As multinacionais, além de grandes, são também
empresas fortemente rentáveis e produtivas. Geram concorrência nos mercados
externos em que se inserem, produzem bens e serviços dos melhores níveis de
qualidade, criam um vasto número de postos de trabalho, o que atrai fortemente
os governos dos países onde se instalam e todos os consumidores que estão
dispostos a pagar apenas pelos melhores produtos.
Recentemente,
foi tornado público que algumas multinacionais pagavam baixos impostos ou até
nenhuns, nomeadamente, a Starbucks, rede mundial de cafés, foi manchete nos sites e jornais do Reino Unido por, nos
últimos anos, ter pago zero ao fisco. À lista de multinacionais que fogem aos
impostos, podemos acrescentar ainda a Google, Apple, Amazon, entre outras.
Segundo
a OCDE, cerca de 400 multinacionais pagam apenas 4% a 5% de impostos sobre os
lucros. Valores bastante irrisórios e cerca de 32-57% abaixo da média dos
impostos das empresas nacionais.
A
pergunta que se coloca agora é: como é que estas grandes empresas evitam o
pagamento ao fisco? Uma das principais formas de fuga é a atribuição dos lucros
a subsidiárias que se encontram localizadas nos chamados “paraísos fiscais”,
como é o caso das Ilhas Caimão e das Bermudas, onde a lei facilita a aplicação
de capitais estrangeiros, oferecendo uma espécie de dumping fiscal com alíquotas de tributação muito baixas ou nulas.
Outra das estratégias utilizadas é a manipulação dos preços de transferência e
rácios de dívida.
Com
a divulgação deste problema, a OCDE em parceria com o G-20, grupo formado pelos
ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do
mundo mais a União Europeia, irão atuar de forma a eliminar as lacunas nos
tratados fiscais que as multinacionais aproveitam para não pagar impostos. Isto
irá implicar um aumento da pressão sobre países como a Irlanda, Suíça,
Luxemburgo e Holanda, onde as empresas internacionais estabelecem sede e têm
facilidade em fugir ao fisco.
A
verdade é que este comportamento por parte das multinacionais é legal, mas
imoral, ou seja, a lei permite, no entanto os princípios éticos estão a ser
violados. A mesma empresa acaba por ter duas imagens contraditórias, no mercado
é lucrativa e no fisco é eficitária.
Não desfazendo todas as contribuições que as
multinacionais têm na economia, a meu ver, empresas como a Starbucks, a Apple,
a Google, que estão em todo o lado do mundo, fazem diariamente parte do nosso
dia, têm um vasto público fiel à sua marca e aos seus produtos, deveriam ser as
primeiras a demonstrar os conceitos de transparência, lealdade e igualdade.
Como é óbvio, este comportamento revolta todos aqueles que fazem sacrifícios,
levando-os também a procurar planos de fuga aos impostos. E, como todos nós
sabemos, nenhuma economia sobrevive quando a evasão aos impostos se torna “o
pão nosso de cada dia”.
Sara Gabriela Barbosa Viana
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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