Actualmente, apenas ouvimos
dizer que a dívida não pára de crescer, o desemprego atingiu níveis recordes e
a austeridade já se torna insuportável e atrasa cada vez mais o país. Contudo,
temos vindo nos últimos anos a combater um problema crónico da nossa economia,
o défice da balança comercial externa, o que dá alguma esperança para o futuro.
Segundo dados divulgados pelo
INE, assistiu-se a um crescimento das exportações em 2012 de 5,8% face a 2011,
e a uma diminuição das importações de 5,4% face a 2011, o que representa uma
melhoria significativa da Balança comercial. Actualmente, as exportações
portuguesas já ascendem a 39% do PIB, superando países como o Reino Unido
(32%), Espanha (30%), Itália (28%) e França (27%), países conhecidos por serem
potências industriais e de serviços na Europa. Embora tenha havido um aumento
das exportações e o perfil geográfico dos clientes é mais diversificado, estamos
a vender cada vez mais produtos de baixo teor tecnológico.
Apesar de já nos situarmos
próximos da fasquia dos 40% do PIB, o objectivo segundo o actual ministro da
Economia é de Portugal exportar pelo menos 50% do Produto. A realidade é que
estes valores são mais influenciados pela queda do produto do que propriamente
pelo aumento das exportações.
Outro lado negativo é o das
exportações serem maioritariamente de tecnologia baixa e média-baixa, o que
apresentou uma pequena tendência de subida no último ano, enquanto que o peso
das exportações de elevado teor tecnológico no total das exportações tenha
vindo a decrescer sucessivamente, sendo actualmente cerca de 40% mais baixo do
que nos primeiros anos do euro. Isto significa algum risco para a continuidade
do aumento das exportações, já que quem exporta produtos com baixo teor de
tecnologia está a competir principalmente com países da Ásia, como a China, os
quais possuem salários significativamente mais baixos, e com isso mais
competitividade, em geral. No
caso dos serviços, houve uma subida, passando o seu peso de 27% em 2011 para
30% do total das exportações em 2012.
Do lado das importações não há
muito a dizer, embora seja expectável uma
estagnação em vez de uma descida, o que pode ser parcialmente justificado com o
aumento das exportações.
Existem fortes indicadores para
que a fonte da recuperação da economia sejam as exportações, e o equilíbrio e
posterior superavit da balança
comercial externa. Será um bocado cedo para pensar que apenas a aposta nos
mercados externos por parte das empresas nacionais seja o suficiente. Prevê-se
que em 2013 haja um forte abrandamento do aumento das exportações, o qual se
acredita que não passe além dos 3%. Num futuro próximo, Portugal terá que
apostar forte em países emergentes e tornar-se menos dependente dos mercados da
União Europeia, que representam cerca de 75% das exportações portuguesas, e
cujas economias apresentam expectativas de crescimento bastante baixas. Hoje em
dia, é necessário arrecadar uma quota de mercado relevante em países emergentes
para se conseguir crescer de forma sustentada,
o que já se verifica pela nossa parte para os PALOP, para a China e outros
países emergentes do mundo asiático, e para países do norte de África como a
Argélia e Marrocos, sendo que este último se tornou mais importante que a China
e o Brasil no 1º semestre do ano corrente.
Para que as empresas consigam
manter ou mesmo aumentar a sua competitividade nos próximos anos será
necessário alguma ajuda por parte do Estado, que tem sido mais um obstáculo do
que propriamente uma ajuda á expansão das exportações. Mas haverá alguma luz ao
fundo do túnel que visa a austeridade como caminho a seguir caso o governo prossegua
com a proposta de redução do IRC das empresas e caso aplique outras leis que
promovam a competitividade.
Por parte das empresas, também
se espera um certo trabalho para promover o comércio externo, principalmente no
que diz respeito ás mudanças sectoriais e na formação de recursos humanos, para
que seja possível tanto competir com mercados de mão-de-obra barata como em mercados de indústria de alta tecnologia.
Nuno Francisco Gonçalves
Correia
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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