domingo, 29 de novembro de 2020

Abstenção: escolher não escolher

                   “Abstenção é o ato de se negar ou se eximir de fazer opções políticas.”

          Quase todos os anos, em Portugal, ouvimos falar em abstenção. Desde os primeiros anos de democracia que temos observado um declínio na participação nas eleições, que atualmente atinge os valores mais baixos de sempre.

          Em 2011, as eleições para a Presidência da República apresentaram uma taxa de abstenção recorde de 53,48%, que diminuiu ligeiramente em 2016, mas mais do que duplicou desde 1976. No caso das eleições para a Assembleia da República, em 1975, foi registada uma taxa de abstenção de 8,5%, um valor admirável quando comparado com os 51,4% de 2019. No gráfico, podemos observar a percentagem de eleitores que se abstém nas eleições legislativas desde 1975 e verificar a trajetória crescente da mesma.


          Estes valores não são de todo novidade para nós, até porque além de serem notícia em todos os anos eleitorais, com certeza todos conhecemos pessoas que não se deslocam às urnas em dias de eleição. As razões para se absterem são múltiplas: seja porque são pessoas indiferentes relativamente à política; seja porque não se identificam com os diferentes partidos ou com o sistema em si e manifestam o seu descontentamento dessa forma; ou, ainda, porque acham que “nada vai mudar”.

          Em 1975, conquistamos a liberdade que nos trouxe com ela muitos direitos, entre eles o direito ao voto. Por um lado, a vontade de usufruir da mesma e de exercer esse direito, depois de tantos anos submissos ao poder, ditaram a enorme taxa de participação nas eleições daquele ano. Por outro lado, a perda de confiança no sistema político e outras razões já referidas acima explicam a crescente abstenção que se tem verificado.

          Segundo um estudo realizado por professores e investigadores universitários no decorrer do “Portugal Talks”, as taxas de participação nas eleições são mais elevadas nos grandes centros urbanos do que nas áreas menos povoadas (com exceção das eleições para as autarquias locais) e verifica-se uma maior tendência para a abstenção entre os mais jovens e a população com idades entre os 30 e os 44 anos.

          Será que os jovens são, por natureza, desinteressados pela política ou será que o próprio sistema e a forma como a política é ignorada na educação provocaram esse mesmo desinteresse? Os jovens passam, pelo menos, 12 anos na escola e nada lhes é ensinado sobre política e como ela influencia o rumo do país, da sociedade e da economia. Naturalmente, os jovens interessam-se e movimentam-se por assuntos que conhecem, dos quais têm informação e cuja importância é reconhecida. Assim sendo, se este continua a ser um assunto desvalorizado pela maioria da população e o governo não age para mudar essa trajetória, então a abstenção e, mais importante, a ignorância política permanecerão e continuarão a crescer.

          A possibilidade de escolher e votar é, sim, um direito. Portanto, a possibilidade de se abster, de não escolher ou escolher não votar também o é e integra os valores pelos quais lutamos há 46 anos atrás. Contudo, a abstenção aos níveis em que se encontra é efetivamente um problema que deve ser resolvido, mas será necessário tornar este direito num dever?

          A obrigatoriedade do voto tem sido a possível resolução mais apontada para combater eficazmente a abstenção, mas será realmente uma solução? A imposição desse dever combateria com certeza a abstenção nos moldes em que falamos, mas não acabaria com os votos nulos ou brancos nem, muito menos, com a principal causa da abstenção, que é a insatisfação com a política ou o seu desconhecimento.

          Assim, do meu ponto de vista, devem ser procuradas medidas que incentivem e facilitem a participação nas eleições ao invés de uma medida “fácil” que a torne obrigatória. Há várias soluções possíveis que podem ajudar a conter a abstenção, sendo que algumas até já foram adotadas por alguns países. Entre estas, incluem-se: a expansão do número de dias da eleição; a realização de diferentes eleições em simultâneo; intervenções junto dos mais jovens; possibilidade de votar online ou de votar antecipadamente; e apostar de mobilidade que permita ao eleitor votar em qualquer mesa do círculo eleitoral. Além disso, poderia também incentivar-se ao voto através de um prémio na forma de incentivo fiscal em ano de eleições ou até dar voz aos votos em branco (respeitando o número mínimo de 180 deputados).

          Termino afirmando que não concordo com a obrigatoriedade do voto: para mim, escolher não escolher é uma decisão completamente legítima e não é errada. No entanto, devem ser tomadas medidas urgentes para amenizar a abstenção, encontrar formas de informar fidedignamente a população (principalmente os mais jovens) no que diz respeito à política e promover a sua importância.

 

Bruna Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

sábado, 28 de novembro de 2020

O naufrágio do setor da restauração

          A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus foi sentida um pouco por toda a economia - poucos foram os setores que cresceram nesta fase -, nesta que é uma crise económica sem precedentes, muito diferente daquela que vivemos em 2008 e diante. Ainda que estes efeitos não sejam iguais para todos os setores, o setor da restauração será, porventura, um dos mais prejudicados, já que poderá enfrentar quedas entre 32 e 52% no Valor Acrescentado Bruto em 2020 - projeções pessimistas, asseveradas pela consultora PwC.

As restrições impostas irão condicionar cada vez mais a rendibilidade destas empresas por um período que se prevê bastante longo. O setor da restauração será dos setores com maiores necessidades de ajustamento à atividade nos meses seguintes, até porque, e não havendo margem para o teletrabalho, existem ainda várias incertezas relativamente a outros fatores que podem afetar a sua recuperação, nomeadamente a manutenção do turismo e de atividades desportivas e culturais, que alavancam o seu crescimento.

Com as medidas de segurança impostas, apenas os serviços de take-away dos restaurantes estiveram, durante longos períodos da pandemia, autorizados a funcionar pelas autoridades, sendo que na fase de retoma, a partir de junho, muitos desses restaurantes não mais voltaram a abrir portas e retomarem o seu funcionamento normal.

Quando olhamos para os números do setor da restauração, apreendemos que situação se tem vindo a agudizar e, se não melhorar rapidamente, poderá se tornar irreparável para muitas micro e pequenas empresas que ver-se-ão forçadas a exonerar funcionários e, em muitos dos casos, a abrir insolvência. As quebras drásticas de faturação têm impactes negativos na liquidez destas empresas, na gestão do seu fundo de maneio e das suas operações de tesouraria. No mês de outubro, mais de 43% destas empresas registaram uma quebra na faturação superior a 60%, sendo que se espera que, entre novembro e janeiro, se registem quebras acima dos 75% para mais de um terço das empresas do setor. Nesse contexto,  prevê-se que 44% das empresas não conseguirão suportar os custos fixos (comparativamente ao mesmo período do ano anterior,  tendo em conta despesas com pessoal, energia, fornecedores, etc.). Não o conseguindo fazer, 41% das empresas ponderam mesmo avançar para insolvência, o que nesta fase teria consequências gravíssimas, tendo em conta o contexto da economia portuguesa.

De acordo com um inquérito mensal da AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), 51% das empresas assume que, sem apoios estatais nos próximos meses, irão ter muitas dificuldades em manter o seu negócio. Destas, 60% afirmam que, sem apoio, serão obrigados a despedir trabalhadores e 34% que irão encerrar definitivamente o negócio. Em outubro, cerca de 14% das empresas não conseguiram pagar os salários, sendo que 11% pagou apenas uma parte. Desde o início da crise pandémica, 47% das empresas efetuaram despedimentos, sendo que 23% concluem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final deste ano.

Com o confinamento obrigatório nos concelhos mais afetados pela pandemia, o Governo tomou a decisão de encerrar a partir das 13H todos os restaurantes, ao fim de semana. Para compensar a perda de receita causada pelo encerramento obrigatório, decidiu oferecer uma ajuda de 20% das receitas registadas, em média, nos outros fins de semana de 2020, o que é insuficiente, tendo em conta até que, na maioria destes dias referidos, estes restaurantes já seriam naturalmente afetados pela falta de clientes.

Assim, o ministro da Economia e Transição Digital, Pedro Siza Vieira, anunciou recentemente que o executivo vai disponibilizar mais de 1.100 milhões de euros em medidas de apoio a um setor em grande dificuldade, sendo que, deste valor, 500 milhões são a fundo perdido. Estas medidas, segundo o governante, não visam compensar integralmente as perdas de faturação sofridas durante o ano, mas sim preservar a viabilidade das empresas e das suas operações de tesouraria.

Ainda assim, estas medidas parecem-me claramente insuficientes, tendo em conta que se trata de um setor determinante na economia portuguesa, que enfrenta grandes dificuldades, quando comparado com outros. Desta maneira, o apoio estatal ao financiamento, nomeadamente através de aberturas de linhas de crédito, com juro bonificado e garantias estatais, a concessão de créditos bancários, moratórias de empréstimos, ou os adiantamentos por conta de fundos comunitários, é fulcral. Fundamental também é minimizar os encargos financeiros das empresas, designadamente através da prorrogação do pagamento das prestações da Segurança Social e do IVA, mas isso ainda é insuficiente. Mais medidas têm de ser tomadas: a isenção de impostos, nomeadamente da TSU, durante, pelo menos, 6 meses; a revogação de coimas por pagamento atrasado de impostos e a redução das taxas de IVA no setor da restauração, são alguns exemplos. Para conseguirmos recuperar a economia desta pandemia, a indústria da restauração é essencial e tem que ser salva.

 

Álvaro Pinheiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

O desemprego e o estado da economia nos últimos anos

O desemprego consiste no número de pessoas que estão à procura de um emprego, pertencendo, portanto, à população ativa, mas que não se encontram a trabalhar. Constituindo um dos principais problemas da atualidade económica e um dos principais indicadores do seu estado, pode ter implicações em vários quadrantes da sociedade e significar um padrão de vida reduzido e angústia para a maioria das pessoas, afetando-as do modo mais direto.

Por norma, existe uma relação negativa entre variações na taxa de crescimento da economia e variações na taxa de desemprego. O desemprego aumenta durante as recessões e fraco crescimento económico (desemprego cíclico) e diminui durante as expansões, mas é impossível que seja nulo, pois existe sempre o desemprego natural. Nos EUA, a taxa de desemprego esteve por volta dos 10% no início da última década (2010), uma altura que se seguiu à grave crise e recessão de 2007/2008, e em alturas de maior “alívio” pode atingir valores diminutos, mas nunca passou para baixo da barreira dos 2,9% nos últimos 50 anos, pois muitos trabalhadores entram e saem mensalmente dos seus empregos, passando pela situação de emprego, desemprego e população inativa. Nestas situações de estabilidade económica também é possível acrescentar que boa parte do desemprego é de curta duração.

O desemprego durante a recessão é mais duro nos jovens e recém-graduados do que na população com mais de 25 anos, que não o sente de forma tão acentuada. Nos anos seguintes à recessão de 2007-2008, a taxa de desemprego, no geral, entre os mais jovens e recém-licenciados, começou a crescer, ultrapassando, nessa altura, os 15%. No entanto, a taxa de desemprego da população ativa com mais de 25 anos não passou dos 4,6%, ficando, assim, perto dos seus valores normais em contextos de estabilidade económica, ainda que um pouco superior.

Olhando para Portugal, vemos que os máximos históricos da taxa de desemprego foram registados em 2013 (16,4%), precisamente numa altura em que Portugal estava a tentar sair de uma grave crise económica e social e envolvido num programa de resgate e de austeridade, causados pela crise das dívidas soberanas, que foi motivada pela grave recessão de 2007/2008. Mais: nos anos imediatamente anteriores a este máximo verificado em 2013, assistimos a um profundo aumento da taxa de desemprego no nosso país (9,4% em 2009; 10,8 em 2010; 12,7% em 2011; e 15,5% em 2012). Posteriormente, a taxa de desemprego vinha a diminuir até 2019, estando nos 6,5% no conjunto desse ano, o que indica uma razoável expansão económica em Portugal, na europa e no mundo durante a segunda parte da última década.

Tal não invalida que tivessemos já no inicio de 2020, mesmo antes da pandemia Covid-19, a 5ª maior taxa de desemprego da Europa, o que pode ser bastante preocupante. Paralelamente, o desemprego jovem (até aos 25 anos), em Portugal, também atingiu o seu valor mais elevado em 2013 (38,1%), sendo que já se verificava um aumento da sua taxa desde 2002 (o que comprova que sempre foi difícil para os jovens arranjar trabalho em Portugal). Mas este passou a ser mais acentuado no período entre 2008 e 2013.

Seguidamente, a taxa de desemprego jovem foi diminuindo até 2019, passando a estar em 18,3%, o que, mesmo assim, apesar de indicar uma certa recuperação económica, é basicamente o triplo do desemprego total dos grupos etários e, a meu ver, é ainda elevado pois, para além de Portugal ocupar neste indicador novamente a 5ª posição da Europa em janeiro de 2020, antes da grave recessão 2007/2008 registavam-se valores menores mas também ainda elevados. Não nos podemos esquecer que ao longo da segunda metade da década assistimos a um encorajamento dos jovens portugueses para emigrarem pelo que esse facto pode mexer com os valores deste indicador.

Na minha opinião, o emprego em Portugal depende muito do consumo e investimento, pelo que um abrandamento da economia europeia e mundial e, consequentemente, da portuguesa pode ter um certo impacte neste, uma vez que as exportações portuguesas estão muito associadas ao turismo e a bens e componentes que integram sistemas de produção integrada. Se existir um arrefecimento das exportações, é normal que tenha impacte no emprego, fazendo com que a taxa de desemprego possa oscilar.

 

Manuel Borges

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Brexit: boa ou má decisão?

