Tendo em conta os dados mais recentes do Instituto
Nacional de Estatística (INE), estes indicam que no último trimestre de 2012 a taxa de emprego
desceu para os 50,3%. Recuando no tempo, encontramos uma taxa de emprego
semelhante no final do ano de 1986. Com efeito, estes valores estão longe dos
níveis de emprego verificados no início do século XXI, onde podemos averiguar
que no final de 2002, i.e., a taxa de emprego chegou aos 59,2%. Estes
resultados são o espelho das políticas de austeridade que têm vindo a ser
seguidas e da consequente recessão económica, razões estas que estão também por
detrás dos níveis elevados de desemprego, tendo em conta que a taxa de
desemprego estimada para o segundo trimestre de 2013 foi de 16,4%.
Devemos estar
atentos também ao desemprego estrutural e de longo prazo, na medida em que
estes têm crescido rapidamente. Além disso, o salário médio é baixo
relativamente à média europeia e não tem vindo a convergir.
Naturalmente, no caso português, há vários pontos a serem
tidos em conta como forma de gerar mais e melhor emprego. Por um lado, dois
objetivos complementares: a criação de emprego e a redução de desemprego. Por
outro lado, melhorar a produtividade, tendo como foco o crescimento futuro do
nível real da população, e para isso é essencial continuar a batalha pelos
recursos humanos, que é sem dúvida um fator fulcral para que, a médio e longo
prazo, possamos aumentar o nosso crescimento potencial. Posto isto, e de forma
a gerar mais e melhor emprego em Portugal, é indispensável pensarmos em três
situações concretas, a primeira das quais se refere ao desemprego e a
vulnerabilidade do emprego. Aqui, devemos ter em conta que o aumento dos níveis
elevados de desemprego é o resultado imediato da recessão. Acresce ainda o
facto que existe, no imediato, uma vulnerabilidade social mais abrangente, que
resulta do tipo de qualificações e de emprego que predomina na economia
nacional. A falta de qualificação é uma das origens do desemprego e da reduzida
produtividade numa economia que se reestrutura sob o impacto da concorrência
externa. Outros aspetos a ter em conta para a perda de emprego têm que ver com
o tipo de vínculo contratual, reestruturação, deslocalização, como consequência
do encerramento de empresas e dos custos associados ao desemprego, tais como
custos com a segurança social, por via de diminuições de receitas dos descontos
dos trabalhadores ou por via de gastos aumentados com a atribuição de subsídios
de desemprego.
Perante a situação económica e social que Portugal atravessa
e de acordo com os “entraves” acima mencionados para a criação de mais e melhor
emprego, e tendo em conta também que Portugal depende muito da globalização, na
medida em que um terço do emprego depende da procura externa e dois terços
dependem da procura interna, a estratégia para o emprego e para a produtividade
que, do meu ponto de vista, deveria ser adotada tem que ver com a concepção de
novas atividades ou competências nos setores de bens transacionáveis e bens não
transacionáveis. Quando falo de bens não transacionáveis refiro-me a serviços
como educação, formação profissional e investigação cientifica. Retomando o que
mencionei em cima, temos de continuar a batalhar nos recursos humanos,
melhorando a qualidade nos mais diversificados setores, dando resposta a
défices sociais e contribuindo para a modernização do nosso país!
Marta Diana Silva Fernandes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
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