quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Será o futebol importante para a economia portuguesa?

Atualmente, o futebol é um dos fenómenos sociais mais importantes para a população portuguesa, dado que tem a capacidade de mobilizar quase a totalidade de uma comunidade e as suas instituições. Sendo o desporto favorito do país, irá evidentemente ocupar um lugar central nos órgãos de comunicação. Esta modalidade interfere, ainda, com outras áreas à sua volta, que são inevitavelmente indissociáveis do seu ambiente, nomeadamente ao nível económico, social, cultural, demográfico, espacial, político, etc.

O futebol consiste num enorme negócio que tem como principal finalidade a obtenção do lucro, contribuindo desta forma para o progresso da economia mundial e, particularmente, nacional. Apesar de ser na sua generalidade o desporto preferido dos portugueses, será que desempenha um papel fundamental na economia em Portugal? A meu ver, a resposta imediata para esta questão é sim.

Existem diversos dados que provam a importância deste desporto, por exemplo, na época de 2016-17 e 2018-19. Primeiramente, na época de 2016-17, o futebol profissional contribuiu para o PIB nacional em aproximadamente 456,1 milhões de euros, representando 0,25% do PIB. Para além disso, a Primeira Liga, nessa temporada, foi responsável por mais de 97% do peso do futebol na economia portuguesa, com um total de 443,3 milhões de euros. No que se refere à época de 2018-19, de acordo com Ana Marcela, verificou-se na indústria do futebol receitas superiores a 847 milhões de euros, contribuindo desta forma com 549 milhões de euros para o PIB nacional - correspondendo a uma subida de 39,2% face à época desportiva anterior. Neste sentido, e tal como podemos verificar através dos dados anteriormente referidos, a indústria do futebol obtém um lucro avultado, que vai aumentando a cada época que passa.

Todavia, a suspensão dos jogos, o adiamento de competições e a disputa de jogos à porta fechada, em resultado da situação pandémica, provocou um impacto economicamente negativo no futebol em Portugal. O surgimento da covid-19 provocou uma quebra de receitas que ascende os 276 milhões de euros, segundo o jornal “Público”.  No que diz respeito às receitas de transferências de jogadores, estima-se uma redução de 250 a 300 milhões para 150 milhões de euros. Embora a área do futebol tenha sofrido um abalo inevitável, acredito que com a diminuição das restrições - e para grande felicidade dos portugueses - seja possível observar novamente um rápido progresso económico neste domínio, que claramente não seria possível noutro desporto qualquer em Portugal.

É necessário também acrescentar que, do meu ponto de vista, o funcionamento do futebol não depende apenas da realização dos jogos mas também: da disposição dos adeptos para se deslocarem para assistir a um evento; do marketing que é feito com o intuito de os incentivar a ir ver; no seu rendimento disponível; entre outros. Além disso, considero que este desporto contribui para a internacionalização da economia nacional, para a afirmação da imagem externa do país e para a difusão da cultura portuguesa.

Em suma, o futebol é sem dúvida um fenómeno de elevada repercussão no panorama económico, contudo Portugal pode e deve beneficiar dos eventos desportivos na medida em que esses eventos impulsionam não só o setor do turismo como também a imagem do país.


Filipa Dias Barbosa

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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