quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nenhuma surpresa

Conforme o previsto, por muitos economistas, o Banco Central Europeu (BCE) na passada Quinta-feira elevou a sua principal taxa de juro, que é a taxa de juro de referência para zona Euro, de 1% para 1,25%.
O BCE não tinha aumentado a sua taxa de juro desde Julho de 2008. Está taxa estava fixada em 1% desde de Maio de 2009.
A instituição Monetária, aumentou também duas outras taxas, a taxa de cedência de liquidez (os empréstimos de emergência a 24 horas) que passou dos 1,75% para os 2%, e a taxa de depósito (que remunera a disponibilidade dos bancos emprestarem dinheiro) dos 0,25% para 0,5%.
No mesmo dia, o Banco da Inglaterra colocou a sua taxa de juro ainda mais baixo, 0,5%, e a sua inflação é de 4%. Está decisão do Banco da Inglaterra pode ser vista como uma forma de apoiar a sua economia.
O aumento da taxa de juro de referência, já havia sido citado como possível no mês passado pelo presidente do BCE, Jean-Claude Trichet. Ele justificava esse aumento, devido a crescente subida da inflação na zona Euro. Em Março, os preços subiram em média 2,6% nos 17 países da zona Euro, superando pela quarta vez consecutiva o objectivo de médio prazo do BCE, que era uma inflação próxima, mas inferior a 2%.
O aumento da inflação que, neste 1º semestre está a afectar as economias dos 17, é na sua grande maioria, causada pelo aumento do preço do petróleo, mas reflecte também o aumento que este provocou nos produtos alimentares.
Porém o BCE, com essa decisão, mostrou-se seriamente preocupado com a repercursão que novos aumentos no preço do petróleo e das matérias-primas possam vir a ter.
Tudo isto coloca uma serie de preocupações no ar. Para alguns economistas, isto é o início de uma nova serie de aumentos da taxa de juro de referência, que no final do ano já rondará os seus 1,75% ou 2%.
Este aumento da taxa de juro, pelo Banco Central tem vários efeitos negativos sobre a actividade económica na zona Euro. Para os Bancos, isto vai-se repercutir num aumento de custos dos seus recursos para os seus clientes, sejam eles empresas ou famílias. E será ainda mais visível nos Bancos “mais fracos” ou de pequenas dimensões que têm menos acesso ao mercado. O consumo e o investimento, de empresas e familias também sofrerão com esta nova taxa. Mas estes efeitos vão variar consoante o país, principalmente no mercado imobiliário.
Mas nisso perguntamos: como é que fica o euro com esse aumento? Na verdade o mercado cambial não esperou o anúncio do dia 7 de Abril para se pronunciar. Desde o pré-anúncio do aumento da taxa adiantada no mês de Março por Jean-Claude Trichet o euro aumentou cerca de 3%, o que torna a moeda mais atractiva e eleva a sua avaliação. E assim na última Quinta feira o Euro oscilou em torno dos 1,43 dólares, o seu nível mais alto desde Janeiro de 2010. No entanto se com o Euro forte é mais facíl comprar o petróleo, as exportações de todos os países da zona Euro serão penalizadas. Vai afectar não só os Países que dependem da competitividade dos preços para exportar os seus produtos, como também os Países que lutam para recuperar suas economias.
Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha, estão em recessão. Esses Países estão a se debater com altas taxas de desemprego, crises bancárias e fortes medidas de austeridade. E retirar dinheiro e tornar o crédito mais caro pode ter um impacto devastador em suas economias. Especialmente para Países como a Irlanda, que depende da exportação para impulsionar o crescimento.
Porém não podemos dizer que o BCE vai deixar cair a economia dos países mais frágeis, pois isso iria transformar-se então numa crise do Euro, e “arruinar” com a União.

Eva Marina Dos Santos Fortes

[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. “Economia Portuguesa e Europeia”, do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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