         O Reino Unido tomou a decisão de sair da União Europeia, ao fim de 47 anos. A isso andou associada uma instabilidade que se iniciou aquando da criação de um referendo para a saída da União Europeia e se confirmou passados 3 anos, 7 meses e 9 dias. Entre o referendo e o seu resultado, os britânicos começaram logo a sentir resultados efetivos, consequência de um retrocesso económico por parte dos países integrantes, provocado pela incerteza.

As negociações entre o Reino Unido e a UE terminaram, entrando em vigor o acordo a 1 de janeiro de 2021. Uma das consequências naturais do Brexit será a diminuição da imigração, o que do ponto de vista dos britânicos trará vantagens para o país, pois terão maior poder sobre esta. Sentem que a chegada de emigrantes da UE está a diminuir as hipóteses dos nacionais conseguirem emprego, postos mais elevados e, dessa forma, uma melhor qualidade de vida.

De acordo com The London School Of Economics And Political Science (LSE), os nacionais consideram ter razão no que dizem sobre os postos de trabalho visto que os imigrantes provenientes da UE têm educação superior, cerca de 43%, o que é quase o dobro dos nativos, que apenas ronda os 23%. Tendo vindo a aumentar desde 2004, quando entraram 8 novos países da Europa do Leste para a UE, a entrada de trabalhadores provenientes desta tem vindo a aproximar-se cada vez mais do número de imigrantes provenientes dos restantes países. Apesar desta crença dos britânicos, a imigração aumentou o estilo de vida dos locais uma vez que proporcionou a criação de mais postos de trabalho, mais empresas, etc., levando a um aumento do PIB.

Na realidade, a crença é uma falácia pois os postos de trabalho não se mantiveram fixos ao longo do tempo, fator que os ingleses não estão a ter em consideração, sentindo assim que foram prejudicados. Para além destes argumentos, um maior número de trabalhadores vai garantir um maior leque de especialidades, providenciando ao país uma força de trabalho mais especializada, aumentando a sua produtividade e consequentemente os salários a nível nacional.

Por outro lado, o Banco da Inglaterra (BoE) refere um possível número de efeitos secundários do Brexit nas trocas mundiais: barreiras resultantes em economias menos abertas, o que, por sua vez, reduz o comércio e o investimento estrangeiro direto. Consequentemente, provoca a desaceleração da economia, que vem associada a condições financeiras mais restritas.

De um ponto de vista geral, o BoE e o CPI (Centre for The Promotion of Imports from developing countries) identificaram as principais consequências do Brexit nos vários setores da economia: a vulnerabilidade das tarifas alfandegárias na fronteira, afetando o setor de exportação para a EU, e da importação da mesma; a influência na livre circulação de mão de obra; a variação no financiamento da UE, como a remoção de subsídios ao abrigo da Política Agrícola Comum e de projetos como o Erasmus. Posto isto, é possível afirmar que o impacte negativo nos diversos setores é óbvio. Diversas empresas mobilizaram as suas fábricas e trabalhadores para outros países membros da UE como resposta ao Brexit, conduzindo a uma diminuição da oferta de emprego e do investimento.

Conseguimos, deste modo, observar uma grande discrepância entre a opinião popular e a científica, porém a decisão já foi tomada e não há retorno possível. Resta-nos aguardar e observar se o governo britânico eleito será capaz de melhorar a economia do país, contrariando os estudos económicos previamente realizados.

 

Francisco Ramalho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Impacte económico da saúde mental

A saúde mental nem sempre foi vista como um indicador de saúde pública, sendo ainda nos dias de hoje por vezes subvalorizada. Segundo a OMS, a saúde mental é o estado de bem-estar geral em que cada indivíduo compreende o seu próprio potencial e é capaz de dar um contributo para si próprio e/ou para a sociedade. Com cerca de 13% da população a sofrer de alguma perturbação mental, prevê-se que em 2030 as doenças e as perturbações mentais sejam a causa primária de doença a nível global. Posto isto, é imperativo que esta matéria receba uma maior atenção, uma vez que afeta as nossas vidas enquanto individuais e enquanto sociedade económica.

Mas em que medida pode a saúde mental impactar a economia? Ora, são vários os fatores económicos que influenciam a saúde mental, tais como o aumento das situações de pobreza, incerteza profissional, exclusão social, desemprego, entre muitos outros. Deste modo, não é difícil perceber que as alterações na conjuntura económica apresentam vários riscos psicossociais. Vários estudos sugerem que as dificuldades financeiras e a incerteza económica aumentam a vulnerabilidade a problemas de saúde mental e estão associados ao agravamento de perturbações depressivas e de ansiedade, stresse, consumo de substâncias e suicídio. Por outro lado, a própria saúde mental tem impacte na economia, verificando-se uma associação inversa, ou seja, ter problemas de saúde mental pode interferir com a produtividade, aumentar o absentismo e assumir-se preditor significativo de desemprego.

De facto, o Stresse e a Depressão são já a maior causa de morbidade nos países desenvolvidos, vitimando mais pessoas, atualmente, que os acidentes de viação. Nos dias de hoje, são mais de 30% os europeus afetados por problemas relacionados com o stresse e são perdidos mais de um milhão de dias úteis de produtividade por ano. Aliás, as principais causas de baixas no trabalho são razões relacionadas com problemas de saúde mental. O stresse tem prejudicado em muito a produtividade das pessoas e é notória a dificuldade em acompanhar o novo estilo de vida, muitas vezes demasiado competitivo.

A experiência de crises económicas anteriores sugere que as recessões são prejudiciais para a saúde mental, apresentando um claro risco para o aumento de sintomatologia psicopatológica. Nestes períodos, os fatores protetores da saúde mental são enfraquecidos, os fatores de risco reforçados e a saúde mental é negativamente afetada. À medida que o nível socioeconómico decresce, devido à perda de rendimento, emprego, estatuto socioeconómico e autoestima, as pessoas vivem maior incerteza (financeira, laboral, em relação ao futuro), instalando-se a desesperança e os problemas de saúde mental.

Como forma de dar resposta à crise financeira de 2008, houve um incentivo à adoção de políticas de austeridade que, apesar de terem surtido algum efeito, os custos das mesmas fizeram-se sentir de forma significativa a nível social. Pode mesmo considerar-se que, apesar do seu ponto de partida financeiro, a crise que afetou Portugal era, igualmente, uma crise social, colocando o nosso país próximo dos lugares cimeiros da Europa no que concerne aos sentimentos de ansiedade, tristeza e depressão.

De acordo com estudos epidemiológicos de Saúde Mental, Portugal tem uma das taxas mais elevadas de perturbação psiquiátrica, sendo as perturbações depressivas e da ansiedade as mais relevantes. Se o cenário era já em si inquietante, o ano de 2020 acrescentou ainda mais um peso – uma crise sanitária global. As consequências da pandemia Covid-19 estão a ser devastadoras, arrastando consigo problemas de saúde mental que deverão atingir, pelo menos, 40% da população em Portugal, avizinhando-se um período de insegurança económica.

