terça-feira, 18 de dezembro de 2018

É importante a interação entre Empresas e Universidades?

Nos últimos anos, Portugal progrediu bastante em relação aos meios materiais e às infraestruturas.Também os indivíduos são os mais bem formados de sempre. No entanto, esta evolução não se reflete na produção da economia. Por isso surge um paradoxo, já que apesar da melhor combinação dos fatores de produção da economia, não nos encontramos numa posição superior em comparação com os últimos anos. Como resultado, levanta-se uma grande questão a respeito da razão pela qual nos situamos praticamente estagnados a nível produtivo. Além disso, é relevante associar esta questão quando estamos a enfrentar um momento de revolução tecnológica, em que o mundo está a mudar rapidamente. Será que vamos conseguir acompanhar esta revolução?
         O sucesso que pode derivar desta revolução possibilitará o crescimento da produtividade. Na minha opinião, este é alcançado através da inovação, o desenvolvimento tecnológico e principalmente através do conhecimento. Para tal, as universidades, os nossos centros de saber e conhecimento, necessitam não só de ser as melhores e afirmarem-se internacionalmente mas também é extremamente importante existir uma proximidade e interação das universidades com as empresas, e vice-versa.
Atualmente, a presença das empresas nas universidades é maior, seja através dos órgãos de gestão, de programas de estágio, de ações de formação, de parcerias com programas de investigação e desenvolvimento, entre outros. Da mesma forma, existem universidades prestigiadas internacionalmente que estabelecem diversos projetos com empresas. Como exemplo, temos a Universidade do Minho que conseguiu alcançar uma relação privilegiada com os empresários e com as empresas da região. Destaca-se a interação com a empresa Bosch, que só foi possível porque produzimos ciência de qualidade. Também o ISCTE detém protocolos com empresas internacionais de consultoria, que asseguram estágios remunerados, com a possibilidade de integração nos quadros das empresas, e a Porto Business School foi distinguida com o título honorário da Ordem do Mérito, visto que foi considerada “como pioneira nacional na ligação entre universidades e empresa’’, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, entre outras.
Contudo, esta ligação ainda é pouca quando comparada com o que acontece no estrangeiro. A título de exemplo, durante os anos 50, na Universidade de Stanford, o professor Frederick Terman criou “parques de ciência’’ em que a área próxima do campus era utilizada pelos investigadores e professores para criarem lá as suas empresas, e ao mesmo tempo estes utilizavam as tecnologias da universidade para gerar empresas tecnológicas. Além do mais, os indivíduos das empresas conseguiam interferir nas atividades das universidades, lecionando com os investigadores. No nosso país esta transferência de tecnologia entre universidades e as empresas como meio de promoção do desenvolvimento socioeconómico praticamente não existe. Porém, podemos argumentar que estes parques não são formados próximos das universidades visto que a maior parte destas são multipolares, logo não conseguimos estar fisicamente próximos uns dos outros, contrariamente ao que se vive nas grandes universidades anglo-saxónicas, em que conseguiram aproximar-se das empresas e juntar todos os departamentos, de forma a conceber conhecimentos inovadores. Todavia, nos dias de hoje, apesar de não estarmos próximos fisicamente, existem alternativas e são essas que, para mim, devem ser exploradas no futuro.
Posteriormente, como já foi referido, é preciso que o conhecimento se encontre nas universidades. Porém, é igualmente necessário saber como o vamos partilhar. A partilha corresponde à disponibilização da informação correta para as empresas através, por exemplo, dos websites das universidades, através dos quais as empresas conseguem contactar as mesmas.
         Em suma, considero urgente a maior integração entre universidades e empresas para o desenvolvimento da economia. É de referir que os recursos existentes na economia estão melhores que há alguns anos, mas também é fundamental combiná-los da melhor forma com a tecnologia, para conseguirmos produzir mais e gerar mais riqueza.

Ana Catarina Freitas da Costa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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