domingo, 31 de outubro de 2021

CLIMA – UM DESAFIO SEM PRECEDENTES NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

          O clima está a mudar! Desde há milhares de anos que a temperatura média global do planeta tem vindo a aumentar gradualmente. A interferência humana tem sido a principal razão para esta alteração ocorrer de forma drástica e rápida. A prova disso são os comportamentos, atitudes e atividades desenvolvidas, que se têm refletido no aumento significativo das emissões de CO2 (responsável por 60% do efeito de estufa) a partir de combustíveis fósseis, que aumentam, todos os anos, mais de 2,1%. Isso tem reflexo, também, no aumento da temperatura média em mais de 1,1ºC, na subida do nível médio do mar em mais de 4mm por ano; na redução abrupta da extensão do gelo marinho em mais de 13%; e no aumento da frequência de eventos climáticos extremos por todo o mundo, nomeadamente ondas de calor, inundações, incêndios, furacões, tempestades, secas, etc. (dados da World Resources Institute)

Todas estas questões constituem preocupações primordiais para a globalidade das nações, uma vez que as alterações climáticas têm impactos, quer ao nível ambiental quer, também, ao nível económico.

Segundo um relatório da Oxfam, se nada for feito para combater estas mudanças, as economias dos países mais ricos podem vir a regredir duas vezes mais, quando comparado com a recessão verificada na crise da Covid-19. De acordo com o mesmo relatório, as nações do G7 (principais nações industrializadas no mundo) podem vir a perder, em média, 8,5% do seu PIB a cada ano, isto é, cerca de 4,8 triliões de dólares (o dobro das perdas económicas associadas à Covid-19). Assim, o principal objetivo a manter passa por garantir o crescimento e o desenvolvimento das economias, ao mesmo tempo que as adaptamos a uma tecnologia verde e sustentável.

Diversos esforços têm sido feitos neste sentido. Em 2015, várias nações de todo o mundo assinaram o Acordo de Paris, um tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que tem por objetivo central a redução da emissão de gases com efeito de estufa a fim de conter o aquecimento global nos 1,5ºC. O relatório anterior alerta ainda que, se as metas de emissões líquidas zero para 2050 previstas no Acordo de Paris não forem cumpridas, o mundo como um todo pode perder cerca de 10% do seu valor económico atual.

A questão que se coloca é se é possível travar as alterações climáticas e, ao mesmo tempo, impulsionar a economia. Apesar de, muitas vezes, pensarmos que não, diversos estudos mostram que as medidas implementadas para combater o aquecimento global podem ser uma oportunidade para garantir o desenvolvimento sustentável e impulsionar o crescimento económico das nações. Um relatório da Comissão Mundial sobre a Economia e o Clima refere que essas medidas podem gerar um lucro económico de 26 bilhões de dólares até 2030. Deste modo, para traçarmos uma trajetória de crescimento forte e benéfico para as diversas nações devemos focar-nos nos cinco setores principais da economia.

Em primeiro lugar, é necessário optarmos por sistemas de energia mais limpos, alterando o sistema energético predominante e atual, substituindo os combustíveis fósseis, tais como o gás, o petróleo e o carvão, por fontes de energia mais sustentáveis e livres de carbono fóssil, como a energia eólica, a solar e a biomassa. É importante também criarmos desenvolvimentos urbanos mais inteligentes (“Smart Cities”), através de cidades mais compactas, conectadas, coordenadas e eficientes.

O uso sustentável da terra é outra medida que permitiria frear as mudanças climáticas, se passarmos a usar formas de agricultura mais sustentáveis e de proteção florestal e animal.

A escassez da água pode ter impactos económicos bastante avultados, na medida em que em certas regiões a previsão é de que o seu PIB caia drasticamente. Uma forma de evitarmos que isto aconteça é fazermos uma gestão inteligente da água, por meio de melhorias tecnológicas e de investimento para se usar a água de uma forma mais eficiente. Outras políticas a adotar estão relacionadas ao uso mais eficiente e circular dos materiais com vista à redução dos resíduos e da poluição, fenómenos intimamente relacionados com as alterações climáticas.

Partilho da opinião da Organização Das Nações Unidas e acredito que ainda não é tarde para reverter a mudança climática e minimizar os seus incomensuráveis impactos. Contudo, considero também que reverter o clima e travar as alterações climáticas é o desafio mais difícil que a Humanidade já teve. Acredito que iremos conseguir e tenho esperança na Humanidade.

 

Patrícia Silva

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Como tornar a rede de transportes em Portugal mais viável?

Há quem defenda que os impostos sobre a gasolina e o gasóleo devem ser elevados como forma de promover a redução do uso de combustíveis fósseis e assim reduzir a poluição e incentivar o uso de transportes menos poluentes, como a bicicleta, ou seja, estes impostos serviriam como um imposto Pigouviano, pois serviria para combater uma externalidade negativa, que neste caso são os efeitos nocivos do uso de energias fósseis. No entanto, eu sou da opinião de que esta medida só deve acontecer caso seja acompanhada por uma evolução crescente da rede de transportes do nosso país. Tal não acontece neste momento, pois é evidente que ela é bastante deficitária, visto que não é suficientemente vantajosa e viável para as pessoas que usam meios de transporte individuais, como o automóvel.

Estudos realizados pela DECO comprovam que a opção pelo automóvel é geralmente tomada em função do tempo usado na deslocação, a flexibilidade, o conforto e o custo da viagem. Por outro lado, o aumento do custo da habitação nos centros das cidades está a levar muitos cidadãos para a periferia, onde existem menos opções de transporte público, obrigando assim a trazer os carros para dentro das cidades quando essas pessoas vão para os seus trabalhos.

O problema mais visível no que se refere aos transportes coletivos públicos é que eles não se adaptam muito bem às necessidades das pessoas, pois muita gente, para ir de casa até ao seu emprego, teria de trocar várias vezes de meio de transporte para assim chegar ao seu destino. Isso acarretaria custos acrescidos e levaria a que essa opção fosse menos viável e que fosse preferível fazer esse percurso de carro pois a pessoa pouparia tempo e dinheiro. Deste modo, muito deve mudar no que toca à rede de transportes nacional para que o automóvel a gasóleo/gasolina se torne uma alternativa pouco utilizada.