As alterações económicas têm e continuarão a ter consequências na dimensão psicológica das pessoas, pelo que é de grande importância implementar algumas estratégias para a minimização dos efeitos das mesmas na saúde mental das pessoas. É necessário investir mais e melhor na manutenção dos sistemas de saúde mental e, principalmente, combater o estigma. Cuidados de saúde acessíveis e programas ativos do mercado de trabalho e de alívio da dívida são algumas das recomendações para minimizar os riscos acrescidos para a saúde mental durante as recessões. É crucial que os serviços de saúde mental se adequem às mudanças sociais, laborais e de estatuto socioeconómico da população e que melhorem a prevenção e deteção precoce dos problemas de saúde mental.

Através de um investimento em estratégias que apoiem os determinantes sociais da saúde, os Governos e os sistemas de saúde poderão vir a economizar e a obter melhores resultados a longo prazo, disponibilizando uma rede de apoio à saúde mental mais completa. É preciso mobilizar para o setor da saúde mental recursos financeiros públicos que sejam adequados e estáveis que produzirão ganhos económicos a longo prazo, superando os custos imediatos.

Em suma, a importância que a saúde mental tem na estruturação e manutenção da sociedade é inegável e, como tal, não se pode manter esta tendência de negligência. Sendo a “disponibilidade económica” um determinante fundamental para a saúde mental das pessoas, quer de forma direta (acesso ao tratamento) quer de forma indireta (desemprego e expetativas), a sua degradação terá sempre implicações significativas no estado psicológico das pessoas.

 

Ana Catarina Fernandes 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

A relação UE-China: uma parceria estratégica

 O vínculo União Europeia-China têm-se desenvolvido a um ritmo acelerado desde que foram estabelecidas as relações diplomáticas em 1975. A ligação foi reforçada pela adesão da China à Organização Mundial de Comércio, em 2001, e com o estabelecimento, em 2003, da Pareceria Estratégica UE-China.

Sendo atualmente duas das três maiores potências económicas do mundo, a China é o segundo maior parceiro comercial da UE, a seguir aos Estados Unidos, e a UE é o maior parceiro comercial da China.  A verdade é que cada vez mais a República Popular da China afirma-se mundialmente pela sua competitividade industrial e comercial e, consequentemente, pelo crescente papel na economia, e os dados são bastantes claros acerca do seu progresso veloz. Apesar de em 2019 os EUA continuaram a ser a maior economia do mundo, com um peso de 27,3% no PIB mundial, a China registou um peso de 17,9%, ultrapassando assim a Área Euro (17,1%). Passou, deste modo, de uma economia com números e dimensão do Sudão, nos anos 50, para a segunda maior economia atualmente.

Se no início as relações bilaterais UE-China se circunscreviam apenas ao comércio e à economia, hoje incluem também assuntos de política, segurança e desafios internacionais. Segundo dados do Eurostat, em 2019, a UE exportou 198 mil milhões de euros para a China, enquanto da China viajaram mercadorias no valor total de 362 mil milhões de euros, fazendo com que o défice comercial tenha ascendido aos 164 mil milhões de euros. Os principais produtos destas trocas são ‘máquinas e veículos’, ‘produtos químicos’ e ‘produtos manufaturados’.

Em termos de investimento, este diminuiu nos últimos três anos, resultado de medidas protecionistas europeias. Em 2010, o investimento chinês foi de 2,1 milhões de euros, tendo crescido para 37,2 milhões em 2016, contudo, em 2018, diminuiu para os 17,3 milhões. Uma particularidade dos investimentos diretos chineses é que são direcionados para áreas de grande importância estratégica e mais de metade foram realizados em empresas detidas pelo Estado, nomeadamente transportes e infraestruturas (29,1%), tecnologias da informação e comunicação (12,4%) e energia (10,1%).

Não obstante, é preciso realçar que o investimento da China na UE é bem mais alto que o investimento da UE na China. Isto foi ainda mais notório na crise financeira que atingiu a Europa e criou oportunidades para as empresas chinesas investirem diretamente, adquirindo empresas europeias. Esta falta de reciprocidade está relacionada com “vantagens injustas” desfrutadas pela China, enquanto persistiram as dividas financeiras incontroláveis na UE.  

Relativamente a Portugal, a relação bilateral entre Portugal e a China é  uma das ligações mais antigas de qualquer país europeu com este país. Todavia, é evidente a assimetria, onde as exportações de Portugal para a China têm um valor inferior a mil milhões de euros por ano, enquanto o valor das importações da China ultrapassa os 2,2 mil milhões de euros. Para além disso, Portugal tem sido um recetor importante de investimento chinês na Europa na última década. Feito num tempo difícil, política, económica e socialmente para Portugal, sob intervenção da Troika, o investimento chinês começou a ganhar peso em 2011, no sector da energia (investimentos na EDP e na REN) e expandindo-se rapidamente para os Bancos (acionista maioritário do BCP e o BANIF), saúde e seguros (Fidelidade). Atingiu 3,3% do Produto Interno Bruto nacional, colocando Portugal como principal destino do capital deste gigante asiático.

Com todos estes dados e na minha opinião, atualmente não podemos mais olhar para a China apenas como a “fábrica do mundo”, mas sim cada vez mais como um importante fornecedor de tecnologia, serviços e investimento. Esse seu protagonismo internacional deve ser concomitante com responsabilidades crescentes, bem como com um reforço da reciprocidade, de não discriminação e de abertura do seu sistema. Como em qualquer relação, há sempre grandes desafios e esta não é exceção. São evidentes vários problemas que a UE e também Portugal devem ter em consideração. A China é, simultaneamente, em diferentes domínios, um parceiro de cooperação com o qual a UE tem objetivos alinhados, um parceiro com o qual a UE tem de encontrar um equilíbrio, um rival na corrida para a liderança tecnológica e um adversário com modelos diferentes de governação.

É importante não esquecer que a China adotou um modelo de desenvolvimento caraterizado por colocar a economia acima de tudo e de todos, olhando só para os bons resultados económicos. Deste modo, é importante tentar encontrar uma harmonia complexa entre os interesses económicos da UE e a defesa dos seus valores fundamentais, principalmente em matéria dos direitos humanos, tentando restringir o comércio de produtos obtidos através de trabalho forçado, mesmo que isso possa implicar custos.

 

Ana Cunha

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

A era 5G

      É notável que, com o passar dos anos, a tecnologia tem vindo a revolucionar o mundo, afetando não só a sociedade em geral mas revelando também um papel essencial para a economia e o seu crescimento. Neste sentido, a mais recente inovação tecnológica é relativa à tecnologia 5G.

