Nos tempos que correm vivemos uma época de vários contrastes e constantes mudanças cada vez mais rápidas. Esta modernidade caracteriza-se em muito por uma crescente capacidade de mobilidade e versatilidade, sendo a última década marcada pelo fenómeno de crescimento das redes sociais. Esta revolução afecta-nos directa ou indirectamente, tanto na vida pessoal, laboral ou social.
Esta ideia da criação de uma nova componente no mundo das tecnologias de comunicação e informação, trazida pelas redes sociais, já se delineava em meados dos anos 90, porém o projecto acabou por ser abortado. Apenas nos últimos anos, é que este fenómeno ganhou a sua maior força, através de modelos como o Facebook, MySpace, Twitter, Youtube, Photobucket, Orkut, Yahoo, entre muitos mais. Todo este progresso tende a crescer cada vez mais, trazendo mudanças significativas até para as áreas da política, economia e sociedade.
As redes sociais tornam-se na voz de diferentes grupos, agregando-os e dando-lhes mais poder a nível global, dando asas à mudança social, através, por exemplo, da maior facilidade de sensibilização para manifestações e ajudas humanitárias. Porém vamo-nos focar no seu contributo económico, mais concretamente na economia das empresas. Para a Economia as consequências do desenvolvimento desta área dão-se principalmente no campo do consumo, marketing e política económica. No consumo, por exemplo, acabam por se juntar pessoas com os mesmos hábitos, e agiliza-se um processo de futura compra. A nível do marketing facilita-se às empresas a divulgação dos seus produtos e serviços, assim como é uma componente importante no marketing pessoal de cada indivíduo. Já no caso da política económica, permite por exemplo uma nova forma de activismo, através da mobilização de vários grupos e da mais fácil divulgação de ideias comuns. Como conseguinte temos um processo de opinião pública mais rápido e diversificado, liberto de tanta burocracia como no mundo dos média antes desta revolução. Há quem defenda que surge assim uma nova democracia.
Todos nós temos a percepção que as redes sociais têm vindo a ganhar mais espaço por todo o mundo. Numa análise feita pela eMarketer concluir-se que o número de europeus nas redes sociais deverá superar os 100 milhões de utilizadores este ano, dando-se um crescimento de 16,2% face 2010. Uma outra pesquisa, esta realizada pela Altime Group, concluiu que as empresas que investem mais nas redes sociais têm melhores resultados do que as que não usam esse processo. Segundo os dados divulgados as empresas obtêm um crescimento médio de 18% da sua facturação após iniciarem a integração no mundo da internet, enquanto as outras que não investem nesta área comportam um declínio de 6% em média nas suas receitas, no mesmo período de análise.
Hoje em dia várias empresas usam as opiniões dos consumidores em geral no Facebook e Twitter para determinar objectivos, políticas, e medidas. Assim como o uso do Youtube as ajuda na divulgação de vídeos publicitários. Se pensarmos por exemplo na Coca-Cola, esta marca já se encontra com vários feeds no Twitter, tendo intenção de os aumentar. Conseguiram assim uma maior exposição da marca, através das suas novidades, e darão a conhecer a sua sede de empresa. Há assim, uma crescente preocupação em construir tanto a paixão pela marca, como o seu valor. Um vídeo colocado no Youtube por esta marca, que retratava uma máquina colocada num campus universitário que oferecia refrigerantes grátis, ramos de flores e uma sandes enorme, teve tamanho sucesso, que se transformou num anúncio televisivo a ser adoptado em toda a Europa.
Outro exemplo do uso das redes sociais para a promoção de determinadas iniciativas é-nos dado pela London Business School que marca a nossa sociedade com uma nova forma de educação, dada através do facebook. De facto pretende-se facilitar o acesso à educação de qualidade. Assim, a um custo zero, qualquer estudante com um computador ligado à Internet, poderá ter aulas em vídeo e grupos de discussões e só pagará se decidir usar o curso para obter equivalências de créditos na sua faculdade. Muitos mais exemplos existem, basta procurar e até nos surpreendemos com algumas das iniciativas que várias entidades têm através das redes sociais.
O mercado da publicidade online é um dos maiores e mais rentáveis actualmente, o que faz com que seja a grande finalidade das redes sociais para todas as empresas, pequenas médias ou grandes. Para termos consciência, 99% da facturação da prestigiada Google, provem do seu programa de publicidade, Adwords. Nesta fase é legítimo muitos fazerem até interiormente a seguinte pergunta: “Qual é a razão para este ser um mercado tão rentável?”. A resposta a esta pergunta surge em parte pelo facto de este meio ser apenas apresentado em contextos específicos, à escolha de cada empresa, ao contrário de por exemplo a publicidade televisiva, que é apresentada a toda a sociedade. Se não vejamos o seguinte exemplo: se certa empresa está a publicitar um frigorífico, essa publicidade apenas aparecerá em contextos de alguma relevância, como uma pesquisa online do consumidor por “electrodomésticos”, ou em alguma página dentro desta área. O grande potencial das redes socais a serem utilizadas no mundo dos negócios é sobretudo o facto de se tratar de um investimento barato quer em termos monetários, quer em tempo. Assim, com baixos custos, conseguimos numa primeira fase tirar como que um raio-X dos nossos consumidores e até descobrir potenciais compradores. Qualquer empresa irá ainda servir-se destes meios para estreitar relacionamentos com os seus clientes, gerindo o seu feedback. Só numa fase mais avançada é que irá prosseguir para a promoção e até vendas propriamente ditas dos produtos da sua marca. Aqui, o Departamento de Marketing irá, através de publicidade colocada nas redes sociais em que se encontra a própria empresa, tentar criar desejos para as necessidades dos consumidores desde as mais básicas ás mais ambiciosa. Aqui partir-se-á para a promoção da procura dos consumidores, e interacção destes mesmos com a marca.
O uso desta teia construída pelas diversas redes sociais, por parte de várias organizações irá também transmitir uma imagem de transparência, criando ao consumidor uma sensação de segurança e proximidade. Poderá estar aqui mais uma importante ferramenta para a internacionalização do negócio em causa, visto que qualquer informação neste meio corre estradas á velocidade da luz. Nesta facilidade de divulgação de informação está também um grande potencial que poderá ser usufruído através do aproveitamento das opiniões, sugestões e até críticas dos utilizadores da marca, a fim de gerar melhoramentos ou inovações. Porém a utilização destas redes exige planeamento, conhecimento e qualidade dos profissionais, visto que será fácil a colisão com as desvantagens deste uso. O descontentamento ou desconforto dos clientes ou críticos, causarão várias opiniões contrárias às que a empresa ambicionava. Poder-se-ão criar críticas violentas e até boatos desconcertantes que rapidamente se propagaram. A vantagem de estar próximo do cliente pode significar em contrapartida a maior vulnerabilidade aos concorrentes e críticas.
Joana da Silva Araújo
FONTES:
- Santos, Carlos (26Jan, 2011), “As redes sociais e o impacto nas empresas”. Blogue PTWS (http://blog.ptws.pt/noticiasptws/as-redes-sociais-e-o-impacto-nas-empresas-%E2%80%93-parte-2-de-2.html)
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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