Sabe-se que o Desenvolvimento é um processo complexo e um
desafio multidimensional, com interligações entre as diversas variáveis
económicas, sociais e ambientais. O desenvolvimento sustentável refere-se a um
modo de desenvolvimento capaz de responder às necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade de crescimento das gerações futura. Visa, assim, melhorar
as condições de vida dos indivíduos, preservando simultaneamente o meio
envolvente a curto, médio e, sobretudo, longo prazo, comportando um triplo
objetivo: um desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e
ecologicamente sustentável.
Só em 2015 foi possível conceber uma agenda global de
desenvolvimento, aprovada ao mais alto nível político, que integrasse as três
dimensões do desenvolvimento sustentável numa visão comum e universalmente
partilhada do que queremos para a humanidade nos próximos anos. Os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030, adotados pela quase
totalidade dos países do mundo, no contexto das Nações Unidas, definem as
prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030 e
procuram mobilizar esforços globais à volta de um conjunto de objetivos e metas
comuns.
São 17 ODS, em áreas que afetam a qualidade de vida de todos
os cidadãos do mundo e daqueles que ainda estão para vir. Um relatório feito
por cientistas independentes para a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre
desenvolvimento sustentável para 2019, apresentado este mês em Nova Iorque,
coloca Portugal em 26.º lugar de um total de 162 países avaliados. Com 76,4
pontos de um máximo de 100, Portugal encontra-se entre os 30 países mais
sustentáveis do mundo, segundo o relatório, que avalia o desempenho de 162
países nos 17 ODS. Desses 17, Portugal está a cumprir da melhor forma o sétimo
- energias renováveis e acessíveis, que deve garantir o acesso a fontes de
energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos. À semelhança da maioria
dos países, Portugal tem tido um desempenho negativo no objetivo 13, da ação
climática, que consiste em adotar medidas urgentes para combater as alterações
climáticas nas políticas, estratégias e planeamentos nacionais.
Os cientistas
consideram que o progresso feito nos últimos 20 anos está em risco de se reverter,
devido às desigualdades sociais e declínios "potencialmente
irreversíveis" no ambiente. De forma geral, o relatório conclui que as
mudanças e o desenvolvimento sustentável do mundo são demasiado lentos e não
vão garantir o cumprimento dos ODS até 2030. Na sequência destes dados, António
Guterres alertou que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento,
ligado às alterações climáticas, que garanta justiça e igualdade entre as
pessoas, mas também uma boa relação entre a população e o planeta.
Na minha opinião, é
urgente e obrigatório a existência de mudanças de atitude por parte de todos,
em especial por parte das autoridades públicas, que devem adotar políticas e
soluções apropriadas, de modo a limitar e combater as emissões de dióxido de
carbono, melhorar a gestão dos recursos naturais, especialmente, o seu consumo,
e combater a exclusão social e a pobreza na Europa e no mundo. É fundamental
que ciência e política assumam papéis mais significativos para a transformação
das quatro áreas mais importantes da relação humana com a natureza: o uso de
recursos naturais, o sistema alimentar, a produção e o consumo, e a
sustentabilidade das cidades.
A formação, a educação
e a consciencialização humana são também instrumentos importantes para alcançar
o desenvolvimento sustentável. Numa era de sinais contraditórios, em que por um
lado existem cada vez mais pessoas preocupadas com as alterações climáticas,
estando a população jovem cada vez mais mobilizada, e, por outro lado, temos as
mudanças políticas em países importantes, como os EUA ou o Brasil, que põem em
causa as metas estabelecidas nos últimos anos, torna-se necessário
consciencializar os países e os seus governantes que os padrões de
desenvolvimento económico têm que ser outros. Estes padrões devem basear-se
numa relação diferente com os recursos naturais e a sua exploração, sendo
necessário que os governantes mundiais percebam que o problema da
sustentabilidade do planeta não é uma fábula, mas sim um problema real e cada
vez mais preocupante.
Sara Vieira Ribeiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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