quinta-feira, 7 de abril de 2011

1000 Milhões (respirem, não vou falar dos lucros da EDP)

A efacec é sem dúvida um caso de sucesso da economia portuguesa. Hoje está presente em mais de 65 países espalhados pelo globo, tendo como objectivo duplicar a sua dimensão em 5 anos.

Começou a apostar no mercado externo, através de agentes e filiais, em 1987. Nessa altura as suas vendas para o exterior eram essencialmente de dois produtos: motores eléctricos e transformadores.

Passado 10 anos entra numa nova fase da sua internacionalização, com a constituição de joint-ventures. Aqui está uma das razões do sucesso da empresa, soube compreender que a globalização trazia uma serie de desafios. Um deles era que não podia ficar por Portugal. Nunca conseguiria ombrear com os grandes player’s mundiais, como a Siemens e a Alcatel, se ficasse enclausurada no rectângulo lusitano. Por esta altura pega no seu know-how e junta-se a parceiros locais em pontos tão distantes como a China. Esta presença em várias geografias permitiu-lhe estabelecer uma relação mais forte com os seus clientes, e ao mesmo tempo conquistar muitos outros.

É uma empresa que sempre procurou inovar especializando-se em algumas áreas com futuro como a energia, o ambiente e o negócio da logística. O segredo da efacec foi sempre trabalhar em Portugal para a excelência e inovação, e depois ter a coragem de tentar vender (e depois replicar) lá fora o que fazia aqui. Nunca teria ganho, por exemplo, o concurso do metro de Dublin se não tivesse feito o metro do Porto. Mantendo-se na vanguarda da tecnologia e apostando na criatividade a efacec hoje abre fábricas nos EUA, enviando engenheiros americanos para Portugal para aprender os seus métodos inovadores e únicos.

Embora o seu caminho tenha sido sempre pujante é injusto não ter uma palavra com a actual gestão. Esta tem sido capaz de levar a efacec ainda mais longe. Os objectivos eram e são ambiciosos, mas os números são esclarecedores. Em 2009 o volume de negócios aumenta 26%. No mercado externo este aumento situa-se nos 30%, entre 2008 e 2009 criou quase 1000 postos de trabalho, 500 qualificados e em Portugal. De 2007 para 2009 mais que duplica o volume de encomendas e o montante das vendas. As encomendas subiram de 433 milhões para 1007 milhões de euros. Em vendas, passou-se de 370 milhões para os 809 milhões de euros. E um dos objectivos para 2010 era juntar aos 1000 milhões de encomendas 1000 milhões de vendas. Parecem números extraordinários para qualquer empresa em qualquer momento. Mas não nos podemos esquecer que estes números foram conseguidos num dos períodos mais negros da economia mundial.

Dr. Luís Filipe Pereira foi o presidente da efacec durante este período, e prepara-se agora para abandonar o cargo por causa da política da empresa que define que quem faz 65 anos num mandato tem de abandonar as suas funções executivas no final desse mandato. Parece-me uma política talvez desajustada, mas a verdade é que foram os donos da efacec, o Grupo Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, que trouxeram a empresa até aqui e por isso eles, melhor que ninguém, saberão o que estão a fazer.

Por último queria relembrar que o Dr. Luís Filipe Pereira foi ministro da saúde ainda nos recentes governos PSD/CDS o que mostra que a competência ainda não está de costas viradas para a politica. E não consigo resistir à tentação de sublinhar que não saiu do ministério da saúde para nenhuma farmacêutica ou coisa parecida...

Valdemar Machado

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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