sábado, 26 de dezembro de 2020

Combustíveis: o condutor da economia

Os combustíveis fósseis são, desde a Revolução Industrial, um dos principais impulsionadores da economia. São utilizados em todos os ramos cruciais, como os transportes, onde pessoas e mercadorias se deslocam, na indústria, para o funcionamento de maquinaria ou até no consumo privado das famílias, no transporte individual ou aquecimento da habitação, em alguns casos. Assim, o consumo individual gera investimento empresarial, culminando no crescimento generalizado da economia. Este progresso foi verificado nos últimos dois séculos, tendo o PIB mundial crescido cerca de 600%, no entanto, com elevados custos sociais e ambientais, especialmente através da poluição causada pelo uso dos combustíveis.

Com crescentes preocupações ambientais e diversos desenvolvimentos tecnológicos, despontaram-se alternativas ao uso excessivo dos combustíveis. Foram implementadas restrições para evitar a sobre-utilização destes recursos, surgiram fontes de energia “verdes”, criaram-se meios de transporte elétricos e em sistema misto, cuja utilização de combustíveis fósseis é mais reduzida ou até nula, alcançando um menor emprego e dependência nestes recursos.

Devido à sua grande procura e necessidade por parte das nações, qualquer variação no preço do barril do petróleo (preço pelo qual o combustível é valorizado no mercado) implica uma notável flutuação no preço dos bens. Isto acontece, por exemplo, quando o transportador gasta mais em combustível para a deslocação. Aqui, o consumidor final terá de reembolsar essa diferença e suportar um custo maior do bem.

O peso que a alteração dos preços petrolíferos dispõe na economia mundial revela-se pelo surgimento de crises económicas após uma disrupção na estrutura de preços deste ramo. Através do exemplo anterior, notamos que se se dá uma redução do poder de compra dos consumidores, e esta se verificar numa escala mais alargada, tal pode implicar uma contração económica. As crises financeiras mais notáveis deram-se em 1973, quando rivalidades orientais implicaram uma subida do preço do petróleo para o resto do mundo, e em 1979, quando um rápido crescimento da procura por combustíveis levou a que o preço desses aumentasse, levando os países a contrair maior despesa.

Em efeito oposto, a pandemia COVID-19 gerou uma oscilação no preço dos produtos petrolíferos. Numa primeira fase, na qual a procura baixou, graças à queda do número de deslocamentos, consequentes de medidas restritivas de confinamento e incentivos ao teletrabalho, deu-se uma redução do preço destes recursos em cerca de 14%. Seguidamente, com o retorno gradual das atividades, a procura destes produtos aumentou, fazendo subir o seu valor. Através desta conjuntura, inferimos que, embora a flutuação do preço dos combustíveis tenha impactos generalizados na economia, o contrário também se verifica.

O facto destes recursos serem não renováveis, ou seja, bens naturais que não são regenerados no tempo médio de vida humana, sendo o seu consumo superior à sua extração, a utilização atual coloca em causa a sua sustentabilidade. Porém, ao verificarmos que a sua procura pode vir a diminuir devido à constante evolução tecnológica, perspetiva-se um decréscimo da pressão sobre estes, o que abre a oportunidade para a formação de reservas que possam ser utilizadas quando e se nos depararmos com uma situação onde estes sejam necessários.

Assim, em forma de conclusão, posso afirmar que, do meu ponto de vista, é obrigatória uma gestão eficaz dos produtos petrolíferos, uma vez que, como podemos observar, são os “condutores” do comportamento da economia e influenciam os ecossistemas naturais. A redução da pressão sobre a extração dos mesmos consegue ajudar as economias a reduzir a sua dependência destes e beneficia o meio ambiente. Do lado económico, esta redução permite dinamizar outros setores de energia e permite à economia mundial um desprendimento das flutuações do preço dos combustíveis.

 

Diogo Araújo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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