domingo, 10 de janeiro de 2021

Portugal e o uso da tecnologia nas empresas

     Nos últimos anos, temos assistido a um forte desenvolvimento da indústria tecnológica, tanto a nível de dispositivos cada vez mais capazes de suportar enormes fontes de informação, como a nível de softwares que facilitam cada vez mais o controlo de novas informações. Perante este facto que temos vindo a constatar, surgiu-me a curiosidade de que maneira é que Portugal se estará a adaptar a todas estas novas tecnologias que vão aparecendo e se as empresas a atuar no nosso país têm vindo a tirar proveito delas para encontrarem ou formularem novos instrumentos que facilitem e melhorem os seus processos produtivos. Ou seja, este pequeno artigo tem como principal objetivo perceber se essas empresas se têm adaptado ao aparecimento destas novas tecnologias num mercado que se tem tornado cada vez mais digital, comparando o seu comportamento com o de outros países da UE27 e, por fim, apresentando algumas medidas que podem melhorar o envolvimento tecnológico no nosso país.

O gráfico apresentado mostra-nos a % de empresas (apenas aquelas que têm 10 ou mais trabalhadores em serviço) que possuem website em diferentes países e a média na UE27. Neste gráfico, Portugal situa-se na 24ª posição e apresenta um valor de 59%, em 2019, ou seja, apenas 59% das empresas portuguesas tinham website, enquanto que na média da UE27 cerca de 77% das empresas tinham website próprio. Apesar de demonstrar um crescimento significativo entre 2007 e 2019, tal como a maioria dos outros países, Portugal ainda continua muito aquém daquilo que se espera de um país que se considera desenvolvido.  De realçar a Dinamarca em que, em 2018, cerca de 94% das empresas apresentavam o seu próprio website.



                            Figura 1 - Empresas com website no total de empresas. Fonte: PORDATA

Deste modo, conseguimos perceber que ainda somos um país pouco adaptado a esta nova realidade e um pouco atrasado em relação a países que começaram mais cedo a investir na vertente tecnológica. Mas ainda não é tarde nem é impossível tentar alcançar o nível de adaptabilidade demonstrada pelos outros países. Para isso, considero ser necessário uma maior estabilidade no país, proporcionada pelo Estado, e uma mudança de pensamento nas empresas.

Por parte do Estado, é necessária ser fornecida uma maior estabilidade, tanto a nível social, judiciário e financeiro, melhorando as condições de vida existentes no país. Assim, indivíduos portugueses qualificados e mais adaptados à tecnologia que, por norma, emigram para outros países em busca de melhores condições de vida, ficariam em Portugal e seriam contratados por empresas que atuam no nosso país. Do mesmo modo, poder-se-iam sentir atraídos a vir para Portugal novos trabalhadores estrangeiros bem qualificados.

Nas empresas, considero ser necessário existir uma mudança de pensamento no sentido de aumentarem a sua proatividade. Isto é, as empresas deverão investir o mais rápido possível não só no envolvimento das TIC dentro das mesmas mas, também, manter uma procura ativa de sistemas e softwares que sejam capazes de tratar e gerir de forma mais eficaz toda a informação relevante dos processos produtivos, assim como transmiti-la de forma clara e rápida entre os trabalhadores. Deste modo, através de melhorias básicas, as empresas conseguirão detetar mais facilmente onde se encontram os seus pontos fracos, contrariando-os e sendo capazes de aumentar a sua produção sem ter de aumentar os seus gastos. Assim, o investimento nesta adaptação inicial será compensado por esse aumento do lucro proporcionado pelas correções feitas nos seus processos produtivos.

Em suma, Portugal tem muito por onde melhorar e se tornar mais adaptado a esta nova realidade, mas adotando algumas medidas nesse sentido, conseguirá diminuir a diferença existente em relação a alguns dos outros países europeus.

 

Diogo Carvalho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: