Eleições:
um direito muito disputado ao longo dos séculos, desde o começo dos começos com
o simples direito ao voto, passando por lutas mais recentes que permitiram que
este direito fosse de todos os cidadãos e não só de classes/géneros
específicos, como fora no passado.
A
existência de eleições é, a meu ver, algo extremamente positivo, permitindo que
tenhamos algum impacto nas decisões feitas pelas identidades para as quais
votamos. Claro está, tem custos inerentes (alguns muito significativos), desde
a paralisação do país nos meses que antecedem as eleições, passando pela
aprovação/manifestação de ideias dos políticos no período final do mandato
apenas para agradar ao eleitorado, aos custos da própria eleição. Importa não esquecer,
ainda, os ciclos viciosos de repetição de eleições, que têm-se tornado mais
comuns na Europa, com graves consequências para os países por afetar a
estabilidade e a imagem destes face a investidores estrangeiros.
Ainda
assim, pesando ambos os lados da balança, continua a fazer todo o sentido
manter este direito que tanto custou a conseguir. Mas, parece que nem toda a
gente pensa desta maneira, ou pelo menos os dados da abstenção isso indicam:
Acima,
pela leitura do gráfico, é possível detetar um crescimento bem claro. Destacar
ainda que se trata de dados sobre a abstenção para a eleição da AR. Se
analisássemos para as Europeias, os números seriam ainda mais expressivos.
Elevadas
abstenções são graves? Evidentemente, pela simples razão que comprometem a democracia
– aumenta a distância entre os eleitores e os governantes, correndo inclusive o
risco destes últimos serem elegidos de forma enviesada, ou seja, não refletirem
efetivamente a maioria com que o país se identifica.
Porque
estão as pessoas a deixar de votar? Existe um famoso paradoxo, o “paradoxo do
voto”, que ajuda a explicar isto. Economicamente, falando de milhões a votar
para estas eleições, o benefício que tiramos do nosso voto, que
estatisticamente não terá influência, é inferior ao custo (seja ele um dia em
casa com a família ou um dia a passear de carro). Logo, racionalmente, ninguém
deveria votar. Mas as pessoas votam! Votam pela consciência de que é um direito
cívico e que é a forma de preservar o nosso estilo de vida democrático.
Achámos
então o nosso problema e com ele a solução: as pessoas deixaram de estar
consciencializadas com esta mentalidade e, portanto, a solução passa por
voltarem a estar.
Na
minha perspetiva, formas de o conseguir podem surgir por uma referência a este
direito mais frequentemente, utilizando os media
e as redes socias para chegar aos jovens (um dos segmentos populacionais com
maior abstenção) e também por um estilo político mais perto dos mesmos, com
referência a causas que estes acham relevantes (o PAN suporta muito o seu
crescimento neste método). Sejam estas, ou outras soluções mais concretas, o
facto é que é um problema muito atual e todos devemos endereçar esforços para o
solucionar, e em especial a esfera política.
Rui Moutinho Bessa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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