A tecnologia 5G é a quinta geração das tecnologias e padrões de comunicação de rede sem fios. Assim, será através desta que os dispositivos móveis conseguirão conectar-se à internet, independentemente do local onde se encontram. Esta nova geração tecnológica não é apenas uma evolução da 4G, mas sim uma revolução que influenciará as comunicações e nos permitirá entrar numa nova era: a da hiperconetividade. Para além de ser capaz de suportar a primeira fase expansiva das máquinas interconectadas com uma latência mínima para seu uso em tempo real, os cortes de sinal serão reduzidos e refletirá uma economia sustentável, na medida em que consumirá menos energia e a duração da bateria aumentará até 10%.

Segundo dados divulgados pela empresa Ericsson, estima-se que até ao fim de 2025 a 5G poderá chegar a abranger 65% da população mundial e será responsável por 45% do tráfego global de dados móveis. Esta é, de facto, uma ótima previsão pois há ainda um número considerável de mercados que estão atrasados no lançamento, em parte devido à pandemia da Covid-19, e os custos por parte das operadoras são significativos, tendo estas que identificar modelos de negócio sustentáveis de forma a justificar o investimento.

A implementação e o desenvolvimento da 5G será um dos principais catalisadores de valor económico uma vez que se espera que seja gerado um impacte de cerca de 7,65 biliões de euros na economia mundial, com a economia portuguesa a beneficiar de, aproximadamente, 3,4 mil milhões de euros, nos próximos dez anos. Espera-se que, para Portugal, o valor anunciado venha a ser equivalente ao impacte anual de um ponto percentual acrescido ao PIB nacional, beneficiando de forma transversal todos os setores económicos, principalmente por um aumento da competitividade e pelo surgimento de novos serviços e modelos de negócios, em particular nas PMEs.

Segundo a firma de consultoria estratégica Roland Berger, as principais indústrias a beneficiarem desta inovação, com um acréscimo de aproximadamente 5% nas suas receitas, serão as relativas à segurança, à indústria automóvel e aos transportes públicos. As vendas na área da energia e da saúde irão também sofrer aumentos, apesar de os valores serem ligeiramente mais baixos, rondando os 3,9%, sendo que, a nível da energia, será possível ter controlo, em tempo real, sobre sistemas e geradores de energia em locais onde as redes de fibra não se encontram instaladas e, no caso da saúde, serão assegurados cuidados de saúde remotos.

Para além destas, prevê-se ainda que o volume de negócios nas indústrias nacionais de media irá aumentar em 10,7%, uma vez que o aumento em massa do tráfego de dados elevará a qualidade do serviço. Na indústria manufatureira o aumento será de cerca de 5,4%, visto que a forma como suportará as plataformas de comunicação trará benefícios a nível das operações dos complexos industriais, e na agricultura o desenvolvimento de equipamentos automatizados proporcionará um aumento no valor de 5,3%.

Deste modo, este novo ramo da tecnologia vem proporcionar às empresas portuguesas um leque de novas formas de chegar ao consumidor final, amplificando as áreas de atuação em termos geográficos, de afetação de recursos e de prestação de serviços e, a nível operacional, permitirá a digitalização de processos ou modelos de trabalho mais flexíveis.

Em suma, a 5G é mais uma prova de que as novas tecnologias estão cada vez mais a dominar o mundo. No entanto, tanto os custos de a implementar e adquirir como os problemas subjacentes à cibersegurança são alguns dos aspetos negativos que as empresas terão de enfrentar ao longo desta mudança tecnológica. Neste sentido, há toda uma economia digital que poderá despontar, mas que estará dependente da iniciativa e capacidade dos empreendedores dos diversos setores de inovar e de a concretizar.


Patrícia Sanches

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

EXPLORAÇÃO DE LÍTIO: ADVERSIDADE OU OPORTUNIDADE?

O armazenamento de eletricidade em baterias de lítio é uma das soluções que fazem parte da atual “transição energética”. Neste sentido, a crescente procura de novas tecnologias de baixo carbono, como é o caso dos carros híbridos e elétricos, e o crescimento acentuado do mercado tecnológico têm potenciado o mercado das baterias de lítio, desencadeando um crescente desenvolvimento da exploração mineira do lítio.

É facto que o lítio é um daqueles elementos sobre o qual as pessoas têm pouco conhecimento. É usado em quantidades muito pequenas e desempenha um papel importante na vida diária. Este é consumido a nível global em indústrias de desenvolvimento tecnológico, na sua grande maioria indústrias de cerâmica e vidreira, mas também na indústria automóvel, eletrónica, farmacêutica e aeroespacial. Tal implica que seja caraterizado como um mineral estratégico, logo, sujeito a um significativo aumento da sua procura e, consequentemente, conduz a um número crescente de projetos mineiros implementados para a sua extração, que proliferam um pouco por todo o globo.

De acordo com dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos, Portugal é o país europeu com maiores reservas de lítio e o sexto a nível mundial. As reservas serão na ordem das 60 mil toneladas. Na realidade, a exploração de lítio em larga escala é vista, por alguns, como uma oportunidade económica para o país, dado o crescimento da indústria de baterias. Em 2021, é viável a realização do projeto do Barroso que, em comparação com os restantes, exibe uma menor duração (11 anos), tendo como objetivo a exportação de 86% do volume extraído de concentrado de espodumena (6% Li2O). Além do mais, segundo um estudo da Universidade do Minho, estima-se a criação de 600 a 800 (200 diretos e 400 a 600 indiretos) novos empregos no Barroso através da concessionária Savannah. Mas não é este então mais um motivador para a uniformidade de pareceres positivos sobre a exploração deste mineral ao nível nacional? É importante esclarecer que o método utilizado no estudo impõe alguns obstáculos, o que torna imprescindível uma investigação mais detalhada dos benefícios socioeconómicos.

De facto, não deixa de ser paradoxal as questões ambientais serem o principal entrave para a exploração do lítio quando a solução elétrica vem de certa forma contribuir para o ambiente, eliminado as soluções energéticas que tem na sua produção a queima de combustíveis fosseis. Aliás, face ao recente estudo de impacte ambiental da concessão de exploração de lítio em Montalegre, a Lusorecursos Portugal Lithium declarou que “o impacte positivo socioeconómico e a recuperação ambiental e paisagística irão trazer benefícios paisagísticos e da biodiversidade que se sobrepõem aos impactes ambientais negativos provocados”.

Todavia, não basta que deixemos a análise desta questão por aqui. Em fevereiro de 2018, o banco norte-americano Morgan Stanley previu a diminuição do défice global de lítio até ao fim do referido ano e até avaliou a possibilidade de excedentes significativos. No último ano, foram descobertas novas jazidas com muito potencial, o que originou o aumento de minas e consequentemente o acréscimo de oferta no mercado internacional. Face à variação na relação entre a oferta e a procura, o preço do lítio sofreu uma queda brusca. Ora, tal aumento de produção provocou um desajuste de mercado, já que o preço do lítio exibia uma tendência elevada e verificada desde 2015.

