O Instituto Nacional de Estatística confirmou o crescimento do PIB português pelo segundo trimestre consecutivo, o que permitiu ao país sair da situação de recessão técnica. Entre Julho e Setembro de 2013 verificou um crescimento em cadeia de 0.2%, embora corresponda a uma contração homóloga de 1.0% (-2.0% no 2ºT). Este valor mostra um contributo negativo menos acentuado da procura interna, que passou de -2.9 pontos percentuais (p.p.) no 2ºT para -1.6 p.p no 3º, mas houve igualmente um contributo menor das exportações.
De realçar a divulgação do comércio externo de mercadorias relativa ao mês de Outubro, informação que continua a confirmar o comportamento positivo das exportações. As exportações de bens mantiveram um crescimento de 4% face ao período homólogo, reflexo de uma ligeira aceleração das vendas para a União Europeia (de +2.6% para +2.7%, graças sobretudo aos mercados de Espanha e Reino Unido), compensando o menor ritmo de crescimento para países extra-EU (+7.6% antes; 7.3% em Outubro). Todavia, há que destacar que cerca de 70% desta performance se fica a dever ao contributo das vendas de combustíveis ao exterior, o que evidencia o esforço necessário para manter uma dinâmica positiva no futuro próximo.
O Banco de Portugal (BP) reviu em alta a estimativa de crescimento do PIB português para 2014 e prevê que acelere em 2015, com a manutenção de exportações robustas e uma retoma progressiva da procura interna (sobretudo investimento), apesar de condicionada pela austeridade no cumprimento das metas orçamentais. A autoridade central projeta que o PIB, após a contração de 1.5% em 2013, cresça 0.8% em 2014 e estima um crescimento de 1.3% em 2015. Para este cenário está previsto que, depois da procura interna gerar um contributo negativo para o crescimento de 2.7p.p. em 2013, deva contribuir favoravelmente em 0.1p.p. em 2014 e 0.4p.p. em 2015, com as duas componentes - consumo privado e investimento a deixarem de cair a partir do final do corrente ano. Segundo o BP, o consumo privado, após a queda de 2.0% em 2013, deverá crescer 0.3% em 2014 e 0.7% em 2015, enquanto que a Formação Bruta de Capital Fixo, depois da contração de 8.4% no corrente ano, é vista a aumentar 1.0% no próximo ano e 3.7% daqui a dois anos.
Por outro lado, o BP prevê um crescimento robusto das exportações, traduzindo um perfil de aceleração da procura externa, a par de ganhos de quota de mercado progressivamente menores ao longo do horizonte de projeção - assim, será +5.9% em 2013, +5.5% em 2014 e +5.4% em 2015. O banco central aponta para o emprego ter um ligeiro crescimento entre 2014 e 2015, vendo igualmente algum aumento dos salários do sector privado, o qual contribuirá para que os custos unitários do trabalho no sector privado apresentem uma variação positiva, embora reduzida, nos próximos dois anos.
No que respeita à poupança das famílias portuguesas, o indicador de APFIPP/Universidade Católica caiu pelo quarto mês consecutivo, em Novembro de 2013, para 117.9 pontos, ou 9.4% do Produto Interno Bruto (PIB), embora ainda se situe em máximos históricos. O indicador de poupança calculado por estas duas instituições desceu para 117.9 em Novembro face aos 124.5 de Outubro e após o máximo histórico de 132.4 alcançado em Julho. O indicador sugere ainda que, em termos agregados, as famílias têm aumentado a sua taxa de poupança em 0.10-0.15 pontos percentuais do PIB em cada trimestre, desde Dezembro de 2009.
Fica assim, confirmada uma evolução real e de expetativas favoráveis da atividade económica em Portugal, aumentando a probabilidade de um cenário de transição tranquila posterior ao final do atual Plano de Ajustamento.
Luís Pedro Mendes Pires
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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