal em dois níveis para a Fitch

                No passado dia 15, a agência de rating Fitch subiu o rating português em dois níveis acima do considerado “lixo”. Mas o que é uma agência de rating e o que motivou esta subida?
         Uma agência de rating é uma empresa que avalia o risco de outras empresas ou países, tendo um papel muito importante nos mercados financeiros, ao longo dos últimos anos, devido à emergência de mercados em que se compram e vendem títulos de empresas, de dívidas e derivados. De todas as agências espalhadas pelo mundo, a Fitch, a Moody’s, a Standard & Poor’s e a DBRS são as reconhecidas pelo Banco Central Europeu (BCE) para avaliar o risco de Estados e empresas.
         A única agência que mantinha, durante a crise soberana, Portugal acima de “lixo” era a DBRS, sendo a única que garantia a elegibilidade da dívida nacional para os programas de compra do BCE. Ao longo do corrente ano, as avaliações feitas à classificação do rating português sofreram alterações. Já em setembro, a Standard & Poor’s tinha subido o rating de Portugal, deixando de estar no nível “lixo” para pertencer ao nível “investimento”, onde não se prevê risco de incumprimento no reembolso da dívida. Esta subida já tinha permitido que novos investidores passassem a poder adquirir títulos da dívida portuguesa, levando à descida das taxas de juro registadas após a decisão. Em outubro, a Moody’s manteve a classificação do país no primeiro patamar de “lixo”, no entanto perspetivava uma evolução positiva da dívida portuguesa.
         No dia em que as taxas de juro de Portugal, nos mercados, igualaram as taxas de juro de Itália, a agência de notação financeira Fitch subiu o rating português em dois patamares, deixando o “BB+” para pertencer ao nível “BBB”, dois graus acima do nível “lixo”. Esta espécie de movimento é muito pouco habitual e mostra como é importante, para os responsáveis da agência, corrigir em alta a classificação de Portugal nos mercados.
         O que permitiu esta subida, segundo a Fitch, foi essencialmente a descida no rácio da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) e a expectativa, tanto da agência como do Governo, de uma descida de mais de três pontos percentuais no rácio, podendo atingir os 127% do PIB. Além disso, o facto de Portugal estar a conseguir reduzir de forma sustentada e gradual o endividamento externo, a recuperação registada em 2017 da economia e também os esforços realizados para recapitalizar o setor bancário são fatores justificativos desta mesma subida por parte da agência de rating.
         Ficando apenas a faltar a subida de “lixo” por uma das agências, a Moody’s, é possível que esta subida na classificação se venha a realizar no próximo ano, uma vez que esta mesma agência prevê uma evolução “positiva” no rating.
         Na minha opinião, todas estas subidas e perspetivas de evolução “positiva” do rating português provocam um aumento da confiança na presença de Portugal nos mercados, levando ao aumento da visibilidade do país como também à inclusão da dívida no radar dos maiores fundos de investimento. Esta melhoria permite até que investidores mais passivos possam comprar também dívida portuguesa, levando a novas descidas nos juros portugueses, beneficiando assim o peso da dívida do Estado e, consequentemente, na generalidade as empresas e famílias.

Marisa Liliana Araújo Bertoluci Brito

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

A indústria do calçado em Portugal

            Ao longo dos últimos anos, as notícias acerca da expansão do setor do calçado em Portugal são um tema recorrente. A indústria do calçado tem vindo a apresentar um forte desenvolvimento nas últimas décadas, sendo este resultado da integração de Portugal no espaço europeu e o consequente acesso a um mercado maior.
         Segundo a APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos), no ano de 2016, a produção de pares de calçado foi de 82 milhões, sendo que esta produção foi possível com um conjunto de 39 mil trabalhadores. O calçado produzido em couro, tanto para homem como para mulher, representou dois terços da produção de pares. Ainda neste ano, a produção de pares de calçado aumentou 4, correspondendo ao valor mais elevado obtido durante a última década.
         Em Portugal, o calçado em couro representa 90% das exportações de calçado, tendo como principais países de destino França, Alemanha, Espanha, Holanda e Reino Unido. Por outro lado, as importações relacionadas com o calçado centram-se, sobretudo, em materiais têxteis e plásticos, cujos principais parceiros são a Espanha e a China. A APICCAPS afirma também que, em 2016, o consumo de calçado em Portugal aumentou e atingiu o seu máximo, sendo este de 57 milhões de pares. 
         Relativamente ao emprego e produção na indústria do calçado, segundo a APICCAPS, estes dois componentes estão diretamente relacionados, isto porque quando se regista um aumento no emprego regista-se um aumento na produção, e vice-versa.  
         Apesar desta evolução positiva do setor do calçado,m há que realçar que a Ásia é uma forte concorrente, uma vez que é responsável por 87% da produção, sendo que só a China é responsável por 60% da mesma.
         Após terem sido expostos vários dados acerca da indústria do calçado, é importante ainda referir que nos últimos tempos este setor tem sido alvo de várias notícias, sendo que as mais recentes mencionam o facto desta ser “a indústria mais sexy da europa”. Esta notícia confirma aquilo que se pode encontrar no sítio da APICCAPS. Segundo esta associação, esta é a indústria mais sexy da Europa, uma vez que o calçado português é moderno, jovem, sexy e consegue combinar a tradição com as tecnologias de ponta e o “know-how” com o melhor design.
         Assim sendo, é de destacar que o presidente da APICCAPS, o empresário e designer Luís Onofre, afirma que a indústria do calçado precisa de pessoas jovens e que é necessário mostrar aos mais novos que a indústria se renovou e que tem uma visão mais direcionada para o futuro.
         Posto isto, é de salientar que a APICCAPS tem direcionado a sua estratégia para o mercado internacional e, por isso, apostado em programas de apoio à participação em feiras e na formação do capital humano que tem disponível. Ou seja, tem-se focado em trabalhadores com melhores e mais capacidades. O número de trabalhadores qualificados aumentos de 28% para 57%.
A meu ver, é necessário que se continue a apostar na indústria do calçado, sendo também fundamental que a APICCAPS continue a promover a participação das empresas portuguesas em feiras, como meio de dar a conhecer os produtos nacionais. Estas medidas aliadas à formação contínua dos trabalhadores são pontos fulcrais não só para atingir a meta da “formação ao longo da vida”, mas também porque só assim conseguiremos acompanhar o mercado internacional e, desta forma, chegar ao topo.