Então, não devemos estar conscientes e incorporar nesta acesa discussão o facto de o lítio, no momento, ser um investimento revestido de muita incerteza face ao seu rendimento? Uma prova incontestável prende-se com as dificuldades da empresa Nemaska Lithium em angariar fundos para manter tanto o seu principal projeto, uma mina de lítio em Whabouchi, como para prosseguir no procedimento das instalações em Québec.

Obviamente que considero todos estes pontos relevantes para a discussão, contudo, quando nos enquadramos a nível nacional, a pintura deve ser projetada com juízos de valor próprios. Em suma, é crucial entender que Portugal, para além de ser um país pequeno, tem um mercado pequeno, ou seja, importa quase tudo de que carece, o que provoca um desequilíbrio crónico na sua balança comercial. Assim, é importante não denegar partido dos recursos que dispõe e reduzir a dependência externa de matérias-primas relevantes, aproveitando o seu forte panorama tecnológico de uma forma abrangente e europeia, isto, sem que abdique de uma tomada de decisão governamental socialmente responsável, capaz de incentivar o diálogo e providenciar o apoio financeiro necessário, inclusive por meio do Banco Europeu de Investimento.


 

Nelson Fernandes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Desemprego em Portugal

      Neste relatório irei analisar o desemprego, apresentando a sua definição, componentes e a análise do seu comportamento em Portugal ao longo dos anos. Além disso, irei também clarificar a forma como este é calculado. A escolha deste tema deve-se ao facto de este ser um dos principais problemas sociais enfrentados pelo nosso país.

Desemprego é, resumidamente, o desequilíbrio entre a procura e a oferta de trabalho, ou seja, o excesso de indivíduos da população ativa que procuram emprego e não o encontram.  A taxa de desemprego é calculada através do rácio entre a população desempregada e o total da população ativa.

          No caso português, uma das principais causas do desemprego é a concorrência de países que produzem bens a baixo custo devido à mão-de-obra barata. Isto provoca a deslocalização de algumas empresas para esses mercados, como, por exemplo, a China e a Índia. Por outro lado, a introdução de novas tecnologias no mercado de trabalho provoca também uma substituição da força humana, retirando vários postos de trabalho.

O desemprego origina inúmeras consequências para a sociedade. Existe uma perda de impostos que os desempregados pagariam e também um aumento da despesa pública decorrente do subsídio de desemprego pago pelo Estado. Além disto, uma elevada taxa de desemprego leva as empresas a praticarem salários mais baixos, uma vez que existem mais pessoas à procura de emprego. A nível individual, o desemprego gera também consequências, na medida em que um individuo que não se encontre a trabalhar não obtém rendimento.



Através deste gráfico, podemos verificar que a descida do desemprego estava a ser uma constante nos últimos anos. Em 2020, a taxa de desemprego desceu para níveis recorde.

          Contudo, como todos sabemos, a pandemia veio desestabilizar toda a economia. Um dos setores mais afetados foi o mercado de trabalho, e a consequência mais imediata foi a eliminação de postos de trabalho, que provocou uma forte subida da taxa de desemprego. Para combater isto, o governo estabeleceu várias medidas, como o lay-off simplificado, complementos, moratórias e outros apoios que permitiram desacelerar o aumento do desemprego, mas não eliminá-lo.

    Apesar disto, recentemente o Banco de Portugal estimou que a taxa de desemprego deverá chegar apenas aos 7,5%, uma previsão mais baixa do que os 10,1% previstos em julho. O desemprego vai cair menos do que o que seria de esperar, de acordo com anteriores períodos de crise, como em 2008/2009. A redução esperada para 2020 é de 2,8%, valor mais otimista do que os 4,5% previstos em junho pelo Banco Central.

Para concluir, penso que o Estado deve tomar medidas de apoio aos desempregados, no entanto, deve ter em conta que medidas como o apoio com subsídios diretos podem contribuir para o incentivo ao desemprego. Assim sendo, uma medida viável seria procurar formas de permitir às empresas não só manter os seus trabalhadores mas também criar condições para contratar mais. O desemprego é um problema social muito delicado e, por isso, deve ser tido em conta pelo Governo, como um assunto urgente, especialmente neste tempo de pandemia, tendo de ser gerido de forma eficaz, transparente e responsável.

 

Rafael Caseiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho] 

O futuro do setor do alojamento e restauração

As medidas quem têm vindo a ser impostas de condicionamentos do distanciamento físico tiveram um grande impacto na procura do setor do turismo. A incerteza e falta de confiança geradas pelo confinamento das principais zonas turísticas em Portugal durante o verão fez com que muitos turistas deixassem de vir, além do fecho do corredor aéreo com o Reino Unido, que é a principal origem dos turistas que visitam Portugal. Estes acontecimentos estão a levar a uma crise no setor das atividades de alojamento e restauração, que se está a mostrar cada vez mais difícil de se controlar e recuperar do que o previsto inicialmente. Isto constitui uma grande preocupação uma vez que em Portugal as atividades que respondem às procuras do turismo representam 8% do Valor Acrescentado Bruto do país (2018).

No final de abril, 59,4% das empresas deste setor encerraram, tendo sido a maior parte apenas temporariamente. Os estabelecimentos de alojamento turístico perderam quase 20% das reservas para a época de verão. Consequentemente, enfrentam uma perda de 60,6% do emprego em abril de 2020 face ao mês homologo, e são responsáveis por 20,3% do aumento do desemprego total, segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho. No entanto, as atividades de alojamento e restauração representam 6,9% da população empregada, o que é menos proporção do total de emprego do que o aumento de desemprego que causou. Isto pode dever-se às formas de trabalho com tendência para os contratos de trabalho temporário, particularmente comum entre os trabalhadores jovens que prevalecem neste setor, o que leva a um aumento dos despedimentos mais rápido.

O setor do alojamento e restauração é essencial para responder às necessidades do turismo, sendo este o principal suporte do crescimento da economia portuguesa nos anos mais recentes. Se este setor não tiver apoios, vai entrar em falência, não sendo, no futuro, capaz de responder às necessidades para poder voltar a recuperar a situação económica. Mas a questão do momento centra-se em saber quais são as melhores medidas para salvar setor, tendo em conta o forte endividamento da economia portuguesa?

A implementação do estado de emergência no passado dia 6 de novembro integra o recolher obrigatório nos dois fins de semana subsequentes, a partir das 13:00h. Isto implica o fecho obrigatório dos estabelecimentos de interação com o público, nomeadamente restaurantes e hotéis. O setor da restauração tem sido o mais atingido pela pandemia, quer por causa da diminuição do turismo, quer pelas restrições de circulação que têm vindo a ser impostas pelo governo.

De modo a suportar os custos fixos enfrentados pelos estabelecimentos, que mesmo estando fechados têm que pagar, e tal como anunciado pelo primeiro ministro, os restaurantes irão receber um apoio de 20% da receita perdida nos fins de semana, para os concelhos abrangidos pelo estado de emergência, correspondentes ao período de recolher obrigatório, em que são obrigados a fechar. O montante do apoio será medido com base na média de receitas dos fins de semana anteriores do ano. Estes apoios partem de um pacote de apoios no valor de 1550 milhões de euros, destinado a ajudar micro e pequenas empresas.

