Nos últimos anos, temos assistido a um forte desenvolvimento da indústria tecnológica, tanto a nível de dispositivos cada vez mais capazes de suportar enormes fontes de informação, como a nível de softwares que facilitam cada vez mais o controlo de novas informações. Perante este facto que temos vindo a constatar, surgiu-me a curiosidade de que maneira é que Portugal se estará a adaptar a todas estas novas tecnologias que vão aparecendo e se as empresas a atuar no nosso país têm vindo a tirar proveito delas para encontrarem ou formularem novos instrumentos que facilitem e melhorem os seus processos produtivos. Ou seja, este pequeno artigo tem como principal objetivo perceber se essas empresas se têm adaptado ao aparecimento destas novas tecnologias num mercado que se tem tornado cada vez mais digital, comparando o seu comportamento com o de outros países da UE27 e, por fim, apresentando algumas medidas que podem melhorar o envolvimento tecnológico no nosso país.
O
gráfico apresentado mostra-nos a % de empresas (apenas aquelas que têm 10 ou
mais trabalhadores em serviço) que possuem website
em diferentes países e a média na UE27. Neste gráfico, Portugal situa-se na 24ª
posição e apresenta um valor de 59%, em 2019, ou seja, apenas 59% das empresas
portuguesas tinham website, enquanto que na média da UE27 cerca de 77%
das empresas tinham website próprio. Apesar de demonstrar um crescimento
significativo entre 2007 e 2019, tal como a maioria dos outros países, Portugal
ainda continua muito aquém daquilo que se espera de um país que se considera
desenvolvido. De realçar a Dinamarca em que,
em 2018, cerca de 94% das empresas apresentavam o seu próprio website.
Figura 1 - Empresas com website no total de empresas. Fonte: PORDATA
Deste
modo, conseguimos perceber que ainda somos um país pouco adaptado a esta nova
realidade e um pouco atrasado em relação a países que começaram mais cedo a
investir na vertente tecnológica. Mas ainda não é tarde nem é impossível tentar
alcançar o nível de adaptabilidade demonstrada pelos outros países. Para isso, considero
ser necessário uma maior estabilidade no país, proporcionada pelo Estado, e uma
mudança de pensamento nas empresas.
Por parte do
Estado, é necessária ser fornecida uma maior estabilidade, tanto a nível
social, judiciário e financeiro, melhorando as condições de vida existentes no
país. Assim, indivíduos portugueses qualificados e mais adaptados à tecnologia
que, por norma, emigram para outros países em busca de melhores condições de
vida, ficariam em Portugal e seriam contratados por empresas que atuam no nosso
país. Do mesmo modo, poder-se-iam sentir atraídos a vir para Portugal novos
trabalhadores estrangeiros bem qualificados.
Nas
empresas, considero ser necessário existir uma mudança de pensamento no sentido
de aumentarem a sua proatividade. Isto é, as empresas deverão investir o mais
rápido possível não só no envolvimento das TIC dentro das mesmas mas, também,
manter uma procura ativa de sistemas e softwares que sejam capazes de
tratar e gerir de forma mais eficaz toda a informação relevante dos processos
produtivos, assim como transmiti-la de forma clara e rápida entre os
trabalhadores. Deste modo, através de melhorias básicas, as empresas conseguirão
detetar mais facilmente onde se encontram os seus pontos fracos,
contrariando-os e sendo capazes de aumentar a sua produção sem ter de aumentar
os seus gastos. Assim, o investimento nesta adaptação inicial será compensado
por esse aumento do lucro proporcionado pelas correções feitas nos seus
processos produtivos.
Em
suma, Portugal tem muito por onde melhorar e se tornar mais adaptado a esta
nova realidade, mas adotando algumas medidas nesse sentido, conseguirá diminuir
a diferença existente em relação a alguns dos outros países europeus.
Diogo
Carvalho
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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