Os
indicadores da secção rural do turismo em Portugal apontam para que, em termos
gerais, os interessados pelos espaços rurais sejam uma clientela culta e com
poder económico superior à média. Aquilo que se tem verificado nos últimos anos
é que, cada vez mais, não só os turistas estrangeiros, como também os portugueses,
que desejam explorar os quatro cantos do seu país, demonstram interesse por
este tipo de turismo, fazendo, assim, com que o leque de clientes se alargue.
Para além disso, atividades como caça, pesca, feiras e festivais atraem
turistas, maioritariamente nacionais, independentemente dos seus status socioeconómicos.
Por um lado, podemos notar que o turismo rural no nosso país
afeta positivamente as economias nacional, regional e local, ao criar empregos,
promover a sustentabilidade e gerar receitas que dinamizam as economias ao,
indiretamente, levar ao crescimento de outros setores de atividade para os
quais o turismo é benéfico – como, por exemplo, a restauração.
Em 2018, o número de
dormidas em estabelecimentos de turismo de habitação e de turismo no espaço
rural representou cerca de 2% do número total de dormidas em Portugal. Tendo em
conta que os mercados interno e externo obtiveram em 2018 um total de 67,7
milhões de dormidas, de facto, está longe de ser a área do turismo com maior
impacto a nível nacional. No entanto, também é verdade que nos últimos 6 anos
se verificou um aumento de mais de 1 milhão de dormidas. De entre as diversas
regiões, destacaram-se o Norte e o Alentejo, com crescimentos de +8,5% e +7,6%,
respetivamente.
Por
outro lado, também positivo, acredito que o turismo rural traz dinamismo às
regiões do interior. O aumento da procura por parte de turistas locais e
estrangeiros por estabelecimentos rurais nas zonas menos povoadas do nosso país
gera a necessidade de abertura de novos alojamentos turísticos e de outros
negócios. Prevê-se, então, o aumento do número de estabelecimentos não só para
a clientela com maior poder económico que referi como, também, alojamentos mais
acessíveis, que fomentam o interesse da população e combatem a desertificação
destas regiões.
Se
acredito que o turismo rural é a resposta à discrepância entre o litoral e o
interior e à necessidade de aumentar a população deste último? Não. Acredito,
sim, que tem a capacidade de apoiar o desenvolvimento económico das regiões e,
consequentemente, criar incentivo à mobilidade da população. O apetite por
explorar o interior de Portugal é cada vez maior e com isso cresce o interesse
pelas tradições e património portugueses e potencia-se a melhoria dos acessos e
das comunicações.
Concluindo,
vejo o turismo rural como uma mais-valia para o país e para as pessoas que o
procuram. Acredito que, apesar de enfrentarmos uma desaceleração no crescimento
do turismo português, esta secção, em específico, ainda tem um caminho longo
para crescer. Desde as termas aos campos de férias para as crianças, penso que
há zonas muito sub-exploradas que agora, com o crescimento do interesse pelo
turismo rural, têm a oportunidade de prosperar.
Bruna Torres,
Dados
consultados no Instituto Nacional de Estatística (INE), Pordata e Direção-Geral
de Agricultura e Desenvolvimento Rural.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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