No entanto, o presidente da Associação de Portuguesa de Restaurantes, Daniel Serra, responde que este método de apoio só prejudica as empresas, e é feito de forma a tornar mínimo o valor da indeminização. Pela parte dos hotéis, Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, diz que a liquidez dos hotéis melhorou nos últimos anos, melhorando a relação entre o endividamento e os valores dos ativos, ou seja, a hotelaria tem capacidade de endividamento que irá permitir sustentar a espera a enfrentar até a situação da pandemia se estabilizar e permitir que estes estabelecimentos voltem ao ativo. As medidas do governo podem passar por essa mesma conceção de crédito, pois considera-se que, no geral, irá poder ser suportado pelos hotéis, evitando assim os créditos a fundo perdido, que só agravam mais a situação de endividamento do país.

Todavia, a maioria dos restaurantes são empresas de família, que não têm a capacidade de vir a pagar empréstimos, e o endividamento é apenas uma falsa ajuda e um adiamento das suas falências. O dinheiro a fundo perdido que vai ser atribuído às micro e pequenas empresas pode ser uma boa solução para diminuir o impacto da crise e manter alguns postos de trabalho, embora isso piore a situação do país a curto prazo, mas pode ser essencial para que as empresas consigam recuperar a sua atividade quando isso for possível, porque não é com empresas fechadas e pessoas no desemprego que a economia se recupera.

 

Cláudia Ribeiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho] 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

"A maior conferência de tecnologia está em Lisboa"

        Designada como a maior conferência de tecnologia da Europa, a Web Summit dedica-se ao empreendedorismo e à inovação. Foi fundada em 2009, em Dublin, na Irlanda, local onde se realizou até 2015. Depois de serem registados inúmeros problemas com a conetividade, infraestruturas, transportes públicos e até mesmo com o controlo de preços praticados pelos hotéis, o governo Irlandês concluiu que não conseguia garantir as condições necessárias para assegurar um evento desta dimensão. Por estes motivos, em 2015, o co-fundador e CEO, Paddy Cosgrave, anunciou que a cimeira mudar-se-ia para a capital portuguesa durante o período de 2016 a 2018.

Mais recentemente, em 2018, apesar das inúmeras propostas financeiramente mais interessantes, Cosgrave resolveu tomar uma das decisões “mais loucas” da sua vida, ao fazer com que o evento permaneça em Portugal nos próximos 10 anos, ou seja, até 2028. Até então, as edições que decorreram em Lisboa foram um sucesso e sem dúvida uma mais-valia para Portugal.  

A última edição destaca-se como sendo a maior realizada até ao momento, com cerca de 70 mil participantes, vindos de todos os cantos do mundo, somando um total de 163 países representados no evento. Foram mais de 1200 palestras e 1200 investidores, centrados nas ideias e negócios expostos pelas 2150 startups que compareceram em 2019. Um estudo realizado pelo Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, revela que a Web Summit 2019 terá tido um impacte de 180 milhões de euros na economia do país, o que representa um aumento de 75 milhões de euros face a 2018. O valor calculado abarcava não só o retorno direto dos 70 mil visitantes como também ganhos na capacidade de o país atrair atenção mediática, negócios e empresas tecnológicas.

“Será que valem a pena mais 10 anos de Web Summit em Portugal?” É uma questão que tem sido abordada por vários economistas. É de realçar a atenção mundial que o evento trouxe a um ecossistema tecnológico incipiente, fazendo com que investidores, startups e fundadores vissem Portugal com outros olhos, sendo fundamental sabermos aproveitar todas as oportunidades que tem surgido por causa da Web Summit.

Para retirar as minhas conclusões sobre a importância da permanência em Portugal até 2028, centrei-me em previsões de um estudo realizado pelo economista e professor da Universidade do Minho, João Cerejeira, que demonstram um impacte positivo na economia portuguesa, como, por exemplo, quando este afirma que a nível da procura, “para 2028, projeta-se um impacto direto até 159,1 milhões de euros, consoante o cenário considerado”, reflexo de que realmente o evento proporciona efeitos favoráveis ao país. Eventos como este, para além dos impactes que possam surgir a longo prazo em vários sectores de atividade, na reconfiguração da economia, no avanço do país e no maior reconhecimento mundial, comprometem diversos meios cujos efeitos no curto-prazo poderão ser bastante consideráveis, através do estímulo da procura interna da economia.

Este ano, devido à situação que Portugal e todo o mundo estão a enfrentar, a organização do evento recusou a ideia de ter um modelo de cimeira híbrido, ou seja, com uma parte da participação física e outra online, depois do alargado crescimento de infeções e surtos de Covid-19 e com a Europa a passar por uma segunda vaga pandémica. Assim, a 5º edição da Web Summit em Portugal será exclusivamente na internet, e realiza-se entre os dias 2 e 4 de dezembro, contando receber cerca de 100 mil participantes na plataforma de conferência digital. Para 2020, estimava-se um custo total para o governo e Câmara Municipal de Lisboa acima dos 20 milhões de euros mas, sem os gastos logísticos presentes, tudo aponta para que mesmo assim seja cobrado o valor de 11 milhões de euros contratualizados.

Para finalizar e na minha opinião, é sempre uma mais-valia um evento deste patamar decorrer em Portugal, a todos os níveis. Colocando a cidade de Lisboa na rota dos grandes centros tecnológicos, contribuindo para o desenvolvimento e modernização da economia portuguesa, é também uma oportunidade para que os diversos profissionais possam estabelecer uma rede de contacto mundial sólida. É visivelmente notório o quanto a Web Summit alterou a perceção de Portugal e, como diz o economista Pedro Manuel Costa, “Deixámos de ser apenas o país das praias e do surf, para passarmos também a ser um bom país para investir e onde trabalhar”. 

 

Ana Torres

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho] 

Petrolíferas e a Pandemia

Não é novidade que esta pandemia afetou um pouco todos os setores económicos, assim sendo, o mercado do petróleo e gás natural não foi exceção. O impacte neste mercado deveu-se muito à demasiada oferta na quantidade enquanto que a sua procura estava bastante reduzida, o que fez os preços destes bens colapsarem.


          Como se pode reparar no gráfico anterior, retirado do BBC, as quedas nos preços destes bens foram abruptas e atingiram mínimos históricos. Foi relativamente fácil reparar nesta queda de preços e, inclusive, foi diversamente comentado pelos portugueses pois refletiu-se fortemente nos preços dos combustíveis, como a gasolina e o diesel, que atingiram preços absurdamente baixos. Não é de admirar também que muito dificilmente os preços voltem ao estado pré-pandemia, pois todos os países têm cada vez mais um pensamento sustentável e voltado para o meio ambiente, o que, consequentemente, faz com que procura por estes produtos venha a diminuir. São utilizados como substitutos energias mais limpas, o que já era tendência antes desta crise sanitária. Segundo a International Energy Agency, a procura destes produtos diminuiu aproximadamente 30% face ao ano anterior.