A meu ver, possíveis medidas a adotar seriam, por exemplo, o alargamento das redes de metro das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa, fazendo com que as suas periferias ficassem mais acessíveis, pois são essas áreas que contêm mais população residente. Para além disso, o aumento do número de ferry boats que fazem a travessia do rio Tejo diariamente aliviaria consideravelmente o transito tanto na ponte 25 de abril como na ponte Vasco da Gama.

Outras medidas a realizar poderiam ser a substituição de transportes públicos movidos a gasóleo, como comboios e autocarros, por modelos movidos a eletricidade, sendo que esta medida já tem sido tomada, principalmente com a eletrificação das linhas de comboios, a nível nacional. Ademais, a construção de ciclovias em centros urbanos e a realização de campanhas de sensibilização para o uso da bicicleta podem ser uma boa decisão para a redução da poluição do ar.

Em relação a medidas que tornem a opção de usar transportes públicos mais economicamente viável para a população, pode-se adotar uma isenção de pagamento desses serviços aos agregados familiares com menos capacidades financeiras ou, pelo menos, um desconto no uso desse mesmo serviço. Além disso, o aumento dos incentivos económicos à aquisição de veículos elétricos é certamente uma excelente medida para reduzir os níveis de poluição nas grandes cidades onde há maior concentração de veículos.

Por fim, quanto a medidas que permitam que a rede de transportes públicos seja mais rápida e pontual, seria uma boa ideia implementar sistemas inteligentes para a gestão de tráfego urbano e de estacionamento, de forma a facilitar a movimentação, reduzindo assim os atrasos. Além disso, importa também fazer a requalificação de vias, cruzamentos e nós que sejam focos generalizados de engarrafamentos para assim aliviar o fluxo de movimento nessas áreas e reduzir os fenómenos de “pára-arranca” que acontecem quando existe muito transito. Está comprovado que é nesses momentos que os automóveis gastam mais combustível, fazendo também com que as emissões de CO2 sejam enormes.

Em suma, é evidente que os preços dos combustíveis em Portugal são exageradamente altos e não existe justificação possível para que a carga fiscal sobre os mesmos seja tão alta, nem mesmo para tentar reduzir o uso de combustíveis fósseis, pois, como referido acima, Portugal não tem uma rede de transportes urbanos suficientemente desenvolvida que justifique esta medida fiscal.

 

Diogo Creio

 [artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]   

Brexit: Impacto da saída do Reino Unido na União Europeia

A 31 de janeiro de 2020, assistimos a um momento histórico na União Europeia que foi, nomeadamente, a saída formal do Reino Unido. As consequências deste acontecimento ainda não são claras visto que é a primeira vez que um estado-membro abandona a união económica e política, desde a sua criação. Porém, já existem previsões do impacto na economia, na política e na sociedade da Europa.

Este processo começou em junho de 2016, quando os britânicos votaram no sentido de sair da União Europeia, o chamado “Brexit” (fusão das palavras “saída” e “britânica”, em inglês). O resultado trouxe discórdia na sociedade e causou a queda do primeiro-ministro David Cameron, substituído por Theresa May.

O Reino Unido, ao lado da Alemanha e da França, era um dos países-membros que mais contribuía a nível financeiro. Em 2014, este forneceu 11,3 mil milhões de euros à União Europeia. Com o Brexit, essa responsabilidade recairá principalmente sobre os alemães, uma vez que a Alemanha é a maior economia nacional da União Europeia. Assim, a União Europeia fica mais dependente deste país, o que na minha opinião não é bom para a mesma uma vez que, se eles não conseguirem manter a estabilidade do euro, o bloco pode todo afundar-se.

A migração, nomeadamente o direto dos imigrantes, também foi um assunto que preocupou a União Europeia. Muita gente votou a favor do Brexit com o objetivo de reduzir o número de imigrantes no Reino Unido. O governo britânico prometeu a possibilidade de candidatura a um visto permanente para os 3,2 milhões de europeus que já vivem ou trabalham lá. A EU, pouco satisfeita com a falta de informação dada pelo governo, apelou que fossem apresentadas medidas “mais claras e ambiciosas” acerca do futuro e dos direitos dessas pessoas.

Apesar de a experiência britânica mostrar como é difícil abandonar a União Europeia, vários movimentos ultranacionalistas em outros países também querem entrar na onda. A sorte da União Europeia é que estes ainda não têm força política suficiente para conseguirem a sua saída.

No que diz respeito ao nosso país, Portugal poderá ser um dos países mais afetados pelo Brexit, devido à significativa exposição da economia portuguesa ao Reino Unido, colocando, consequentemente, as empresas portuguesas numa situação de vulnerabilidade. Segundo estudos realizados, existem setores da economia nacional que se encontram mais expostos aos efeitos negativos do Brexit do que outros, devendo-se tal ao facto de dependerem bastante das exportações para o Reino Unido. Sendo assim, os grupos de produtos com risco global mais elevado são os informáticos, eletrónicos, óticos, equipamentos eletrónicos, veículos automóveis, reboques e semirreboques.

Porém, também podemos olhar para o Brexit como uma oportunidade para determinados setores da economia portugueses, que poderão conquistar mais oportunidades com a saída do Reino Unido da UE. Segundo um estudo da CIF, o setor farmacêutico, alimentar, químicos, e coque e produtos petrolíferos apresentam oportunidades efetivas que possibilitam que Portugal posso vir a substituir, neste contexto, outros países enquanto fornecedor do Reino Unido. Outros setores, como o Mobiliário, poderão aproveitar as oportunidades resultantes da reconfiguração do mercado interno europeu para reforçar a sua presença no Reino Unido e no resto da União Europeia.

No que toca às relações entre o nosso país e o Reino Unido, é de salientar que existem desde há mais de um século tratados bilaterais de liberalização das trocas que continuarão em vigor uma vez que já assim era no âmbito da UE. Inclusive, o Reino Unido já afirmou que Portugal é um dos países europeus cuja parceria é fundamental na política internacional pós-Brexit, na qual mantém alguma proximidade à União Europeia.

