A escolha da
profissão é um dos desafios pessoais mais importantes com que nos defrontamos
na vida. É um processo de pesquisa e decisão que se inicia na adolescência e se
prolonga ao longo da vida, em função de factores e variáveis nem sempre
controláveis. Muitas das escolhas dos jovens resultam da falta de informação
sobre as profissões ou de estereótipos sociais que se alteram constantemente.
Em Portugal, o elevado número de jovens licenciados que começaram a não
conseguir emprego resulta da conjugação de factores sociais que incentivaram os
jovens a considerar que a obtenção de um grau superior constituía uma garantia
de emprego. Mas será que vale a pena ingressar no ensino superior?
Nos últimos
anos, a situação dos jovens licenciados tornou-se cada vez mais preocupante e o
desespero instalou-se. Milhares destes jovens foram forçados a enveredar por
profissões de recurso que nada têm a ver com as qualificações adquiridas,
enquanto muitos outros milhares vegetam na esperança de uma improvável
oportunidade.
O desemprego
em Portugal subiu em todas as faixas etárias e em todos os níveis de
escolaridade, contudo, entre licenciados, disparou 37% em 12 meses.
O Instituto
Nacional de Estatística (INE) revelou no final de Março de 2012 que existiam
154 mil jovens, com idades compreendidas entre 15 e 24 anos, sem trabalho, o
que significa uma taxa de desemprego de 36,2%, um valor recorde. Segundo dados
apresentados pela mesma fonte, é de notar que no último ano o desemprego jovem
aumentou 24,6% em Portugal. É contudo entre os 26 e 34 anos que o desemprego
faz mais vítimas: em Março de 2012, eram 225,7 mil os portugueses nesta faixa
etária fora do mercado de trabalho.
Por sua vez,
se olharmos ao nível da escolaridade, o desemprego também cresceu em todas as
frentes, destacando-se a subida de 37% num ano no número de licenciados sem
trabalho. A taxa entre quem completou o secundário e pós-secundário disparou
43,5% nos 12 meses findos de Março de 2012.
Todavia, a
taxa de desemprego entre os jovens em Portugal continua a agravar-se cada vez
mais e chegou no primeiro trimestre deste ano aos 42,1%, afectando 165,9 mil
pessoas, entre os 15 e os 24 anos. Registou-se assim uma subida, quando
comparamos com o primeiro trimestre de 2012, em que a taxa de desemprego nesta
faixa etária era de 36,2% e no quarto trimestre era de 40%.
De acordo com
dados divulgados em Maio deste ano pelo INE, a taxa de desemprego subiu em
Portugal para o nível mais alto de sempre, atingindo os 17,7% no primeiro
trimestre, face aos 16,9% observados no trimestre anterior, com o número de
desempregados em Portugal a ultrapassar os 950 mil. A taxa de desemprego
aumentou, assim, em termos trimestrais 0,8 pontos percentuais e 2,8 pontos
percentuais face ao período homólogo.
Paulo Azevedo,
presidente executivo da Sonae SGPS, desdramatizou esta situação e, em Novembro
do ano passado, definiu o problema dos jovens licenciados emigrarem como um
simples facto de que eles “vão aprender lá fora e a maioria vai voltar”. Para o
presidente executivo da Sonae SGPS, “É melhor trabalharem no estrangeiro do que
estarem desempregados. Obviamente que a situação que está na base disso é
negativa, não há saídas de emprego suficientes, mas as pessoas também vão
aprender lá fora e a maioria delas vai voltar, as coisas hão-de dar a volta”,
considerou o gestor em declarações à agência Lusa. Na sua opinião, a saída dos
jovens licenciados resulta de uma situação conjuntural, decorrente da “situação
económica negativa” do país, e não de um “desajuste entre a oferta e a
procura”, como já aconteceu no passado ano de 2011. Acrescenta ainda que
“Muitas das pessoas que estão a sair agora – como engenheiros e técnicos – são
as profissões que estão a ser procuradas lá fora e que deveriam estar a ser
procuradas cá, se o país estivesse com outro desempenho económico”, sustentou
Paulo Azevedo.
Apesar de todo
este panorama e sabendo que estamos perante uma das gerações mais qualificadas
de sempre, mas também das mais sacrificadas, penso que ingressar num curso
superior é sempre uma mais valia para os jovens, pois o país precisa de gente
instruída e especializada e só estes poderão fazê-lo evoluir. O saber não ocupa
lugar, poderia ser um dos lemas de vida, e, portanto, apesar das elevadas taxas
de desemprego jovem com que nos deparamos, sou da opinião que o facto de
possuirmos um curso superior nos abrirá um leque mais alargado de
oportunidades. E se o futuro for “lá fora”, pois que
seja, com muita pena minha…
Maria Clara Antunes Lobo Martins
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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