          De forma a tentar travar a queda destes preços, a OPEC +, membros da OPEC mais a Federação da Rússia, reuniu-se de forma a chegar a um acordo de redução de produção, diminuindo a oferta e, por sua vez, restaurando novamente um bom preço para o Petróleo e gás Natural. Todavia, as duas partes neste acordo não conseguiram chegar a um entendimento e não diminuíram a produção, o que fez com que o preço continuasse a reduzir-se.

          Este acontecimento teve especial impacte nas economias exportadoras de petróleo e gás natural, incluindo diversos países em desenvolvimento em que este era o seu principal setor de exportação. Estes últimos países são os que também têm uma exploração de petróleo mais cara - como é exemplo a Angola e Nigéria - e viram as suas receitas a diminuírem e os custos relacionados com a saúde e combate à pandemia aumentarem drasticamente, ficando numa situação bastante complicada.  Já os países mais desenvolvidos, onde a exploração destes produtos é mais barata, conseguiram reduzir perfeitamente os seus preços e colocar-se numa posição mais vantajosa, como foi o caso da Arábia Saudita.

          Segundo a revista Visão, os ambientalistas têm acusado as empresas petrolíferas de estar a aproveitar a pandemia para ganhar “terreno”, sendo que estão a aproveitar para ganhar bastante com o plano de recuperação económico, valendo-se da proximidade que têm dos decisores económicos. No que se remete a Portugal, este não é exceção e o principal responsável pela elaboração do programa de recuperação económica e social é o Professor António Costa e Silva, gestor da petrolífera Partex, o que, apesar de este mesmo ter dito que não existia nenhum conflito de interesses, tem, ironicamente, atrasado sempre planos como a recolha de carbono na atmosfera, uma política que seria muito prejudicial para a sua petrolífera. Assim, os ambientalistas apelam para a criação de barreiras que impeçam que os representantes das indústrias petrolíferas cheguem aos decisores políticos.

          Em suma, trata-se de um mercado que está a passar diversas dificuldades e enfrenta enormes controvérsias em relação à sua evolução  futura. É também um mercado com enorme poder na economia global, onde os principais barões têm diversos contactos e conseguem chegar facilmente ao poder dos países, influenciando as políticas tomadas de posição de acordo com as suas preferências.

 

Carlos Marinho 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho] 

O Catalisador da Digitalização

Nada será como antes! Tudo por causa deste abominável vírus que, sem convite, chegou e não tem bilhete de volta! Sem dúvida, a COVID-19 conseguiu atravessar o mundo com a força da sua invisibilidade e envolveu-o num manto de incerteza. Pôs em causa o nosso modo de vida e parece levar a melhor e o melhor do Homem, o seu bom-senso.

Todavia, apesar de tudo, a SARS-COV-2 também criou novas oportunidades para gerir desafios. Hoje, mais do que nunca, apercebemo-nos que impulsionou a necessidade de inovação e deixou claro que, sem o acesso às tecnologias de informação e comunicação, a vida, nos últimos tempos, teria sido muito mais sufocante e limitada. Deste modo e tal como declara Miguel Almeida, diretor-geral da Cisco Portugal, a pandemia foi “o rastilho da transição digital”, uma vez que o decreto do estado de emergência e o confinamento obrigatório criaram “o momento ideal” para a aceleração do processo de digitalização do país.

Assim, a sociedade foi “remotizada” de um dia para o outro. Creio que quanto mais isolados e distanciados estávamos socialmente, mais ligados ficamos digitalmente. Com efeito, a crise pandémica veio evidenciar ainda mais a importância da disponibilidade, resiliência e qualidade das redes móveis e fixas de telecomunicações em Portugal, na medida em que a interoperabilidade e a interconetividade conferidas por estas tecnologias foram vitais à sobrevivência de qualquer empresa e serviço, pois garantiram que a sociedade civil, as empresas e o Estado continuassem a comunicar entre si.

Certamente, o suporte à digitalização foi, é e será promotor da retoma económica, visto que se massificou o teletrabalho, o ensino à distância, a telemedicina, o e-Commerce, a robótica e a indústria automatizada, os serviços públicos on-line e as plataformas colaborativas da economia local. Posto isto, promoveu-se a utilização acelerada de mecanismos de videoconferência e de partilha de informação pelas diferentes camadas da população, assentes numa transformação digital absolutamente transversal a toda a sociedade portuguesa.

Acredito que este será o “novo normal” e, portanto, é imperativo reinventar Portugal. Efetivamente, a transição digital é um dos instrumentos essenciais da estratégia de desenvolvimento do país, em linha com as orientações do Pacto Ecológico Europeu e com os investimentos da UE no período de programação 2021-2027. As novas tecnologias digitais, como os sistemas de inteligência artificial, a tecnologia 5G, a computação em nuvem e de proximidade e a Internet das coisas constituem-se, no seu conjunto, num dos principais alicerces da transição energética da economia e do Plano de Recuperação e Resiliência.

Nesta medida, um elemento propulsor desta transformação é o alargamento da fibra ótica para cobrir todo o país, tendo em vista o reforço da coesão territorial e a integração do interior na economia nacional e global. Outra estratégia impulsionadora é a utilização da nova geração de tecnologias móveis, a rede 5G, que consiste no suporte de redes do futuro com elevada capacidade de transporte de dados e com a possibilidade de interligar milhões de dispositivos. Assim, é possível alavancar a conectividade do país, inserindo-o nas redes globais, potenciando o know-how, construindo uma plataforma competitiva que providencie soluções para gerir as cidades inteligentes, para lançar e dinamizar a Internet das coisas, para potenciar o Big Data e para desenvolver o ecossistema de inovação, pondo-o ao serviço da transformação da economia.

É ainda essencial criar condições favoráveis ao setor público para prestar um melhor serviço e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida ao cidadão. Urge assim incentivar a adoção, por parte das empresas e do Estado, de instrumentos mais modernos que contribuam para a criação de mais e melhor emprego e a promoção da aposta em novos modelos de produção que incorporem as tecnologias associadas à digitalização.

Em suma, a crise sanitária mostrou a flexibilidade e capacidade de organização e adaptação que o sistema tecnológico nacional tem, pelo que, a meu ver, é imperativo reforçar e consolidar todas as infraestruturas digitais, aumentar o poder das redes e reforçar as tecnologias de informação e comunicação e também as competências de gestão.

Penso que devemos olhar para a pandemia como uma oportunidade de potencializar o nosso desenvolvimento, apostando na melhoria das qualificações da população e nas competências digitais da Administração Pública, das instituições e das empresas. Só assim conseguiremos enfrentar este desafio, reinventando-nos e recuperando a economia, tornando-a mais eficiente, inclusiva, inovadora e mais interconectada.

 

Ana Sofia Prelado Diogo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]