Um dos princípios que aprendemos enquanto
economistas é que embora exista uma certa semelhança entre estes dois termos,
estes apresentam características e significados diferentes, mas que se
completam um ao outro, pois se existir crescimento económico não é sinónimo que
exista desenvolvimento económico.
Com o passar dos anos, a sociedade apercebeu-se
que o conceito de crescimento económico não contabilizaria nada para lá da
criação de riqueza e aumento da produção (onde o crescimento do PIB seria o
principal indicador) e começou a ser posto em causa, pois não contabilizava se
havia de facto um aumento de qualidade de vida na sociedade. Assim, até ao
“disparar” desta crise económica, os países desenvolvidos tentavam conciliar
crescimento com desenvolvimento económico.
Mas, como referi anteriormente, esta
compatibilidade tem sido colocada em causa, pois com o acentuar da crise e a
crescente pressão dos governos para apresentarem valores positivos nesta fase
complicada da economia, leva a que os políticos deixem para segundo plano o
desenvolvimento económico e comecemos a cair num erro típico de países em vias
de desenvolvimento, como a India e a China. Estes dois países, como sabemos,
nos últimos anos, têm apresentado valores de crescimento económico extremamente
espantosos, contudo apresentam graves falhas na estrutura da sociedade que
levam a que estas populações não tenham grande qualidade de vida.
No caso de Portugal, nós sabemos que o nosso
país está a atravessar uma fase extremamente delicada em termos económicos que
irá limitar e que limitou os resultados nos últimos e dos próximos anos, que irá
impedir a concretização de valores no crescimento económico que sejam
significativamente positivos e relevantes. Mas com os esforços efetuados pelo
governo na redução/ cortes no Estado, tem contribuído diretamente para que os
números relativos ao crescimento económico melhorem mas também tem contribuído
para a decadência social do povo português, e para um decréscimo da qualidade
de vida dos portugueses, o que torna a situação portuguesa ainda mais grave e
com mais fragilidades, pois podemos verificar que com a falta de
“desenvolvimento económico” estão a ampliar-se os problemas sociais, e a
colocar pressão sobre as gerações vindouras, questionando assim a
sustentabilidade do crescimento económico.
Estes dois conceitos têm sido muito debatidos
hoje em dia, essencialmente porque muitos dos países em vias de
desenvolvimento, e referindo novamente a China como exemplo, para obter
crescimento económico, abdicam do desenvolvimento, não se preocupando nem
olhando para as condições precárias a que a sua sociedade se sujeita, e pondo
em causa as condições mínimas de higiene, saúde, de alguma qualidade e
bem-estar dos seus cidadãos.
Para mim, estes dois conceitos devem estar
sempre interligados pois são dependentes, embora os governos nem sempre se preocupem
com o desenvolvimento económico, e olhem mais para o curto prazo e para a
necessidade de haver crescimento económico, e no meu entender, correm o risco
de pôr em causa o bem-estar da população atual e das gerações futuras.
Wilson Santos
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