segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Crise do Gás Natural - Nas mãos da Rússia? À espera do resgate dos EUA?

Cavernas de sal reformadas, aquíferos e depósitos de combustível que armazenam o gás natural da Europa nunca estiveram tão vazios como neste do Inverno. Apenas quatro meses depois dos EUA virem a público dizer que a Europa não estava a fazer o suficiente para se preparar para a estação escura e fria que se avizinhava, o “velho” continente está a lutar contra uma crise de abastecimento que tem causado preços de referência do gás mais do quádruplo dos níveis do ano passado, comprimindo as empresas e as famílias. A crise deixou a União Europeia à mercê do tempo e das “artimanhas” do Presidente russo Vladimir Putin, ambas notoriamente difíceis de prever.

Figura 

Figura 1- Preços do gás natural europeu 2021

                                   Fonte- EUROSTATA

A Europa está no meio de uma transição energética, encerrando centrais elétricas alimentadas a carvão e aumentando a sua dependência das energias renováveis. O vento e a energia solar são mais limpos mas, por vezes inconstantes, como ilustrado pela súbita queda na energia gerada por turbinas que o continente registou no ano passado.

A crescente influência de Moscovo sobre os seus vizinhos tornou-se evidente no final dos últimos tempos. Um Inverno invulgarmente frio e longo esgotou os stocks de gás da Europa precisamente quando as suas economias estavam a reemergir da recessão induzida pela pandemia.

Um recente choque nas importações de GNL dos EUA proporcionou algum alívio, mas é, na melhor das hipóteses, temporário. A França precisa de desligar vários dos seus reatores para manutenção e reparações, resultando numa redução de 30% na capacidade nuclear no início de Janeiro deste ano, enquanto a Alemanha está a avançar com planos para encerrar todas as suas centrais nucleares. Com os dois meses mais frios de Inverno ainda pela frente, o receio é de que a Europa possa ficar sem gás. Dado isto, estaremos nós nas mãos da Rússia?

Os comerciantes já se estão a preparar-se para o pior, com os preços do gás a subir cerca de 40% durante os últimos meses. Alguns dizem que a crise pode durar até 2025, quando a próxima vaga de projetos de GNL nos Estados Unidos começar a abastecer o mercado mundial. Serão os Estados Unidos a salvação para estabilizar os mercados energéticos?


Maria Helena Mendes

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

Sem comentários: