segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A Evolução do Turismo Português

     A evolução do turismo nos últimos anos esteve intrinsecamente ligado ao desenvolvimento mundial. O consumo e as tendências dos consumidores cada vez mais informados evoluíram para uma procura de experiências personalizadas, que permitam diferenciar-se da população em geral. O mundo está a mudar e o turismo está a mudar o mundo. A globalização assente numa competitividade sustentável será um dos pilares do futuro turístico a nível mundial. O presente artigo pretende efetuar uma breve abordagem histórica à evolução do Turismo e aos aspetos conceptuais que perspetivam as tendências de evolução turística.

Começamos em 1934, onde António Ferro, diretor do Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI) da época, apresentou um projeto de difusão da imagem do país, demonstrando as fronteiras de uma nova visão multidisciplinar com base no turismo. Contudo, apenas em 1944 Ferro consegue mesmo colocar em prática o seu projeto, conciliando a cultura e o turismo, de forma a promover um conceito de “diferença” para a imagem do país. O ano de 1964 foi um ano importante para Portugal, tendo este atingindo pela primeira vez um milhão de entradas de estrangeiros no país.

Com a revolução de abril de 1974, o país enfrenta anos agitados, levando o VI Governo provisório a declarar o turismo “como atividade privada e prioritária”. Contudo, as quedas de 50% das entradas de estrangeiros no país foram desanimadoras para o setor. Só em 1986, com a construção do Instituto de Promoção Turística e do Plano Nacional do Turismo, o país recupera a sua reputação internacionalmente, mostrando uma nova imagem e novas áreas promocionais.

Com a entrada do seculo XXI, o turismo apresentou um crescimento muito acentuado, nomeadamente em algumas zonas do país, como o Algarve, a Madeira e Lisboa. Nos últimos 9 anos, o país registou uma taxa de crescimento médio anual de 7,2% nas dormidas, assim com um acréscimo de 10,8 mil milhões de euros nas receitas. Sendo assim, verificamos a existência de um comportamento pró-ativo por parte do país e das pessoas ligadas ao turismo como forma de capitalização de novas oportunidades de negócio.

Contudo, com a entrada do ano 2020, o setor do turismo registou o pior ano desde que há registo, tudo graças ao aparecimento da pandemia Covid-19. Com as restrições impostas na deslocação de pessoas entre fronteiras e em linha com outros destinos mundiais, o setor do turismo nacional registou decréscimos significativos da procura. Apenas foram registados 25,9 milhões de dormidas em 2020 (12,3 milhões de dormidas de estrangeiros e 13,6 milhões de dormidas de nacionais).

Os principais mercados emissores para Portugal foram, respetivamente, o Reino Unido com 2,0 milhões (9,4 milhões, em 2019), a Alemanha com 1,8 milhões (5,9 milhões, em 2019) e a Espanha com 1,7 milhões (5,2 milhões, em 2019).

Fonte: Turismo de Portugal - Plano de Ação “Reativar o Turismo | Construir o Futuro”

Os decréscimos refletiram-se também nas receitas, com uma redução de -135,9%, correspondente a 10,5 mil milhões de euros.

Em 2020, as receitas do turismo apenas representavam 7,7 mil milhões de euros. Neste indicador, os principais mercados emissores para Portugal foram a França (1,5 mil milhões €), o Reino Unido (1,2 mil milhões €) e a Espanha (1,0 mil milhões €).

Em relação ao futuro, o governo arquitetou o Plano de Ação “Reativar o Turismo | Construir o Futuro”, um plano para estimular a economia e a atividade turística, que permitirá superar os objetivos e as metas de sustentabilidade económica, ambiental e social definidas na Estratégia de Turismo 2027.


Fonte: Turismo de Portugal - Plano de Ação “Reativar o Turismo | Construir o Futuro”

O plano consiste em 4 pilares de atuação (apoiar empresas, fomentar segurança, gerar negócio e construir o futuro) e é composto por ações especificas que, a curto, médio e longo prazos, permitirão transformar o setor e posicioná-lo num patamar superior, contribuindo de forma expressiva para o crescimento do PIB. Este plano deverá permitir ultrapassar os 27 mil milhões € de receitas turísticas e os 80 milhões de dormidas em 2027, de uma forma sustentável, ao longo do território.

Por fim, na minha opinião, ter um bom turismo possui os dois lado das moedas. A verdade consiste na forma como este serviço cresce na esfera económica de cada pais. Em Portugal, apesar de o turismo representar uma grande parcela do PIB português, isto faz com que esteja muito dependente das economias exteriores para o seu crescimento, proporcionando assim uma maior facilidade de decréscimo face a uma crise mundial. Sendo assim, Portugal deve usufruir da oportunidade dada pelo Programa de Recuperação e Resiliência para combater esta desigualdade, empenhando-se em criar maiores facilidades para os outros setores.


Paulo Henrique da Costa Gonçalves

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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