Quando nos apercebemos que a taxa de desemprego jovem em
Portugal é das mais altas da união europeia e sabendo que somos um país com uma
população muito envelhecida, começamos a preocupar-nos com o futuro, e com o
que será das próximas gerações deste país. É fácil perceber que algo está mal.
Resta saber o quê…
A maioria das pessoas tem na ideia que em Portugal de nada
serve tirar um curso superior, que o mercado de trabalho está lotado, e que o
mais importante é fazer-se à vida o mais depressa possível, arranjando trabalho
e descurando todas as competências que um jovem pode obter durante o percurso
académico que interrompe para ganhar “uns trocos”. Pois, para que se saiba
Portugal, é dos países da Europa que tem menos pessoas com o ensino superior ou
secundário concluído, sendo que em 2007 apenas 30% da população Portuguesa
entre os 25 e os 64 anos tinha algum destes graus académicos completo! Mas
então algo se passa: o estereótipo do licenciado atrás de uma caixa de
supermercado, ou de bandeja na mão a servir cafés é cada vez mais frequente, e
isto porquê? Por causa da falta de investimento na educação ou, pelo menos, de
bom investimento… Desde cursos lotados até outros em que nem se preenche 10%
das vagas existentes, os erros são demasiados.
O País tem que se adaptar às situações existentes: há certas
instituições no país que a percentagem de emprego dos recém-licenciados é, ano
após ano, a mesma… 0! Deve-se melhorar o plano do curso, melhorar as
competências com que os alunos acabam a licenciatura, criar protocolos para
estes mostrarem que afinal certo curso na universidade “X” desenvolve
profissionais competentes! Este problema não é só do governo, mas também dos
alunos que são muito levianos a tomar uma das decisões mais importantes das
suas vidas, não pensando muitas vezes nos prós e nos contras de entrar em
determinado curso, em determinada instituição, querendo apenas ter um diploma
que muito provavelmente não usará…
Esta décalage é
como uma bola de neve, começa aqui um problema que Portugal não tem conseguido
combater: a competitividade…
Se a maioria dos jovens que estudaram 3/5 anos (alguns mais)
para determinado mercado de trabalho vêem-se obrigados pelas condições
existentes a ir para outro completamente diferente, é natural que a sua
produtividade seja baixa, já para não falar da frustração inerente a esta
situação, que provoca uma redução na sua autoconfiança e consequentemente a sua
produção. Do outro lado estão aqueles cursos para onde ninguém quer ir, ou
porque só existe em universidades longe de casa, ou porque o passo entre o final
do curso e o 1º emprego é gigante (e aqui a culpa é de quem manda), mas de que
Portugal precisa realmente para se desenvolver e para poder competir com o
resto dos países da União Europeia. Neste caso, e por não haver profissionais
com competências, procura-se um jovem com menos qualificações, e que até sai
mais barato. Dá-se um curso do género das novas oportunidades e em 3 meses fica
a fazer um trabalho de um licenciado. Será que a nível de produtividade há
diferenças? Salvo raras exceções, onde realmente tirar um curso e não tirar é
quase igual (mais uma vez a culpa é de quem manda), a diferença na produção e
consequentemente na competitividade do país é enorme!
Já ficou provado que a competitividade não aumenta cortando nos
salários de quem trabalha. Talvez seja hora de olharem um bocadinho para o
nosso país, para todo o potencial que ele tem e adaptarem-se às necessidades,
criando mais Instituições, e mais espalhadas pelo país, algumas mais
especializadas, consoante as necessidades da região, e talvez assim se consiga
produzir mais e melhor! Talvez assim não seja preciso emigrar, e mandar pessoas
competentes para outros países apenas porque o curso que tiraram estava na
“moda” e concorreram para um emprego onde a vaga já estava reservada para o
filho de alguém importante.
Chega de hipocrisia e de interesses. Neste momento delicado é
necessário apostar em gente com valor, com competências, que podem reerguer o
nosso país e que apenas precisam de melhorias na formação e de uma ligação mais
estreita entre as universidades e o emprego desejado! Não é assim tão difícil, pois
não?
Gustavo Alexandre Gomes Lima
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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