quinta-feira, 7 de abril de 2011

O estado das famílias ao fim de uma década de crise

Portugal está perante um verdadeiro pesadelo a nível económico, do qual os portugueses tentam fugir a cada segundo que passa.

O nosso país vive numa crise económica que perdura já por uma década. Praticamente, os jovens de hoje têm na lembrança da adolescência um país em crise. Primeiramente, a crise do início do milénio, recentemente reforçada pela crise mundial que afecta a economia mundial e teve maior incidência nos EUA e na Europa. Esta última tem-se revelado uma das mais graves crises dos últimos anos no sistema financeiro mundial. Como tal, as consequências desta crise não podem nunca ser ignoradas, pelo que se agravam de dia para dia.

Sabemos que a causa da crise esteve no crédito hipotecário e de consumo de alto risco nos Estados Unidos, motivada pela quebra do sector mobiliário. Depois de iniciada a crise, de começar a abrandar o crescimento económico nos EUA, rapidamente se deu o abrandamento do crescimento também na zona euro. Esse efeito é bastante visível sobre a forma de falências, aumento de desemprego, diminuição do consumo, investimento e exportações, que são impulsionadores importantes de uma economia.

Agora, resta-nos perguntar como estão as famílias no meio de toda esta crise que Portugal há muito tenta travar, mas que nada ou pouco tem conseguido fazer?

Famílias, poucas são aqueles que se conseguem manter ilesas a esta crise. A maioria, essas sim podem dizer o quanto esta crise as afectou. O maior problema que as famílias enfrentam está nos seus compromissos com a casa, contudo, o seu consumo também foi fortemente afectado pelo corte que este teve de sofrer devido à diminuição do rendimento disponível das mesmas.

Podemos, contudo, analisar dois efeitos da crise sobre as famílias. Por um lado, as famílias já formadas deparam-se com perda de emprego, dificuldades em pagar a renda de casa ou o empréstimo bancário, principalmente pela forte subida dos juros, assim como cortes no consumo devido à falta de meios financeiros que atravessam. Por outro lado, uma consequência mais grave pode ser referida a nível estrutural. Actualmente, o número de pessoas a constituir famílias diminuiu. Isto é, com o agravar da crise, com a constante subida das taxas de juro, com as fortes incertezas acerca do futuro de Portugal e de nós mesmos enquanto cidadãos, é cada vez maior o medo de formar uma família. Este facto é bem visível quando olhamos para a diminuição de casamentos, principalmente em idades jovens, pelo que cada vez mais se vêm jovens a sair de casa dos pais mais tarde, perto dos trinta anos. Os casamentos diminuíram assim em 6,6%, o que se traduziu em 3,8 casamentos por cada mil habitantes. Em termos evolutivos de 2003 para 2009, essa diminuição é mais notória, foi de 24,8%. Por outro lado, o número de famílias com apenas um filho aumentou de 31,3%, em 2008, para 32,2%, em 2009. Isto, em detrimento das famílias com dois ou três filhos, que perderam 0,7 e 0,2 pontos percentuais, respectivamente. Consequentemente, o número de famílias com mais de três filhos também diminuiu. E como seria de esperar pelo cenário já apresentado, a idade da mulher, em média, ao ter o primeiro filho também aumentou, situando-se nos 28,6 anos, comparativamente aos 27,4 anos, em 2003.

A crise afectou assim não só o padrão de vida das famílias como também os planos futuros de muitos jovens. Hoje em dia, os jovens querem não só constituir uma família como também querem lutar por uma carreira, por um futuro melhor. E o estado em que o país se encontra não facilita em nada esses planos à nossa geração jovem. Está mais do que visto que Portugal precisa urgentemente de medidas/soluções permanentes e não mais de paninhos quentes para tentar tapar os olhos aos portugueses.

Na minha opinião, tal só começará a acontecer quando a ajuda externa chegar a Portugal e este adoptar finalmente medidas rígidas para os próximos anos, para que assim se possa começar a respirar de alívio e voltarmos a ter confiança na melhora do nosso país e de um futuro melhor.

Cláudia Oliveira

Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Indicadores Sociais de 2009

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

1 comentário:

Luís disse...

A familia, é a base de todas as sociedades, tal como as conhecemos até hoje, em seres vivos bissexuais, como o homem, neste planeta terra. Não falo dos ditos "casamentos" entre o mesmo sexo, que isso são adulterações culturais, confusão de conceitos e significados, não deixando de valorizar o elemento homem (masculino ou feminino) que têm direitos e "sonhos" de vida iguais.

Mas chamava a atenção para que salientem a necessidade de uma política para a familia, nas suas várias vertentes. Mas neste contexto dificil de crise económica ( a crise agora visivel) o numero de filhos de cada familia deveria ser "valorizado", face á demografia nacional, á riqueza a criar e á sustentabilidade do nosso modelo social, deveria ser muito bem pensada, rápidamente.
Senão é a agonia da nossa cultura, tal como a conhecemos, a longo prazo.
E é aqui que os políticos são cegos por natureza, nas medidas a longo prazo.
Bem hajam pelos excelentes textos...