O
que é a felicidade? É algo que pode ser medido? Há forma de aumentarmos a nossa
felicidade? Se sim, como? “Se acreditamos que algo é importante, temos de
tentar medi-lo”. Esta frase foi proferida por um economista britânico, Richard
Layard, conhecido por tentar medir a felicidade. E sendo o paradoxo da nossa
vida a felicidade, podemos e/ou devemos medir a nossa própria felicidade? E, acima
de tudo, será que a conseguimos interligar com a Economia?
Talvez consigamos definir a felicidade como um estado de
satisfação a nível pessoal e profissional, em que encontramos um equilíbrio com
o nosso estado psicológico. Mas, o grau de perceção de felicidade será o mesmo para
mim e para o resto das pessoas? A felicidade é uma definição individualista.
Tanto que se nos perguntarmos se somos felizes, muitas pessoas podem assumir
que são felizes porque têm uma boa casa ou um bom salário, enquanto que outras
dão como razão da sua felicidade terem uma família feliz ou saúde. E é aqui que
o paradoxo começa. Se a definição e a causa da felicidade são díspares para todos,
como podemos medi-la? A verdade é que sim, podemos medi-la, mas talvez seja uma
avaliação subjetiva.
Tendo
em conta a dificuldade de mensuração da felicidade, um exemplo interessante do
estudo exaustivo desta matéria é o Better Life Index. A meu ver, a
felicidade é algo que não se consegue traduzir num número objetivo. Porém, podemos
tentar estabelecer uma conexão entre a felicidade e uma boa vida, e desta forma
chegarmos a um resultado mais concreto. Mas será uma vida melhor sinónimo de
felicidade?
A OCDE lançou em 2011 o Better Life Index, onde
mostra como cada país agrupa as variáveis que considera mais importantes, de
forma a chegar a um resultado. Este Índice engloba 11 variáveis, umas
subjetivas, como a medição da nossa satisfação pessoal, e outras mais objetivas
(embora não tanto), como o rendimento e o equilíbrio pessoal-profissional. É de
salientar que quantas mais dimensões abarcarmos, mais sustentável será o nosso
resultado. Mas isto atrai dificuldades, como o peso relativo atribuído a cada variável
ou a tendência de querer adicionar dimensões que são difíceis, ou talvez
impossíveis de medir. Como exemplo, temos o engajamento cívico e a qualidade do
meio ambiente.
Porém, é interessante efetuarmos uma comparação entre os países
da OCDE. Conseguimos retratar que os países nórdicos, como a Noruega, a
Islândia e a Dinamarca obtêm um Índice mais elevado, ao contrário de países
como a África do Sul, o México e o Brasil.
Nada de inesperado até agora, mas em
que medida estes dados são exequíveis? Tal como foi dito, um dos dilemas deste
Índice é o peso de cada variável na sua medição. Porque não é o rendimento a
variável mais importante? É certo que a maioria das pessoas quer mais
rendimento, mas a verdade é que apesar de as sociedades se tornarem mais ricas,
tal não quer dizer que sejam sociedades mais felizes, ou até que vivam melhor. Estudos
recentes demonstram que as pessoas, nos últimos 50 anos, não apresentam um
grande aumento no seu nível de felicidade, mesmo que o rendimento médio tenha
mais que duplicado. É claro que o dinheiro não compra a felicidade, mas é um fator
marcante para avaliar o padrão de vida das sociedades. E, nesta variável, o Luxemburgo,
seguido dos Estados Unidos, é o pais que apresenta um Índice mais elevado e,
por outo lado, é o país que apresenta mais desigualdades na distribuição do
rendimento.
No
que concerne a Portugal, o nosso país encontra-se acima da média em variáveis
como a segurança e o equilíbrio pessoal-profissional, mas encontra-se abaixo da
média em variáveis como o emprego e a satisfação pessoal. Mas os portugueses
vivem pior que os luxemburgueses porque apresentam um Índice mais baixo?
Este
Índice serve de comparação, mas há que ter atenção que temos de analisar estes
valores com total consciência que existe uma panóplia de fatores por detrás
destes números que não estão a ser considerados como, por exemplo, o da
desigualdade no rendimento.
Sendo
a Economia uma ciência que ampara as outras ciências, não seria impensável
pensar em “felicidade económica” como medida do bem-estar e qualidade de vida,
e fazendo uma conexão entre a satisfação de cada indivíduo e os problemas
económicos.
Na
minha opinião, é notório que não é fácil medir algo tão abstrato como a
felicidade, até porque os índices de felicidade não apresentam um significado
próprio, mas acredito que, à medida que nos questionamos sobre a nossa própria
felicidade, possamos ter mais em conta valores humanos do que valores
materialistas.
Em suma, se este artigo não traz nada, pelo menos, que traga
alguma felicidade. E em contraste ao que foi dito inicialmente, Albert Einstein
afirma que “Nem tudo o que conta pode ser medido, nem tudo o que pode ser
medido conta”.
Mariana
Azevedo Gomes
Referências: http://www.oecdbetterlifeindex.org/pt/
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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