 

Mariana Alves Correia

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

O ´e-commerce` tornará o mundo mais sustentável

      E-commerce é um termo utilizado para definir as ações de compra e venda de produtos físicos pela internet. Tais ações podem ser constituídas entre os agentes económicos de três principais formas: business-to-consumer (B2C); business-to-business (B2B); e consumer-to-consumer (C2C).

Quando os agentes económicos se organizam desses modos, pela internet, eles tornam o mundo mais sustentável. Isso porque o e-commerce torna toda a cadeia produtiva mais sustentável. Por exemplo, através da internet os gastos com energia e água podem ser reduzidos já que as práticas inerentes a modelos de negócio online são mais sustentáveis. Os executivos aderentes ao e-commerce também possuem uma série de oportunidades, como a redução dos custos, o ganho de escala e a possibilidade de utilizar uma maior porcentagem dos ganhos para investir em inovação.

Assim o comércio online se tornou extremamente atrativo para todos os tipos de empresários. Desde os micro aos maiores, faz sentido se recorrer à internet. Atualmente, há uma tendência de produtores independentes entrarem nesse meio, mas há décadas entrar no digital era uma estratégia ousada. Hoje, os que tomaram tal risco no passado são conhecidos como os maiores nomes da internet mundial. São empresas como Amazon, Alibaba, Wallmart e Mercado Livre.

Atualmente, a indústria têxtil é uma das que mais causam desperdícios, logo, otimizar os recursos dessa indústria certamente seria uma mais-valia e um passo na direção de um mundo mais verde. Todos os agentes económicos envolvidos na cadeia da indústria fashion contribuem para os altos índices de poluição e desperdício. Dados mostram que uma em cada duas pessoas joga roupas no lixo em vez de doarem essas roupas que demoram décadas para se degradarem. Apenas os Estados Unidos produzem 17 milhões de toneladas de tecidos desperdiçados todos os anos. Esse número se torna mais impactante quando somado ao fato de que para produzir uns jeans e uma camiseta são necessários 5000 galões de água. Entretanto, o desperdício de água não é o maior problema da indústria, mas sim os gases de efeito estufa. A indústria têxtil sozinha é responsável por 10% de toda a emissão desses gases, contribuíndo para o aquecimento da Terra e para as mudanças abruptas de clima.

Dado tamanho desperdício da indústria têxtil e do ramo fahion como um todo, as empresas tomaram algumas medidas inovadoras. A mais utilizada foi o e-commerce, porque utilizar as plataformas digitais faz com que as empresas reduzam o desperdício e a poluição. Isso acontece dado procura do consumidor que compra online. Esse tipo de consumidor deseja entrar numa plataforma digital e se deparar com mais opções de produtos. Assim, os fabricantes adotaram uma disposição long tale, na qual há menos produtos no total, mas em maior variedade. Como consequência, esses produtores diminuíram os gastos necessários para produzir as suas peças. Além disso, esses produtores podem trabalhar com menos estoque e fazer mais dos produtos com mais fluxo, adotando ligeiramente um mindset de on-demand. Assim, sendo benéfico para o produtor, que consegue diminuir os gastos, para o consumidor, já que ele encontra mais produtos, e para o planeta, pois reduz as emissões de gases de efeito estufa.

A pandemia serviu como um grande acelerador dos negócios digitais já que impôs essa realidade aos pequenos e médios empresários. Em 2019, o comércio eletrónico era responsável por $3,4B em vendas. Já em 2021, de acordo com previsões do Statista, $4,9B serão vendidos pela internet, um aumento de 44%. Em 2021, a grande empresa focou-se mais na internet e o pequeno empresário aprendeu a usufruir das possibilidades de negócios nela.

Para o pequeno empresário que adotou o modelo de negócio online nesse período, há diversas facilidades na rede. As barreiras à entrada são mínimas e as conexões possibilitadas através da internet permitem que uma pessoa independente gere um negócio relevante do seu próprio laptop, em seu quarto; plataformas como o Shopify permitem que isso seja possível. Devido às poucas barreiras à entrada, chego à conclusão de que muitas pessoas se tornaram pequenos empreendedores e criarão suas marcas independentes dentro desse contexto.

Esse movimento de se tornar um microempreendedor online tornará o mundo mais sustentável devido a otimização da cadeia produtiva e terceirização utilizando mão-de-obra especializada. Dada essa cadeia, há menos emissões de gases de efeito estufa, mais consumo, menos desperdício e, em suma, contribui-se para uma produção e um consumo mais sustentável. Por isso, acredito que as grandes plataformas aliadas ao ecommerce têm potencial para tornar o mundo mais verde.

 

Rodrigo Souto

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Economia na pandemia

     O primeiro foco da pandemia surgiu na China, sobretudo pela falta de controle sanitário apropriado, tendo-se alastrado para os diversos países do mundo, existindo 6000 casos mundialmente, a 29 de janeiro de 2020.

O confinamento foi feito em múltiplas escalas, colocando sob pressão o funcionamento eficiente dos sistemas de saúde e, consequentemente, uma desorganização económico-social do sistema económico. Como Portugal faz parte da EU, desde 1 de janeiro de 1986, tal influencia a gestão das fronteiras com os restantes Estados-membros e com países terceiros, tendo sido destacado em vários países onde o vírus estava menos controlado o colapso dos serviços de saúde e, inevitavelmente, o aumento do número de mortes.

Os países têm feito um significativo esforço fiscal através dos seus fundos de emergência, pretendendo a UE despender um gasto total de 151 biliões de dólares na recuperação desta pandemia, tendo como prioridade a saúde dos cidadãos, além do foco no auxílio às pequenas e médias empresas com a utilização dos instrumentos de política económica. Para além disso, o setor turístico foi também fortemente afetado e, assim, a Comissão Europeia propôs, a 13 de maio de 2020, uma série de medidas que permitirão uma reabertura gradual e coordenada das instalações e serviços turísticos, bem como um apoio específico às empresas do setor.

A meu ver, a união de todos os estados-membros é importante no apoio à recuperação da economia pela demora que a mesma terá e pelos esforços que terão de ser feitos por todos os cidadãos.

