domingo, 30 de setembro de 2018

Portugal sobre rodas

No mês de julho de 2018 verificou-se uma alteração na tendência das contas nacionais: o crescimento das exportações foi superior ao crescimento das importações, tendo estas apresentado uma taxa de variação homóloga de 13% contra os 11% registados pelas importações. Este acontecimento conduziu a uma redução do défice da balança comercial portuguesa.
O contributo do setor do Material de Transporte (inclui automóveis) para o aumento das exportações foi significativo, uma vez que este cresceu 37% relativamente ao ano anterior. Para tal, enfatiza-se a elevada produção da Volkswagen AutoEuropa, reforçada para possibilitar a produção em maior quantidade do novo modelo, T-ROC.
Segundo um estudo da Mobinov e da Deloite, o cluster da indústria automóvel em Portugal conta com cerca de 900 empresas, apresenta um volume de negócios significativo, com uma crescente geração de riqueza (16% do VAB da indústria transformadora), com caráter fortemente exportador (cerca de 20% das exportações de bens transacionáveis e 98% do volume de negócios é exportado) e garante empregabilidade (27% dos empregos gerados na indústria transformadora nos últimos 5 anos). No total, a riqueza anual criada equivale a 2,6% do PIB nacional (VAB em 2016).
Deste modo, prevê-se que os valores de produção anual em Portugal continuem a crescer, e que o número de automóveis produzidos se aproxime das 300 mil unidades. Esta perspetiva de aceleração da produção está relacionada com a produção do modelo T-ROC na Volkswagen Autoeuropa, do K9 na PSA Mangualde, do primeiro camião 100% elétrico Mitsubishi Fuso Trucks e do aumento de veículos “verdes” na Caetano Bus (garantindo um crescimento sustentado).
         Após esta análise, concluo que cada vez mais a indústria automóvel se revelará de extrema importância para a economia portuguesa, em diferentes níveis. A meu ver, com os aumentos esperados da produção, serão gerados novos postos de trabalho, contribuindo desta forma para a redução da taxa de desemprego portuguesa, proporcionando uma maior qualidade de vida à população. Contudo, temos que contabilizar o facto desta indústria ser fortemente automatizada, o que pode levar a que o aumento dos postos de trabalho não seja tão grande quanto podíamos esperar. Por outro lado, com o crescimento esperado das exportações, talvez a balança de mercadorias se torne finalmente positiva. Esta indústria poderá projetar internacionalmente o país que, por sua vez, poderá aumentar os investimentos futuros na economia portuguesa.
         Sinto-me otimista perante este crescimento, contudo a forte dependência desta indústria também pode ser algo negativo, uma vez que se algo correr mal mais difícil será o conserto da economia, e sendo a Alemanha que apresenta um maior investimento externo nesta indústria, estamos sempre condicionados a este país. Outro ponto menos positivo neste ramo centra-se na questão desta indústria ser fortemente exportadora, mas também importadora, tendo em conta que os componentes dos automóveis provêm de várias partes do mundo.
Será o contínuo crescimento da indústria automóvel a alavanca necessária para o crescimento sustentado da economia portuguesa? Ou ficaremos em ponto morto?

Tânia Gabriela Carvalho da Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: