terça-feira, 5 de junho de 2012

Desenvolvimento Vs Crescimento económico

Um dos princípios que aprendemos enquanto economistas é que embora exista uma certa semelhança entre estes dois termos, estes apresentam características e significados diferentes, mas que se completam um ao outro, pois se existir crescimento económico não é sinónimo que exista desenvolvimento económico.
Com o passar dos anos, a sociedade apercebeu-se que o conceito de crescimento económico não contabilizaria nada para lá da criação de riqueza e aumento da produção (onde o crescimento do PIB seria o principal indicador) e começou a ser posto em causa, pois não contabilizava se havia de facto um aumento de qualidade de vida na sociedade. Assim, até ao “disparar” desta crise económica, os países desenvolvidos tentavam conciliar crescimento com desenvolvimento económico.
Mas, como referi anteriormente, esta compatibilidade tem sido colocada em causa, pois com o acentuar da crise e a crescente pressão dos governos para apresentarem valores positivos nesta fase complicada da economia, leva a que os políticos deixem para segundo plano o desenvolvimento económico e comecemos a cair num erro típico de países em vias de desenvolvimento, como a India e a China. Estes dois países, como sabemos, nos últimos anos, têm apresentado valores de crescimento económico extremamente espantosos, contudo apresentam graves falhas na estrutura da sociedade que levam a que estas populações não tenham grande qualidade de vida.
No caso de Portugal, nós sabemos que o nosso país está a atravessar uma fase extremamente delicada em termos económicos que irá limitar e que limitou os resultados nos últimos e dos próximos anos, que irá impedir a concretização de valores no crescimento económico que sejam significativamente positivos e relevantes. Mas com os esforços efetuados pelo governo na redução/ cortes no Estado, tem contribuído diretamente para que os números relativos ao crescimento económico melhorem mas também tem contribuído para a decadência social do povo português, e para um decréscimo da qualidade de vida dos portugueses, o que torna a situação portuguesa ainda mais grave e com mais fragilidades, pois podemos verificar que com a falta de “desenvolvimento económico” estão a ampliar-se os problemas sociais, e a colocar pressão sobre as gerações vindouras, questionando assim a sustentabilidade do crescimento económico.
Estes dois conceitos têm sido muito debatidos hoje em dia, essencialmente porque muitos dos países em vias de desenvolvimento, e referindo novamente a China como exemplo, para obter crescimento económico, abdicam do desenvolvimento, não se preocupando nem olhando para as condições precárias a que a sua sociedade se sujeita, e pondo em causa as condições mínimas de higiene, saúde, de alguma qualidade e bem-estar dos seus cidadãos.
Para mim, estes dois conceitos devem estar sempre interligados pois são dependentes, embora os governos nem sempre se preocupem com o desenvolvimento económico, e olhem mais para o curto prazo e para a necessidade de haver crescimento económico, e no meu entender, correm o risco de pôr em causa o bem-estar da população atual e das gerações futuras.

Wilson Santos

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]

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