A 7 de julho de 2021, a Comissão Europeia previu que a economia europeia se iria recuperar a um ritmo ligeiramente mais rápido do que se esperava, prevendo-se que a economia da UE e da área do euro cresça 4,8% este ano (2021) e 4,5% em 2022. Menciona-se que o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) é um contributo significativo para esse mesmo crescimento, onde a riqueza gerada pelo mesmo corresponda a cerca de 1,2% do PIB real da UE, em 2019.

Como se pode ver no gráfico que se segue, de 2019 para 2020, a Taxa de Crescimento Real do PIB, sofreu uma diminuição significativa, passando de 2,69%, em 2019, para -8,96%, em 2020. Segundo as projeções do Banco de Portugal, espera-se que, em 2021, o crescimento do Produto Interno Bruto seja de 4,8%, em 2021 de 5,6%, em 2022 ,e em 2023 de 2,4%, ficando nesse mesmo ano acima da área Euro (2,1%).


A 16 de março 2021, o Banco Europeu de Investimento propôs um plano relativo às pequenas e médias empresas, que inclui o Fundo Europeu de Investimento, visando mobilizar até 40 mil milhões de euros em financiamentos, orientados para empréstimos intercalares. A 18 de março de 2021, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu anunciou um programa temporário de compra de ativos em resposta à emergência pandémica, representando 7,3% do PIB da zona euro, de modo a fazer face à situação, mantendo-se em vigor até ao final da crise.

Em suma, sem dúvida que esta crise constitui um desafio para a economia europeia, pondo em causa os meios de subsistência dos cidadãos, protegendo, principalmente, os setores vitais da economia, o emprego e os trabalhadores.


Joana Correia

Bibliografia

Ø  https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/130379/2/431621.pdf

Ø  https://journals.openedition.org/espacoeconomia/11826

Ø  https://ec.europa.eu/info/live-work-travel-eu/coronavirus-response/jobs-and-economy-during-coronavirus-pandemic_pt

Ø  https://www.bportugal.pt/page/projecoes-economicas

Ø  https://www.pordata.pt/Portugal/Receitas+efectivas+do+Estado+em+percentagem+do+PIB+total++correntes+e+de+capital-2769

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Venezuela: confronto entre criptomoedas e hiperinflação

No decorrer dos últimos anos, a Venezuela envolveu-se num panorama político-económico de tal forma deficiente que estimulou uma forte crise humanitária. Escassez de alimentos, corrupção, crise sanitária, pobreza extrema, violência, fuga de residentes caraterizam um cenário altamente provável quando observamos, por consequência, um salário mínimo atual de 2,95€. Tudo isto estende-se desde o final da presidência de Hugo Chávez até à recente regência de Nicolás Maduro.

A principal fonte de riqueza e exportação deste país é o petróleo, sendo este um dos pontos-chave na origem da crise. A Venezuela dispõe das maiores reservas do mundo, no entanto, em 2014, com a queda do mercado internacional petrolífero, as suas receitas foram altamente reduzidas, fazendo com que as exportações nacionais caíssem. A acrescentar, com o desenvolvimento e o ampliar da instabilidade económica, esta apresentou uma acentuada desvalorização do bolívar (moeda venezuelana) que, por sua vez, suscitou taxas de inflação bastante elevadas (chegando a atingir um aumento de 800%, em 2015) juntamente com a queda do PIB per capita, que registou uma diminuição de mais de 35% (entre 2013 e 2017). 

O bruto aumento das despesas e do défice orçamental fez com que as más políticas aplicadas pelo governo representassem um ato de irresponsabilidade global que colocou a Venezuela num patamar caótico. Após diferentes abordagens de combate à crise e da entrada num cenário sem esperança, o governo voltou-se para as criptomoedas de forma a tentar controlar a hiperinflação.

Petro (nome que deriva do petróleo), anunciada em 2018, é a primeira moeda virtual emitida pelo estado e tem como principal objetivo tentar travar a crise que se prolonga desde 2013. Em 2020, a Venezuela era o terceiro país no ranking mundial de transações com criptomoedas. O governo permitiu que a moeda fosse usada como forma de “pagamentos de impostos, taxas, contribuições e serviços públicos nacionais”. Aos olhos de muitos venezuelanos, esta cripto representa uma forma de liberdade financeira visto que traduz uma maneira acessível e económica de efetuar transações, no entanto, também é de salientar que, para grande parte da população, o uso deste tipo de moeda é ainda uma hipótese distante, visto que 96,2% da população vive na pobreza e 79,3% estão em situação extrema.                                                                                                       

Uma das medidas que o governo venezuelano aponta é a obrigatoriedade de pagamento das taxas portuárias com a moeda virtual, o que fez com que muitos investidores e compradores de petróleo tomassem partido pelos EUA (escolhendo a não utilização de Petro) e, parassem com a compra na Venezuela para não correrem o risco de perder licenças ou o acesso ao sistema bancário desta megapotência internacional. Isto gera uma divisão do mercado entre dois partidos. De acordo com o governo venezuelano, esta moeda continua a ter um bom propósito, apesar de não ter alcançado as perspetivas de “substituição das divisas estrangeiras no comércio nacional”, no entanto, afirmam que se houvesse uma alteração na política dos EUA relativamente aos instrumentos financeiros venezuelanos, a moeda virtual cresceria a olhos vistos. Esta política foi aplicada pelo ex-presidente norte americano, Donald Trump e, aos olhos de muitos economistas, enquanto estas medidas vigorarem é muito complicado a Petro operar no mercado, a menos que cheguem a acordos com outros países, como a China ou a Rússia.

Em suma, as medidas aplicadas por Maduro levaram o país a uma crise de abastecimento e pobreza extrema que, em primeira instância, fracassou uma das tentativas de combate à hiperinflação, com a criação da criptomoeda, Petro. Ainda assim, existe um longo e incerto caminho para a reabilitação da economia venezuelana e do estado catastrófico em que esta se encontra.

 

Beatriz Silva

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Reino Unido: falta de motoristas de pesados causa problemas nos abastecimentos

          A falta de motoristas de pesados de mercadorias está a instalar o receio de um inverno muito difícil no Reino Unido, calculando-se a falta de aproximadamente 100 mil motoristas. A escassez de camionistas é um problema identificado há anos a nível mundial. A Transport Intelligence publicou recentemente um estudo que identifica a Polónia como o país com mais vagas por preencher neste setor, quase 124 mil, enquanto na Alemanha se aproxima de 50 mil e em França de 43 mil.

          As causas desta escassez são, principalmente, o Brexit e a pandemia. Com a pandemia, muitos trabalhadores europeus voltaram ao seu país de origem. Muitos poderão não regressar ao Reino Unido, e aqueles que não têm estatuto de residente precisam de um visto de trabalho porque o Brexit tornou o recrutamento na União Europeia mais difícil. Outras das causas são a interrupção de dezenas de milhares de exames de condução durante a pandemia, a aposentação de muitos profissionais, cuja idade média é de 55 anos, e a mudança das regras nos contratos dos motoristas para evitar a evasão fiscal. Existe ainda o entrave das condições de trabalho, como turnos longos e noturnos que afetam a vida social e familiar, o que fez alguns condutores profissionais mudarem de carreira ou para entregas ao domicílio.

          Devido ao tema em discussão, existem problemas como bombas sem combustíveis, alimentos que não chegam às prateleiras dos supermercados, restaurantes com falta das suas matérias-primas principais, entre outros.

          Para tentar solucionar estes problemas, o governo inglês, primeiramente, apelou à calma e à consciência dos automobilistas para que comprem apenas a gasolina ou gasóleo que de que precisem, deu a oportunidade a camionistas estrangeiros, através de cinco mil vistos, apostou na aceleração dos testes de condução que estavam em atraso devido à pandemia, pediu ajuda aos seus militares para que o transporte dos combustíveis fosse assegurado e suspendeu as regras da concorrência para que as petrolíferas possam partilhar recursos no abastecimento de postos com maior necessidade.

          Desta forma, a procura elevada de motoristas fez com que os salários aumentassem e que algumas empresas estejam a oferecer prémios superiores a 2 000 euros. Mesmo assim continua difícil para os ingleses ocupar os postos de trabalho nessa área necessitada.


Sofia Silva 

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Retoma do Turismo em Portugal após a Covid-19

          O turismo se tornou uma atividade económica de grande importância para Portugal, tanto para o desenvolvimento das cidades como para a geração de emprego e de rendimento, sendo assim benéfico para os turistas e residentes locais. Até 2019, o turismo estava em grande crescimento e desenvolvimento, já em 2020 deu-se início a uma situação bastante diferente com a doença por COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2. Mudanças mundiais ocorreram em busca do combate à infeção do vírus, com grande implicação na comercialização e contacto internacional entre os países. O turismo nacional e internacional foram afetados. Tendo se tornado até então um atividade económica de grande importância, a questão é: como recuperar e promover novamente o turismo nacional e internacional após já ter sido ultrapassado o pior momento da pandemia?

          As chegadas de turistas internacionais no ano de 2019, de acordo com a OMT, mesmo em percentagem de crescimento, estava mais branda do que nos anos anteriores: 3,8%, em 2019. Já em 2020, em especifico no dia 2 março, a situação do país começou a se alterar, com a elaboração de um plano de contingência no âmbito da prevenção e controlo de infeção pelo Coronavírus. Em abril, foram determinadas mais restrições já relacionadas com o turismo. Segundo dados disponibilizados pela OMT, as chegadas de turistas internacionais diminuíram em 73,1% (em 2019, +3,8%).

          Em relação ao turismo internacional, em 2021, já se deu inicio a um pequeno desenvolvimento, mesmo que com algumas restrições que dificultam a entrada no país, claro por segurança e proteção de todos, como a necessidade de realização de teste ou certificado digital de vacinação, mas já nota se uma abertura para esse tipo de turismo. Em relação ao turismo nacional, este teve aprovação de um plano de ação para reativar o turismo, de forma segura e também com o intuito de retomada do desenvolvimento na economia nacional, onde o principal responsável pela execução do plano é o Turismo de Portugal. Foram quatro os principais pontos de atuação: apoiar empresas, fomentar segurança, gerar negócio e construir futuro.

Por mais importante que seja o turismo para a economia do país e para a população, é necessário seguir com a responsabilidade e prevenção da expansão do vírus. Portanto, concordo com as restrições para o cuidado e proteção de todos e acredito que, com um passo de cada vez, será possível ter novamente uma percentagem positiva de turistas internacionais e desenvolvimento económico.

 

Paula Furbino Lana

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

sábado, 30 de outubro de 2021

A revolução elétrica no ramo automóvel: o futuro ou a ponta de um precipício?

      É impossível ser-se indiferente à crescente procura de automóveis elétricos. A indústria automóvel não esconde esta indiferença investindo e transladando cada vez mais recursos para a sua comercialização.  Porém, será que o ramo automóvel está a caminhar na direção certa ou a dirigir-se para um precipício?

          É indiscutível que a procura de meios de transportes movidos a energias mais limpas é prioritário. Atualmente, 30% do dióxido de carbono emitido na União Europeia provém dos transportes, sendo que 72% dos mesmos são oriundos dos transportes rodoviários. Esta entidade definiu como objetivo reduzir este valor em 60% até 2050, meta que poderá ser alcançada de duas formas: reduzindo o número de carros em circulação; ou substituir os atuais por veículos movidos a energias menos poluentes. A indústria automóvel, naturalmente, optou pela solução que não prejudicaria as suas vendas, investindo na investigação e desenvolvimento de motores movidos a eletricidade – estima-se que nos próximos cinco a 10 anos sejam investidos 300 mil milhões de dólares em tecnologias de carros elétricos.

          Todavia, a solução elétrica não é alheia de aspetos menos positivos. É indubitável a menor eficiência deste tipo de veículos, seja pela sua menor esperança de vida, entre 8 a 10 anos, ou pela sua menor autonomia, flutuando entre os 100 e 400 quilómetros para veículos elétricos a bateria e de 320 a 600 quilómetros para veículos elétricos a célula de combustível. Ademais, acrescentam-se as críticas levantadas em relação à pegada ecológica desta nova tecnologia.