Ana Carolina da Silva Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Bitcoin, uma bolha prestes a estourar

 Muito se tem falado da Bitcoin no último ano. No entanto, o termo que define um “tipo de moeda virtual” pode ainda não ser assim tão familiar para muita gente. A moeda protegida por criptografia, conhecida por cripto-moeda, existe no mundo digital há mais de 10 anos, mas foi a sua supervalorização ao longo deste ano que chamou a atenção.
Após cair fortemente, o preço da bitcoin voltou a subir e estabeleceu novos recordes, e praticamente duplicou em apenas um mês. Uma bitcoin passou a valer nos últimos dias 17000 dólares, cerca de 14000 euros, isto porque alguém ou um conjunto de pessoas aceitou trocar 17000 dólares, garantidos pela Reserva Federal, por uma moeda digital que não é garantida por nenhuma entidade formalmente reconhecida.
Independentemente da opinião que cada um tenha acerca da bitcoin, uma coisa é certa a valorização da cripto-moeda nos últimos anos terá sido uma das melhores oportunidades de ganhar (muito) dinheiro. Ora, veja-se que, em 2011, quem tivesse aplicado 100 dólares, cerca de 75 euros, tinha comprado 333 cripto-moedas, e hoje poderia vender cada uma dessas moedas por 17000 dólares. Feitos os cálculos, o investimento de 100 dólares em 2011 rendia agora cerca de 5661000 dólares!
Uma das razões para se comprar um ativo financeiro passa por acreditar que se consegue vender no futuro mais caro a outro investidor. Neste caso, para mim, pode aplicar-se o “efeito bola de neve”. Quem compra uma bitcoin compra porque está otimista que conseguirá vender mais caro a alguém, e esse alguém compra porque acha que consegue vender a outro alguém ainda mais caro, e assim sucessivamente. É claro que chega um dia em que a bola não cresce mais e acaba por derreter, e aquele alguém que não consegue vender mais caro a ninguém é o primeiro a perder dinheiro.
A euforia das moedas virtuais chegou a Portugal devido aos recordes sucessivos que a Bitcoin tem alcançado e que os meios de comunicação social divulgam diariamente. Isto está a preocupar a CVMV, que de certa forma tenta proteger os investidores que possuem menos conhecimentos acerca dos mercados financeiros e dos riscos que a Bitcoin apresenta. Desta forma, a CVMV alerta que todo cuidado é pouco quando se investe neste tipo de instrumentos financeiros, e divulgou ainda um estudo europeu da ESMA que concluí que 80% dos investimentos realizados em produtos complexos, com um elevado grau de alavancagem e que têm como ativo subjacente as moedas virtuais, apresentam uma perda total para quem investiu.
 A questão que coloco é: serão as cripto-moedas o futuro do dinheiro ou não passam de uma fraude que levará à ruína aqueles que não se desfizerem delas a tempo? É impossível dizer-se se a valorização vai continuar ou se é uma bolha prestes a estourar. Presumo eu que há uma boa possibilidade da bitcoin continuar a valorizar-se, no entanto, é expetável que mais tarde venha a colapsar.
Muita gente tem feito a analogia entre a bitcoin com a crise das túlipas na Holanda, que ocorreu no século XVII. As semelhanças podem ser grandes, no entanto, para mim, os bolbos de túlipas tinham pelo menos alguma utilidade.

Carla Susana Peixoto Teixeira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]