Quando a crise financeira se instalou em Portugal não
passávamos um dia sem ouvir a palavra desemprego e, hoje em dia, apesar de mais
atenuado, continua a ser um tema bastante sensível para a população. Durante a
crise financeira, o pico de desemprego foi atingido em 2013 e, desde então,
mantém-se em trajetória descendente, atingindo no ano transato 8,9%, um valor
inferior ao dos nossos vizinhos espanhóis e franceses. Segundo o INE, a taxa de
desemprego registou o valor de 6,7% no segundo trimestre de 2018, o que
equivale a 351,8 mil pessoas desempregadas.
Se, por um lado, constatamos que muitos dos jovens vão
diretamente das faculdades para o desemprego, por outro, indivíduos de faixas
etárias mais avançadas ficam sem oportunidades no mercado de trabalho. Para mim,
a primeira situação chama-me mais a atenção. Apesar dos níveis de desemprego em
Portugal estarem em valores mais razoáveis, o desemprego jovem continua a ser
bastante alarmante. No segundo trimestre de 2018, este situava-se em 19,4%, o
que significa que, aproximadamente, um em cada cinco jovens estava
desempregado. Para muitos dos jovens que estão prestes a terminar a sua
formação, a emigração já consta nos seus planos, uma vez que ambicionam por
condições que o seu país não é capaz de lhes proporcionar. Para aqueles que por
cá ficam, alguns vêm-se obrigados a optar por empregos fora da sua área de
formação, ou limitam-se, simplesmente, a aceitar contratos de trabalho de curta
duração ou a recibos verdes. Na minha perspetiva, o voluntariado e os estágios não
remunerados são uma boa solução para a estreia no mercado de trabalho, numa
tentativa de mostrarem as suas capacidades e, assim, conseguirem um possível
contrato de trabalho.
Muito se tem especulado em torno dos níveis de desemprego e
de possíveis medidas para conseguirmos ver os números a baixar. Mas o que
realmente tem sido feito para controlar os níveis de desemprego? O Instituto de
Emprego e Formação Profissional (IEFP) tem, indubitavelmente, um grande papel
no que concerne ao combate ao desemprego. Neste sentido, em Outubro de 2016,
foram implementadas novas regras no que diz respeito aos centros de emprego, a
meu ver mais eficazes e com um aperfeiçoamento no acompanhamento do
desempregado. Uma das medidas adotadas foi a eliminação das apresentações
quinzenais dos desempregados nos centros de emprego. A verdade é que os
indivíduos que estavam a beneficiar de subsídio de desemprego eram
impreterivelmente obrigados a estas apresentações, o que para mim não trazia
nenhum benefício adicional.
Por outro lado,
foi exigida mais
proatividade por parte dos centros de emprego a fim de encontrarem soluções
mais eficazmente, abrangendo, por exemplo, a elaboração de um Plano Pessoal de
Emprego para cada desempregado. Este integra um
apoio mais personalizado ao desempregado na procura de emprego, incluindo
formação e aquisição de competências e, também, a monitorização das suas
obrigações impostas por lei. Para mim, se estas medidas foram realmente
impostas, beneficiam os níveis de desemprego, ao existir um controlo mais
apertado e não havendo o direito a nãos por parte dos desempregados, pelo risco
de deixarem de fazer parte dos centros de emprego e de
perderem o direito ao subsídio de desemprego. Na minha perspetiva, é
extremamente importante acabar com a típica acomodação do desempregado ao
subsídio de desemprego, sendo que estas medidas podem ter contribuído para que
tal fosse possível, devido à maior interação entre os centros de emprego e os
desempregados.
Segundo o INE, em
2017, a vila alentejana de Barrancos, pertencente ao distrito de Beja, era onde
se verificava maior percentagem de pessoas inscritas nos centros de emprego.
Evidentemente, isto é uma consequência da interioridade, do envelhecimento da população
e dos escassos postos de trabalho lá existentes. Esta vila é apenas uma de
muitas que se encontram nesta situação, todas caraterizadas por grande carência
em investimento empresarial, já que este foge para as grandes cidades e,
também, pela presença de uma população com um nível de educação mais baixo.
Torna-se, assim, necessário implementar medidas para pôr fim
a este cenário. Isto pode ser contornado, por exemplo, com incentivos por parte
do governo para a criação de novas empresas nas regiões mais afetadas. Não indo
totalmente de encontro, mas por exemplo, atualmente em vigor, o IEFP possui “um
conjunto de apoios à criação do próprio emprego e à criação de empresas para
quem esteja em situação de desemprego” e inscrito no IEFP. Para além disso,
deve promover-se a descentralização, atribuindo mais responsabilidades às
câmaras municipais para que se implementem medidas concretas e autênticas de
apoio ao desemprego em cada concelho.
Em suma, apesar das previsões apontarem para taxas de desemprego
mais otimistas nos próximos anos, não podemos ficar de braços cruzados. É
necessária a formulação constante de políticas de redução de desemprego,
incidindo principalmente no desemprego jovem.
Márcia Alexandra Matos Fonseca Lima
Bibliografia:
Instituto Nacional de Estatística
[artigo de opinião escrito no âmbito da Unidade Curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano (1º ciclo) do curso de Economia da EEG/Universidade do Minho]
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