Primeiramente, esta prende-se com a proveniência da energia utilizada como propulsora dos mesmos. Atualmente, menos de 20% da energia produzida na União Europeia advém de energias renováveis. Desta forma, apesar do mercado ser dominado por motores de combustão, grande parte da energia utilizada nos carros elétricos já provém da queima de combustíveis fósseis. Suponhamos, agora, que a transição para os veículos elétricos é total. Em Portugal, seria expectável um aumento do consumo de energia em 14,2% (6665 GWh), ou seja, assumindo que esta transição não é acompanhada, na totalidade, por um maior investimento em energias renováveis, esta culminaria num aumento da queima de combustíveis fósseis.

Em segundo lugar, tem-se o acréscimo da exploração das reservas mundiais de lítio. Sabe-se que uma tonelada de lítio poderá levar a emissões tão exorbitantes de CO2 como 15 toneladas e a um consumo de perto de 2 milhões de litros de água, para além de todo o impacto em termos paisagísticos e na biodiversidade resultantes de dita exploração. Em suma, a transição para o elétrico findaria não só na utilização de combustíveis fósseis, já consumidos pelos motores a combustão, mas também da exploração em massa do lítio.

          Ademais do impacto ambiental desta revolução elétrica, o impacto económico é indeclinável. Por um lado, prende-se com a questão da realocação de parte da indústria. O senso comum diz-nos que as indústrias irão procurar estar junto dos recursos naturais por questões de eficiência, maior rapidez e menor custo no transporte do local de extração para o local de transformação. Com isto, teremos a fuga de diversas indústrias do território europeu para junto do triangulo do lítio, formado pela Bolívia, Argentina e Chile, impactando diretamente as economias europeias tanto ao nível da sua riqueza como do seu emprego.

Por outro lado, haverá um reajustamento e readaptação das indústrias que terminarem não se realocando. É previsível um investimento tanto em capital físico como humano de forma a capacitar as indústrias para produzir com esta nova tecnologia. Sabendo isto, a grande questão que se alevanta é a sustentabilidade deste investimento. Sendo a solução elétrica uma “não solução”, a indústria automóvel estará a reinventar-se sobre os princípios errados, isto é, estará a não só adiar como agravar um problema. As questões ambientais que se prendem com esta necessidade de procurar uma nova tecnologia continuarão presentes, ou seja, a indústria automóvel ficará retida numa solução menos eficiente que a atual e igualmente danosa para o ambiente até ser capaz de desenvolver uma verdadeira resposta para o futuro do planeta.

          Em suma, acredito que a indústria automóvel tenha sentido a pressão social de combater a tendência poluente vivida nas últimas décadas conformando-se com uma resposta simples, incompleta e de curto-prazo.


Manuel Pereira

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Turismo

O turismo é um dos setores que gera mais riqueza em Portugal e que emprega um grande número de pessoas. Em finais de 2019/ início de 2020 o mundo foi apanhado de surpresa com a chegada de uma crise sanitária que fez com que a economia mundial e os seus variados setores fossem seriamente afetados. Um desses setores foi o Turismo, principalmente no caso de países como Portugal, em que esta atividade económica estava muito presente.

Segundo os dados da PORDATA, o PIB português diminuiu 7502,2M€ entre o primeiro e segundo trimestre de 2020, consequências da crise sanitária, tendo aumentado nos trimestres seguintes, mas até ao momento deste artigo o PIB português ainda não conseguiu atingir os valores pré-pandémicos. Uma das razões para esta diminuição é o setor turístico, uma vez que corresponde a uma grande parte da riqueza nacional. Se olharmos para os países da Europa, apercebemo-nos que aqueles países que obtiveram uma diminuição mais acentuada do seu PIB são, nomeadamente, aqueles países que mais aproveito retiram do turismo, como a Itália, França, entre outros, mostrando assim a importância do referido setor na economia.

Com a pandemia, houve muitas restrições instaladas, como o encerramento das fronteiras durante vários meses, e as condições para se poder viajar sofreram alteração, que foi desde a apresentação de um teste negativo até à realização de quarentenas de vários dias, aquando da chegada ao destino. Estas limitações levaram a que a procura de viajar diminuísse e, como consequência, com que o Turismo e todas as atividades económicas subjacentes sofressem grandes perdas.

Gráfico 1- Dormidas nos alojamentos turísticos por 100 habitantes

Fonte: PORDATA

No gráfico acima, disponibilizado pela PORDATA, observamos que até 2019 o número de dormidas nos alojamentos turísticos por 100 habitantes tinha vindo a apresentar um crescimento exponencial, especialmente na última década. 2019 foi o ano em que se verificou o maior número desde sempre (682,1). Em 2020, com o inico da crise sanitária, podemos constatar que houve um decréscimo colossal, para uma terça parte (250,5) do número apresentado no ano anterior. Conseguimos com estes dados provar o impacto da pandemia no turismo. 

Para combater esta crise no setor turístico foi aprovado em conselho de ministros um plano de ação, intitulado “Reativar o Turismo | Construir o Futuro”. Esta proposta tem como estratégia 4 passos: apoiar empresas, fomentar segurança, gerar negócio e construir futuro. O objetivo deste plano é tentar reavivar o turismo e o seu setor em Portugal e de alguma forma aumentar a riqueza portuguesa, e fazer com que o PIB nacional volte para valores pré-pandemia.

No meu ponto de vista, devem ser tomados este tipo de iniciativas, pois o setor precisa de voltar à normalidade, uma vez que foram muitas as pessoas afetadas com estas adversidades, e a economia portuguesa precisa de voltar a crescer.


Ana Margarida Queirós da Costa

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

O Impacto das Alterações Climáticas

A temática das alterações climáticas e o impacto nas diversas esferas da sociedade e da economia têm vindo a ser recorrentemente alvo de debate nos dias de hoje, o que leva a crer que a discussão das suas repercussões não parece ter um fim imediato à vista. Trata-se de um entrave que exige forte colaboração entre o setor privado e o setor publico, com o intuito de revigorar o modelo produtivo para garantir e impulsionar o desenvolvimento e o crescimento económico sustentáveis.

