Trata-se de uma análise simples da situação das famílias em Portugal, segundo os resultados dos Censos 2011, comparativamente com censos anteriores.
Há mais famílias clássicas mas com dimensão média decrescente
O número de famílias clássicas, residentes em Portugal, aumentou cerca de 11% nos últimos dez anos, passando de 3 650 757 em 2001, para 4 043 726 em 2011.
As alterações sócio-demográficas sentidas ao longo das últimas décadas têm-se refletido em transformações também nas estruturas e composições familiares.
A dimensão média das famílias entre 1970 e 2011, diminuiu aproximadamente uma pessoa, por família clássica.
Há mais pessoas a viver sós e menos famílias numerosas
Em 2011, as famílias clássicas constituídas por uma só pessoa representavam 21,4% do total de famílias, correspondendo a um aumento de cerca de 4 (p.p.) relativamente a 2001. Relativamente à proporção de famílias clássicas com 5 ou mais pessoas, diminuiu de 9,5% do total de famílias clássicas, em 2001, para 6,5%, em 2011.
Aumenta o risco de pobreza, quando em condição de desemprego
A população que vivia em agregados familiares enfrentava um risco de pobreza de 18,0% em 2010, o que traduz uma melhoria relativa face a 2003, com 20,4%, e sobretudo face a 1994, com 23%.
Todavia, em condição de desemprego, o risco de pobreza aumentava para valores da ordem dos 36%, bastante maior do que o risco de pobreza para a generalidade da população, que vivia em agregados familiares (cerca de 18%).
As pessoas que vivem sós, são sobretudo idosas/os e mulheres
Em 2011, as famílias unipessoais de pessoas com 65 ou mais anos correspondiam a 10,1% do total de famílias clássicas e representavam a maior parcela de famílias unipessoais (46,9%), traduzindo-se num aumento de 26,8% relativamente a 2001.
Aumentou o número de famílias monoparentais
Verificou-se um aumento dos núcleos familiares monoparentais, de 11,6% do total de núcleos familiares, em 2001, para 14,9%, em 2011.
As famílias constituídas por casal com filhos continuam a representar metade dos núcleos familiares, embora as relações conjugais de facto, com filhos, tenham aumentado.
Os núcleos familiares constituídos por um casal (de direito ou de facto) com pelo menos um filho representavam metade (50 %) dos núcleos familiares em 2011. Observa-se, contudo, um decréscimo de 7 p.p. face a 2001, altura em que representavam 57,2% do total de núcleos familiares.
A proporção de casais com um filho, aumentou de 53,5% em 2001 para 58,4% em 2011.
Paralelamente, a proporção de casais com mais do que um filho foi menor em 2011 do que em 2001, independentemente do número de filhos.
As relações conjugais de facto ganharam expressão em Portugal entre 2001 e 2011. Em 2001, os núcleos conjugais de facto representavam 6,1% do total de núcleos conjugais (185 917 núcleos), e em 2011 esta proporção subiu para 11,3% (363 891 núcleos).
Os núcleos familiares reconstituídos aumentaram em 2011
Entre 2001 e 2011, a proporção de núcleos familiares reconstituídos face ao total de núcleos familiares de casais com filhos mais do que duplicou, passando de 2,7% (46 786) para 6,6% (105 763).
Por outro lado, a análise dos segmentos respeitantes a núcleos de direito e de facto, no total de núcleos familiares reconstituídos, traz para primeiro plano a crescente realidade da conjugalidade de facto. Verifica-se que mais de metade dos núcleos reconstituídos em 2011 correspondia a casais de facto, com pelo menos um filho não comum (59,2%).
O risco e a intensidade da pobreza são mais gravosos para as famílias com crianças dependentes
De um modo geral, entre 2003 e 2010, as pessoas a viver em agregados com crianças dependentes registaram taxas de risco de pobreza superiores à média da população, acentuando-se esta discrepância a partir de 2007.
Pessoas pobres sem capacidade para ter uma refeição de carne, peixe pelo menos de 2 em 2 dias
A leitura das dificuldades, em 2011, evidencia que 3,1% das pessoas em agregados familiares referiu não ter capacidade para ter uma refeição de carne, peixe (ou equivalente vegetariano) pelo menos de 2 em 2 dias.
Já nas famílias em risco de pobreza, a proporção de pessoas sem capacidade para ter uma refeição de carne, peixe ou equivalente vegetariano, pelo menos de 2 em 2 dias, sobe para 8,4%.
Relativamente às condições de habitabilidade dos domicílios, 26,8% referiu não ter capacidade para ter a casa adequadamente aquecida.
A situação financeira da família de origem, influencia o risco de pobreza na atualidade
Do conjunto de pessoas com 25 a 59 anos, que se encontravam em risco de pobreza em 2010, 42,0% referiram ter vivido enquanto adolescentes em famílias cuja situação financeira consideraram ser má ou muito má, sendo que, para a população em geral, com a mesma idade, aquela proporção era de 27,2%.
Joana Pogeira da Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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