O grande problema é
que não é! Passados mais de 10 anos desde que a Crise Imobiliária dos Estados
Unidos da América se manifestou, a resolução da situação na Europa ainda está
por vir. Se é que vai chegar.
O Banco Central Europeu
(BCE) pouco mais pode fazer que “zombificar” a economia. Manter as taxas de
juro baixas e aceitar as dívidas dos estados-membro como colateral, pois caso
contrário ninguém aceitaria comprar dívida de países que não sejam a Alemanha,
e baixar as taxas de depósito de reservas no Banco Central Europeu, com o
argumento que incentiva os bancos a fazerem empréstimos. Para empréstimos serem
concedidos, tem de haver procura deles. E a procura deles só é feita quando há
confiança, ou desespero.
De momento, do outro
lado do Atlântico, a situação aparenta estar melhor, embora as medidas tomadas
pelo governador da Reserva Federal dos Estados Unidos da América (FED) levarem-nos
a pensar que não.
Com taxas de
desemprego em níveis que não se viam há mais de 30 anos, no presente, em cerca
de 3,6%, com um crescimento do Produto Interno Bruto a rondar os 2% e com o
Mercado Bolsista em máximos históricos, porque é que as decisões da FED não vão
ao encontro do que a teoria mostra? Por um lado, a FED parece estar a atuar
como o Banco Central do Mundo, já que as suas ações beneficiam mais o resto do
mundo que a eles mesmos, por outro, parece que se está a formar uma crise de
liquidez nos EUA por causa de incerteza. Perto de 70% dos dólares físicos em
circulação estão amealhados fora dos EUA. Isto deve-se à confiança que as
pessoas têm na moeda, já que é comummente aceite que tem um estatuto de moeda
de reserva mundial.
As medidas que estão
a ser tomadas para contrariar a tendência de acumulação de moeda física são tão
diversificadas como implementar nano-chips nas notas, para saber o seu
paradeiro (isto foi proposto na Austrália), eliminar as notas de maior
denominação (como na India) ou, o preferido da próxima presidente do BCE,
eliminar por completo a moeda física, tornando assim toda a moeda digital. A
narrativa para que isto aconteça é que só detém moeda física quem quer fugir a
impostos, ou seja, os criminosos. Mas como disse Jean Claude Juncker,
“When it becomes serious, you have to lie”.
Claro que esta
desconfiança está enraizada na má gestão efetuada pelos sucessivos governos.
Provavelmente, o preço que se paga quando a eleição não é feita com base na
competência das pessoas, mas nas promessas infundadas de políticos ou, como Ayn
Rand escreveu no seu livro “Atlas Shrugged”:
“When you see
that in order to produce, you need to obtain permission from men who produce
nothing - When you see that money is flowing to those who deal not in goods,
but in favors - When you see that men get richer by graft and by pull than by
work, and your laws don’t protect you against them, but protect them against
you - When you see corruption being rewarded and honesty becoming a
self-sacrifice - You may know that your society is doomed.”
Carlos Jorge Costa Leite
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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