As ondas de calor, aleadas aos fenómenos dos furacões, ciclones e tufões, comprometem, em grande escala, os níveis de produtividade, podendo em casos extremos dizimar por completo milhões de cidadãos, traduzindo-se em perdas com impactos incalculáveis ao nível do capital humano e do espetro económico. O grande ponto de interrogação que se impõe sobre as gerações futuras está relacionado com a manutenção de uma sociedade global estável, que se prevê que atinga a marca de 10 mil milhões de cidadãos em 2050 e, a partir desse vaticínio, em como as alterações climáticas que se vêm despoletando com cada vez mais frequência possam comprometer a prosperidade da sociedade num futuro iminente. Estudos levados a cabo pelo Banco Mundial advertem que, se não forem adotadas medidas de carácter urgente, os efeitos nefastos das mudanças climáticas podem levar à ruína cerca de 100 milhões de pessoas até 2030.

O que era até há bem pouco tempo analisado como um mero fator externo, a saúde ambiental, é atualmente tomado como um fator chave a incorporar nos modelos dos economistas atuais. Nicholas Stern defende que “as emissões de gases de efeito de estufa são a maior falha de mercado que o mundo já viu”, e alerta para a necessidade de conceber um investimento equivalente a 2% do PIB Mundial para mitigar os efeitos das alterações climáticas.

Não obstante as reticências iniciais impostas pela comunidade empresarial, novos estudos e atuações têm vindo a demonstrar que as medidas destinadas a combater o aquecimento global são uma oportunidade de ouro para assegurar o desenvolvimento sustentável e impulsionar o crescimento económico. Segundo a Comissão Mundial sobre a Economia e o Clima, a adoção de medidas de ação climática pode vir a gerar lucros económicos de mais de 26 mil milhões de dólares até 2030, e ainda providenciar a criação de novos postos de trabalho para 65 milhões de indivíduos em todo o mundo.

Os efeitos sobre as economias dos países mais ricos serão ainda mais severos comparativamente à crise pandémica, caso os governos não consigam lidar com o avolumar das emissões de gases de efeito estufa. Estudos apontam que as nações do G7 podem retrair-se cerca de 8,5% PIB/ano e o globo perder até 10% do valor económico total até 2050, na eventualidade da temperatura global subir 2,6ºC. A principal causa reside nas perdas causadas pelo calor, aumento do nível do mar, secas e inundações e redução da produtividade agrícola, o que pode inibir a prosperidade das nações.

O Índice de Economia do Clima revela que muitas economias avançadas no hemisfério norte são menos vulneráveis aos efeitos gerais das alterações climáticas, estando assim menos expostas aos riscos associados e com recursos mais avantajados para lidar com as adversidades impostas. Portugal aparece nos primeiros lugares como um dos países menos vulneráveis a impactos físicos e, analogamente, com maior capacidade de adaptação. Em contrapartida, é dos países mais ameaçados por secas extremas, subida do nível do mar e inundações. Assumindo um cenário mais pessimista, e projetando uma subida de 2ºC na temperatura, as perdas económicas corresponderão a 6,2% PIB, ainda que, se cumpridas as metas do Acordo de Paris, este impacto será atenuado para 4%. Este acordo visa alcançar a descarbonização das economias mundiais e estipula como seu principal objetivo de longo-prazo a limitação do aumento da temperatura média global para níveis abaixo dos 2ºC acima dos pré-industriais.

Ao redor do globo, a inércia na atuação para mitigar os riscos inerentes às alterações, conjeturando uma subida de 3,2ºC na temperatura, pode comprometer 18% do PIB Global e acarretar cenários bastante funestos para a prosperidade das sociedades.

O grande alerta relembrado pela ONU exprime-se na ideia de que ainda não é tarde para reverter a mudança climática e minimizar os seus aterrorizantes impactos. A verdade é que, hoje em dia, a humanidade tem ao seu dispor ferramentas que viabilizam uma irrefutável capacidade organizacional e tecnológica para compensar e restituir todos os malefícios cometidos que afetam o planeta, e assim se reconciliar novamente com a natureza e saúde ambiental.

 

Tiago Martins 

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

SEM CULTURA, O QUE É QUE SOBRA?

       No passado dia 11 de outubro, o governo apresentou a proposta de Lei do Orçamento do Estado para o exercício de 2022. Este programa gerou uma onda de indignação por parte dos artistas com a verba apresentada pelo Ministério da Cultura, sendo que apenas 0,25% da despesa total consolidada é dedicada aos organismos do setor, excluindo a dotação para o ramo da comunicação audiovisual e social. Considerando as despesas com a RTP, a percentagem cresce para 0,41%.

          A Administração Central prevê uma despesa total consolidada para o setor de 644 milhões de euros, uma subida de 14,2% face aos 565,9 milhões constatados no exercício de 2021, sendo que cerca de metade da quantia é absorvida pela RTP (47,9%). Verifica-se, então, um reforço de 70,1 milhões apropriado diretamente pela Cultura. Detém assim o terceiro lugar no pódio da despesa mais baixa do programa orçamental, numa perspetiva da despesa consolidada. E como nem tudo é mau, excluindo a RTP, sobe a posição para o segundo lugar, com uma despesa de 390 milhões de euros.

De acordo com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), parte da despesa será ainda atribuída à valorização do património cultural, no entanto esse investimento é limitado ao Estado (requalificação dos museus, monumentos e teatros do Estado). Claro que essa intervenção é necessária, porém a cultura não se centra no património material. De que vale uma sala recuperada se não há como remunerar os artistas e os técnicos? Nomeadamente, com o intuito de avaliar os efeitos da pandemia nas artes do espetáculo, a Fundação GDA (Gestão dos Direitos dos Artistas) realizou um inquérito que indica que, “por cada espetáculo cancelado, ficaram sem rendimento, em média, 18 artistas, 1,3 profissionais de produção e 2,5 técnicos", isto, de acordo com o comunicado prestado à Lusa, refletindo muito da realidade sentida.

