Será que nós achamos que estamos seguros porque temos uma palavra passe
para cada rede social, app ou
qualquer outra plataforma? A maior parte das pessoas não lê os termos de
utilização de dados por uma questão de pragmatismo e rapidez. No entanto, tudo o
que fazemos fica registado no mundo virtual, desde os jogos, as compras online, a nossa atuação em redes
sociais, o uso de uma app, entre
outros exemplos.
Todos estes serviços têm algo em comum: são necessários dados para a sua
utilização, muitas vezes apenas indiretamente. As redes possuem dados relativos
às conversas que estabelecemos, fotografias e informações pessoais que partilhamos.
Além disso, as apps que usamos têm,
por norma, as chamadas cookies que
armazenam a nossa informação e que nós aceitámos sem sequer ler as suas
condições.
Todas essas informações que partilhamos, ainda que sem termos sempre
essa noção, são uma grande fonte de negócio de grandes empresas como a Google,
que prestam serviços de informação que permitem traçar os perfis dos
consumidores. Então a Google vende os nossos dados? Não! Se alguém gosta de
nadar e fá-lo com frequência, a probabilidade de comprar produtos ligados à
natação é mais relevante. Assim sendo, é aí que entram estas multinacionais, exibindo
os anúncios com produtos de natação a quem pratica ou gosta desse desporto. Na
verdade, o facto de não vender os dados é o que torna o negócio tão lucrativo,
disponibilizando a informação que pode, no momento certo, ao cliente que faz
mais sentido.
A Google sabe muito sobre nós, conhece o que compramos online na nossa loja preferida, os
compromissos que temos registados no calendário ou todos os locais que
percorremos? Será que temos assim tanto poder de escolha? Na teoria temos, mas
as nossas decisões, por exemplo de consumo, são muitas vezes condicionadas por
aquilo que pesquisamos na internet. De facto, isto acontece até mesmo quando
vamos ao supermercado, já que o uso dos cartões de desconto permite-lhes perceber
quais os produtos que nos vão suscitar interesse, para que depois possam enviar
aquela mensagem “nada programada” a informar que na semana seguinte irão fazer promoção
nesses artigos.
Os maiores defensores da privacidade dos dados pessoais dos indivíduos acreditam
que se pode proteger mais informações com uma maior transparência sobre os
dados que realmente existem e não podem ser utilizados para nada além do
estritamente aceite. Nesta linha de pensamento, a Google tem sido multada por
violar alguns desses direitos. A mais recente contraordenação teve a ver com o
uso não autorizado de informações de crianças via Youtube, tendo sido aplicada uma multa na ordem dos 150 milhões de
euros. De facto, a Children's Online
Privacy Protection Act (criada em 1998) nunca tinha revelado uma
punição com um valor monetário tão avultado.
De facto, a realidade dos dias de hoje pode ser bastante assustadora
quando refletimos um pouco sobre a mesma. Pensar que tudo aquilo que fazemos
está à disposição de todo um mundo digital é realmente apavorante. No entanto,
toda essa evolução está associada a uma maior eficiência das empresas, pois
conseguem direcionar muito mais a sua atuação para os seus alvos e os
consumidores têm acesso a informação e publicidade sobre produtos que vão de
encontro às suas necessidades.
Concluindo, não vou dizer que a falta de privacidade não me deixa
insegura, mas, numa perspetiva macro, esta permite uma melhor interação e
concretização da lei da oferta e da procura, ou seja, um melhor funcionamento
da economia
Alice Graça
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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