sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Crise Financeira do ´Subprime`

No início do século XXI, o mundo estava no auge da globalização económica e financeira, através do investimento estrangeiro facilitado e da evolução do comércio internacional. O desenvolvimento firme da economia global marcava taxas de crescimento entre os 2% e os 5% para o PNB e uma valorização de cerca de 124%, entre 1997 e 2006, para os preços dos imóveis. Dessa forma, juntamente com as reduzidas taxas de juro, a transmissão de crédito aumentou significativamente.

Todavia, depois de 2005, as taxas de juro cresceram tendencialmente e atingiram níveis cada vez mais elevados – provocados pela saturação do mercado imobiliário americano e da inflação. Contrariamente, o valor dos imóveis decresceu – necessidade dos vendedores conservarem o nível de vendas - ao mesmo tempo que os bancos enfrentavam um salto agravado no incumprimento bancário (mais de 20% em 2008).  Na companhia dos baixos valores habitacionais, os ativos tornavam-se totalmente desvalorizados e os empréstimos que representassem um maior risco eram rapidamente securitizados e vendidos no mercado – de forma a aumentar a liquidez.

          Assim, a meio de 2007, os mercados financeiros começaram a perder confiança no setor bancário, o que fez com que originassem grandes entraves financeiros, em resultado da contração severa de liquidez e crédito a nível internacional. Consequentemente, os bancos viram-se “obrigados” a vender os ativos e a reduzir a concessão de crédito (às famílias e empresas), fazendo com que as famílias reduzissem o nível de consumo e as empresas deixassem de atingir objetivos lucrativos ou mesmo falirem.

Com origem nos Estados Unidos da América, o estourar da bolha de investimentos massivos em hipotecas norte americanas, juntamente com a rejeição de auxílio a um dos maiores bancos de investimento, a crise financeira mundial, denominada por The Great Recession pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), rapidamente propagou-se pelo sistema financeiro global, principalmente nos países europeus – onde parte dos ativos tinham sido adquiridos. Desta forma, surgiu a necessidade de alguns governos intervirem de forma mais ativa no sistema bancário, através de grandes injeções de capital.

          As medidas aplicadas no desenrolar da crise atingiram o mercado da dívida soberana e resultaram em sérios problemas, sobretudo em países com grandes carências de financiamento externo e desequilíbrios económicos. Particularmente, Portugal foi um dos países mais atingidos tendo em conta o elevado grau de endividamento público e a subida das taxas de juro associadas à dívida pública. Além disso, o desacelerado crescimento económico (ou retrocesso), a fraca competitividade, as políticas contracionistas, a queda acentuada da procura global, a inflação, o aumento do desemprego (mais de 17% em 2013), e o setor bancário dependente de financiamento externo levaram a que Portugal pedisse um resgate financeiro, em Maio de 2011, em cerca de 79 mil milhões de euros – Troika. Desta forma, o país comprometeu-se a cumprir um plano de modo a corrigir o excessivo défice económico.

          Em jeito de conclusão, os gravíssimos impactes da crise de 2008 influenciaram a economia a nível global. Apesar da dinâmica catastrófica portuguesa, na minha opinião, as medidas e as formas de combate influenciam em grande escala o processo atrasado de recuperação de longo-prazo. Embora o estado português tivesse apoios externos, só em 2018 – 10 anos depois - é que conseguimos “superar” os impactes económicos sentidos: o PIB atingiu os 182,9 mil milhões de euros em 2018, o que superou os 182,4 mil milhões de euros registados em 2008.

 

Beatriz Neves Vieira Silva

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 


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