Ainda assim, à primeira vista, este reforço orçamental até pode ser considerado significativo tendo em conta o acréscimo face a 2021 (que auferiu 0,21% do OE), mas é uma proposta desligada da realidade. Este setor foi, sem sombra de dúvida, um dos mais afetados, com perdas em todas as suas áreas de atuação, em consequência dos efeitos da pandemia. As salas de espetáculo fecharam, os eventos foram cancelados e em causa estão os artistas, realizadores, cenógrafos, músicos, escritores, bailarinos, encenadores, técnicos de som e luz, produtores, entre muitos outros profissionais que ficaram sem qualquer fonte de rendimento, muitos dos quais continuam com o estatuto de “prestadores de serviço”, com trabalhos precários e sem qualquer proteção social, ainda que, a nova proposta garanta alguma segurança aos agentes culturais.

Sendo que a economia cultural e criativa ocupa o terceiro lugar de empregador Europeu e que representa um valor significativo na economia portuguesa, não se entende esta desvalorização constante por parte do governo do investimento na Cultura. A arte é fulcral para o nosso desenvolvimento. Educa e faz-nos progredir . É o que nos carateriza e diferencia enquanto indivíduos e sociedade. No fundo, é o que nos salva da realidade, pelo que deve ser valorizada e estimulada.

O Executivo de António Costa admite que a Cultura é um elemento essencial e necessário no desenvolvimento do país, mas ao fim e ao cabo o orçamento fica muito aquém do prometido e almejado 1%. Contudo, esta medida não é novidade no nosso país. Todos os anos o setor depara-se com a mesma situação.

                 Comunidade Cultura e Arte – Sem Cultura Não Há Futuro

O reforço do Ministério da Cultura indica uma melhoria, mas não suficiente e se antes o apoio era necessário então agora, mais do que nunca, é crucial. Entretanto o OE apresentado foi chumbado no passado dia 27 de outubro. Esperemos que o futuro reserve alguma esperança para este setor.

Assim, no meu entender, é fácil descartar a cultura quando esta não é urgente, mas é preciso evoluir e mudar o paradigma. Não é possível definir o preço da cultura, mas “sem números não há cultura”[1].

 

Bruna Daniela Oliveira



[1]   Catarina Ferreira, JN.

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

O motor agroalimentar em contexto pandémico

Aquando de uma crise sanitária, torna-se fundamental combater problemas, existentes ou iminentes, nos diferentes setores, nomeadamente no agroalimentar. Desta forma, pretende-se garantir a atividade ininterrupta das cadeias de abastecimento alimentares, intra e internacionais, para possibilitar o fornecimento de alimentos, não agravamento de crises alimentares e redução dos efeitos negativos da pandemia na economia mundial.

Ainda que, nas últimas duas décadas, o peso deste setor tenha diminuído de 40,2% para 26,8% no peso total de trabalhadores a nível mundial, a agricultura continua a constituir não só um meio de subsistência para mais de mil milhões de indivíduos, como também é o setor mais importante em países de baixos rendimentos, chegando a representar um terço do PIB e 60,4% dos trabalhadores em alguns casos. A urbanização, aumento de rendimentos associados a outros setores e o crescente fenómeno de globalização explicam a retração da agricultura, no entanto, o setor agroalimentar estende-se a outros setores não agrícolas (p.ex., processamento, transporte e preparação de produtos alimentares), sendo assim capaz de gerar novos postos de trabalho. Ímpar com o seu valor, principalmente em contexto pandémico, continua a existir uma falta de preocupação com este setor e, por isso, acabam por se verificar inúmeros problemas laborais que envolvem o não cumprimento de legislações, falta de inspeções e de condições de trabalho, baixos níveis salariais e de produtividade, e despreocupação com questões climáticas. Torna-se, deste modo, evidente a necessária intervenção presente e futura para garantir uma melhoria do funcionamento do setor agroalimentar.

As limitações à liberdade de circulação e de venda, bem como questões laborais, foram os maiores desafios logísticos enfrentados pelo setor agroalimentar durante a pandemia, porque facilmente conduziriam a perturbações no fornecimento e eventual desperdício de alimentos. Ainda que o setor tenha, aparentemente, prevalecido pela ausência de interrupções significativas no aprovisionamento alimentar, a nível interno houve graves consequências, sobretudo a degradação da qualidade e redução de postos de trabalho.

Na Europa, por exemplo, o setor enfrentou uma grave carência de mão-de-obra, uma vez que o encerramento das fronteiras impediu centenas de milhares de trabalhadores sazonais de se deslocarem de acordo com as suas necessidades de trabalho. A organização italiana representante dos agricultores, Coldiretti, defende que mais de um quarto dos produtos alimentares produzidos no país dependem de cerca de 370 000 trabalhadores sazonais, sendo que em 2020 mais de 100 000 foram impedidos de se deslocar até lá. Em reposta, a este e outros casos, no dia 2 de abril de 2020, a Comissão Europeia publicou orientações práticas no sentido de os Estados-Membros facilitarem as viagens fronteiriças aos trabalhadores sazonais com profissões essenciais, o caso do setor agrícola, sem comprometerem a saúde pública.

Num contexto intercontinental, em países de baixos rendimentos, a maior parte em desenvolvimento, estima-se que os trabalhadores agrícolas, de forma a manterem a sua situação económica ou não caírem em pobreza, teriam de trabalhar uma semana adicional todos os meses.

A crise, enquanto assunto urgente, requer ação pronta e imediata, no entanto, não justifica o descorar dos princípios e direitos fundamentais do trabalho. Disseminação de informações transparentes e monotorização dos preços e dos mercados alimentares conseguem, em parte, evitar tais infrações e, adicionalmente, assegurar uma gestão eficaz do mercado, evitar compras consequentes do pânico e orientar empresas agrícolas no processo de tomada de decisão. No contexto presente, torna-se elementar garantir a livre circulação do comércio internacional, assegurando simultaneamente a qualidade dos empregos nos setores alimentar e associados.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estabeleceu um quadro pelo qual se devem guiar as respostas políticas de combate ao impacto da crise sanitária. Este quadro baseia-se em quatro grandes princípios: estimular a economia e o emprego; apoiar as empresas, o emprego e os rendimentos; proteger os trabalhadores nos locais de trabalho; e recorrer ao diálogo social para encontrar soluções.

De acordo com a pesquisa apresentada, os países, principalmente os desenvolvidos, deveriam tomar uma carreira de ação compaginável com a importância do setor agroalimentar e à qual estariam inerentes consequências económicas, socias e políticas positivas.


Marta Fernandes

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]