Cada vez mais, não só em
Portugal como em todo o mundo, a publicidade e o marketing são ferramentas
essenciais para a sobrevivência/existência de uma empresa. Como tal, a banca a
retalho, como mercado puro que é, não foge à regra e portanto a publicidade e
até mesmo a comparação com os restantes concorrentes é a forma encontrada pelas
empresas deste sector para concorrerem entre si.
Assim
sendo, seria de esperar que a mobilidade no sector da banca retalhista fosse
algo constante e que tivesse números consideráveis. Porém, como demonstra o
inquérito, de nome “Report on the Retail Banking Sector Inquiry”,
publicado pela comissão europeia em 2007, apenas o pequeno número de 5,4% a
6,6% dos clientes com depósitos à ordem mudam de banco durante um ano, e
afirmam mesmo que o número de clientes insatisfeitos é bem maior, fazendo deste
sector um sector com um fraco nível de concorrência.
Esta
pequena mobilidade dos clientes na banca a retalho deve-se essencialmente a
dois grandes factores, entendidos como custos, que não permitem a concorrência
entre os retalhistas, nomeadamente os custo de pesquisa e os custos de mudança.
Nos primeiros, encontram-se todos os custos com a procura de informação sobre
determinado banco bem como o que ele nos pode proporcionar, nos segundos,
englobam-se um conjunto de custos como os contratuais, os custos psicológicos e
ainda, por exemplo, os custos relacionados com a informação assimétrica. De
salientar os custos psicológicos, que mesmo sendo difíceis de quantificar e
sendo muito variáveis de pessoa em pessoa, são de tão grande importância, dada
a possível relação criada entre cliente/banco/gerente. Todos estes custos,
principalmente os de mudança, são uma enorme barreira à concorrência, e
consequentemente mobilidade, no sector da banca a retalho, pois como sabemos os
custos de mudança levam a uma maior rigidez na procura de cada empresa
reduzindo assim a concorrência entre empresas a operar no mesmo mercado.
Dado
a este conjunto de factores e razões, os clientes são levados a acomodar-se,
logo a optar sempre pela sua opção inicial, uma vez que todos estes custos têm
impacto no bem-estar do cliente. Por exemplo, os custos de pesquisa significam
a “perda” de tempo na procura da melhor solução para a sua situação e, como é
lógico, esta pesquisa é pessoal, logo significa muitas vezes que o tempo que o
cliente dedica à pesquisa da informação necessário para a sua tomada de decisão
é tempo abdicado com a sua família ou seus amigos. Daí, nem sempre é fácil para
os clientes esta tomada de decisão de pesquisa e possivelmente mudança.
Contudo,
toda esta falta de mobilidade só prejudica os clientes, portanto é essencial,
para um melhor bem-estar social, implementar uma maior concorrência e
mobilidade no sector da banca a retalho. Deste modo, existem algumas medidas
que podem ajudar a esta melhoria pretendida para o sector em questão,
essencialmente no abatimento ou, pelo menos, redução das
barreiras à mobilidade em cima referidas. É necessário reduzir os custos de
pesquisa, bem como os custos de mudança. Assim, é essencial que haja uma maior
quantidade e qualidade de informação, bem como maior facilidade em obtê-la,
para que os clientes tenham uma maior noção de preços e condições de contratos,
de forma a conseguirem fazer as comparações entre as instituições bancárias.
Outro passo importante seria a livre circulação das pessoas entre as
instituições, para que estas não sofram entraves à deslocalização de uma
instituição para outra, como a abolição ou redução das comissões de
encerramento.
Portugal
não foge a nada do que foi escrito nos parágrafos acima e, como tal o nosso
sector da banca a retalho encontra-se muito pouco móvel e com sérios entraves à
mobilidade, e enquanto continuarmos a ouvir e a ver anúncios publicitários com
frases lidas muito rapidamente ou em letras muito pequenas, sem que se consiga
entender a cem por cento tudo o que é dito, não é expectável que a situação se
vá alterar.
Em
forma de conclusão, termino deixando no ar uma pequena solução que, em minha
opinião, poderia ajudar a solucionar as questões referidas até ao momento, que
passaria pela criação de um órgão de fiscalização competente que obrigaria os
bancos a disponibilizarem toda a informação de uma forma correta. Contudo, é
essencial que as pessoas saiam da sua zona de conforto e procurem melhores
soluções.
Flávio André Gouveia Peixoto
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1ºciclo) da EGG/UMinho]
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