O tempo vai passando e as
marcas do mandato de Donald Trump não param de aumentar, sendo já bastantes as
polémicas geradas ao longo dos últimos 2 anos. O presidente norte-americano
continua a acumular “inimizades” e climas de tensão com outras nações, como por
exemplo com o seu país vizinho, o México, aparte a Coreia do Norte, o Irão ou
até mesmo com a China, com a qual mantém uma relação baseada em polémicas.
Os Estados Unidos e China
têm vindo a rivalizar de forma crescente no panorama económico mundial, o que
se refletiu numa queda das trocas comerciais entre ambos os países. No foco
desta situação estão as taxas alfandegárias impostas pelo governo aos bens
importados do país rival. Deste modo, numa tentativa de garantir a supremacia
americana, Donald Trump já alegou intenções de elevar o valor destas taxas para
os 30% sobre os 250 mil milhões de bens comprados à China, bem acima dos 15%
anteriormente fixados, como forma de diminuir a importação de bens chineses. O
líder norte-americano afirma ainda que os EUA “perderam estupidamente” biliões
de dólares para a China nos últimos anos, incluindo “no roubo de propriedade
intelectual”.
As repercussões desta
disputa fizeram-se de imediato sentir: ocorreu uma queda de 22% nas importações
de produtos americanos por parte da China durante o mês de agosto,
comparativamente ao mesmo mês do ano transato, o que representa a perda de 10.3
milhões de dólares. No sentido oposto, o consumo de produtos chineses pelos
norte americanos (maiores consumidores dos mesmos) sofreu uma quebra de 16%,
cerca de 44.4 milhões de dólares.
Deste processo resultou
que as empresas norte-americanas receberam um aviso para que cessassem quaisquer
negócios que mantivessem com entidades chinesas, e começassem a procurar
parcerias noutros países. Um dos casos que teve mais destaque no seio desta
situação foi a proibição imposta no início de maio do ano corrente (que mais
tarde nesse mesmo mês foi levantada por um período de 3 meses, a pedido de
empresas norte-americanas) à empresa “Huawei”, marca chinesa e maior
representante do país na produção de smartphones
no cenário internacional. O hardware
e software utilizados na produção dos
smartphones era em grande parte
proveniente de empresas americanas.
O impedimento de ter
acesso ao sistema operativo “Android” e ao maior motor de busca existente, o
“Google”, como restrição de acesso a aplicações americanas, como “Facebook” e “Instagram”,
levou a que a empresa tivesse quebras nas receitas a rondar os 30 milhões de
dólares até ao passado junho, e espera que até ao final do ano atinjam os 100
milhões de dólares, cerca de 10% face ao ano anterior.
Na outra face da moeda,
levantam-se algumas preocupações em relação ao homólogo americano da fabricante
de smartphones chinesas, a “Apple”.
A “Apple” deverá ser
provavelmente o gigante americano que mais depende dos produtos chineses uma
vez que a grande maioria dos seus fornecedores são entidades chinesas. A
multinacional norte-americana tem, em solo chinês, cerca de 17% das suas receitas,
e 29% dos lucros da empresa advêm das margens sobre os produtos de alta
qualidade lá vendidos. Contudo, a confirmar-se o cenário negativo para a
“Apple”, o Goldman Sachs estima que os lucros da empresa possam cair 30%, cerca
de 15 biliões de dólares.
Outro ponto importante
carateriza-se pelos problemas associados à realocação do elevado volume de
negócios para fora de território chinês, assim como ações associadas a empresas
de produção do mesmo. É de realçar que a “Apple” é a primeira empresa com valor
superior a 1 trilião de dólares.
Várias questões se
levantam: e se a China retribui da mesma forma? Que impacto terá na empresa
mais rentável dos EUA? Caso a China retalie, irá Donald Trump reagir da mesma
forma, como reagiu perante a resposta da China face às taxas aduaneiras e
agravar ainda mais esta guerra comercial instaurada?
Daniel
Andrade
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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