A recente política da União Europeia dá primazia à competitividade das economias
dos países membros. Com isto, é pretendido não só um crescimento elevado da produtividade,
mas também que o mesmo seja sustentável. Mas afinal o que é isto da
competitividade? Tal pode traduzir-se na competência que um país ou até mesmo
uma empresa têm para conseguir colocar no mercado externo um produto/serviço
que se distinga dos outros. Nesse sentido, a diferença deve ser relativa,
nomeadamente, ao nível de qualidade bem como a nível da competitividade dos
preços. Consequentemente, isto proporciona rendimentos e, face aos custos
associados à produção dos mesmos, permite a expansão do rendimento real dos
seus cidadãos.
No entanto, a dificuldade reside no facto de cada vez mais as empresas
necessitarem ter uma visão mais abrangente do mercado e, por isso, são
colocados maiores desafios às mesmas, como é o exemplo da melhoria contínua na
criatividade.
Tendo uma visão mais macroeconómica, Portugal tem vários entraves no que
toca ao aumento da sua competitividade no mercado europeu e mundial. Primeiramente,
o tecido empresarial português é muito fragmentado, visto que a maior parte das
empresas são pequenas e médias empresas. Segundo o PORDATA, Portugal registou
em 2016 cerca de 1,2 milhões de pequenas e médias empresas, sendo cerca de 92%
das mesmas de dimensão micro. Além disso, a mão-de-obra é ainda pouco
qualificada, apesar das medidas do governo português para o aumento deste aspeto,
como é o caso da escolaridade obrigatória até ao 12ºano. Por fim, a burocracia
inerente ao governo, bem como os impostos, tornam-se também um obstáculo ao
surgimento de startups, por exemplo.
Apesar destes entraves, que se revelam determinantes na progressão da
competitividade das organizações, podemos considerar que o nosso país tem tido
um bom desempenho no ranking da
competitividade, revelado pelo Global Competitiveness Report relativo
a 2017–2018. Neste ranking, Portugal
obteve o modesto 42º lugar, num total de 137 países participantes, destacando-se
a sua subida de 4 posições face ao ano anterior. Porém, um melhor lugar foi
conseguido no ranking relativo a
2014-2015 (36ºlugar), após a devastadora queda acontecida a partir de 2006. O
ciclo negativo compreendido entre 2006 e 2013, onde a competitividade atingiu a
51ª posição, é fruto das condições económicas na sequência da crise financeira.
De destacar o papel fundamental do
acordo de parceria adotado entre Portugal e a Comissão Europeia, “Portugal
2020”, onde reúne a atuação de 5 fundos europeus: FEDER, Fundo de Coesão,
FSE, FEADER e FEAMP, permitindo a melhoria da posição portuguesa no que
respeita à competitividade.
No topo do ranking está a Suíça
seguindo-se dpaíses como Estados Unidos, Singapura, Holanda, Alemanha, Hong
Kong, Suécia, Reino Unido, Japão e Finlândia, formando assim o top 10 de países com maior
competitividade, pelo que não se revela nenhuma surpresa. Por oposição, o Iémen, país árabe que
ocupa o extremo sudoeste da Península Arábica, encontra-se no último lugar deste ranking e, em 136º lugar, Moçambique.
Comparando este resultado com nuestros
hermanos e com outro país que sofreu uma crise financeira profunda recentemente,
Portugal está ligeiramente abaixo da posição espanhola e 45 posições acima da grega.
Não obstante, nem tudo é um benéfico tendo em conta que toda esta dinâmica
empresarial pode criar desigualdades salariais quando comparamos o
empreendedorismo de necessidade com o de oportunidade, situação abordada no
estudo “Dinâmica Empresarial e desigualdades”, da Fundação Francisco Manuel dos
Santos.
Em suma, Portugal revela-se num bom caminho no que toca à
competitividade internacional, dado o crescimento da produtividade das empresas.
Isto possibilita não só o sucesso da organização como também o sucesso do país
onde se insere. Na minha opinião, a posição no próximo ranking manter-se-á favorável uma vez que as condições económicas
que o país enfrenta assim o permitem e também, como já referido anteriormente,
pelo desenvolvimento do programa “Portugal 2020”.
Célia Santos
Referências:
- PORDATA
- Direção Geral das Atividade Económicas (DGAE)
- https://www.jornaldenegocios.pt/economia/conjuntura/detalhe/portugal-e-o-33-pais-mais-competitivo-a-melhor-posicao-desde-2004
(acedido em 3/10/2018)
- World Economic Forum
[artigo de opinião escrito no âmbito da Unidade Curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano (1º ciclo) do curso de Economia da EEG/Universidade do Minho]
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