O endividamento, segundo dados do Banco de Portugal, aumentou de forma drástica durante a década de 90, isto é, averiguou-se uma variação de 68,9 pontos percentuais entre os anos de 1990 e 2000.
O rácio de endividamento apresenta, claramente, um crescimento bastante acentuado. Contudo, com a importante descida de juros, a evolução do grau de esforço das famílias (consiste no encargo das famílias com a dívida, ou seja, no crédito que as famílias adquirem em relação com o seu rendimento disponível) não se verificou tão acentuado (diferença de 14,5 pontos percentuais entre 1990 e 1999).
No final deste período o endividamento mantinha-se crescente, refletindo a necessidade de criar um ajustamento nas famílias e nas instituições de crédito com vista a um futuro melhor. Com isto, no lado da oferta, apurou-se a liberalização e a desregulação do sistema financeiro português e um consequente aumento da concorrência de mercado do crédito bancário, conduzindo ao foco do crédito a particulares com baixos níveis de endividamento. Por outro lado, no lado da procura, fatores como a alteração de padrões culturais, a redução nas taxas de juro, o aumento no rendimento disponível e a diminuição do desemprego levaram à criação de um cenário favorável para o contínuo crescimento do endividamento das famílias portuguesas.
Nesta conjuntura, surge a real preocupação com a solvabilidade das famílias e a sua estabilidade familiar e social, visto que os níveis de endividamento, após 2000, começam a tornar-se cada vez mais excessivos. Nesta medida, os aumentos nas taxas de juro, desemprego, endividamento por divórcio, doença, morte ou com agravamentos no custo de crédito guiam os particulares ao sobre-endividamento. Este último traduz-se na perda de capacidade por parte dos mesmos de dar resposta aos seus compromissos, manifestando-se numa falta de equilíbrio entre a dívida a pagar e o orçamento que possui. Para além das graves implicações económicas, as famílias portuguesas também se confrontam com dificuldades aos níveis social e psicológico (marginalização, exclusão social, problemas psíquicos).
Dados de 2010 constatam que uma em cada 10 famílias sobre endividadas e que são acompanhadas pela Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (DECO) possuem mais de um créditos, sendo que a principal causa é o desemprego e, ainda, que, em média, cada família endividada possui cerca de 5,4 créditos.
Em 2013, verificamos que as famílias portuguesas estão a reduzir o seu endividamento a um ritmo mais acentuado do que a contração da economia. Também as empresas estão a diminuir o seu endividamento, no entanto, não a um ritmo equivalente ao da diminuição do PIB.
Eugénia Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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