terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Consumo privado e investimento continuam a recuperar: exportações e importações nominais aceleram

Um elemento vital na economia de um país é equilibrar o saldo da balança comercial, ou seja, assegurar um saldo positivo entre as exportações e importações. Para isso, é crucial que as exportações superem as importações, de modo a evitarmos um saldo comercial deficitário, sendo este o objectivo primordial de qualquer economia eficiente.
O excedente nas contas externas da economia portuguesa cresceu para 3,727 milhões de euros entre Janeiro e Agosto de 2013, tendo o saldo entre exportações e importações sido positivo em 1,163 milhões de euros, de acordo com dados do Banco de Portugal.
Segundo uma análise de dados mais actuais até ao momento presente, verificou-se que em Dezembro, os indicadores de sentimento económico e de confiança dos consumidores da Área Euro (AE) recuperaram. No mesmo mês, os preços das matérias-primas e do petróleo apresentaram variações em cadeia de 0,9% e 1,2% (-1,3% e -0,1% em Novembro), respectivamente.
Em Portugal, o indicador de clima económico prolongou em Dezembro o perfil ascendente observado desde Janeiro de 2013, após ter registado o mínimo da série, atingindo o valor mais elevado desde Janeiro de 2011. O indicador de actividade económica acelerou em Novembro, fixando o valor máximo desde Fevereiro de 2011. A informação proveniente dos Indicadores de Curto Prazo (ICP) revelou, em termos homólogos, um crescimento da produção industrial e uma diminuição menos significativa da actividade económica nos serviços e na construção e obras públicas em Novembro. O indicador quantitativo do consumo privado voltou a recuperar em Novembro, reflectindo o contributo positivo mais expressivo de ambas as componentes, consumo corrente e consumo duradouro, sobretudo do primeiro caso. O indicador de FBCF diminui de forma menos acentuada, em resultado do contributo negativo menos significativo das componentes de construção e de máquinas e equipamentos e do contributo positivo, ligeiramente mais expressivo, da componente de material de transporte. Relativamente ao Comércio Internacional de bens, em termos nominais, as exportações e importações registaram variações homólogas de 7,0% e 3,7% em Novembro (4,7% e 1,4% no mês anterior), respectivamente.
Em 2013, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) apresentou uma taxa de variação média anual de 0,3% (2,8% em 2012). O índice da componente de bens passou de um crescimento de 2,5% em 2012, para 0,0% em 2012 e o índice da componente de serviços registou uma variação média de 0,7% em 2013 (3,1% no ano anterior).
As exportações de bens aumentaram 7,0% e as importações de bens 3,7% no trimestre terminado em Novembro de 2013, face ao período homólogo (Setembro/Novembro de 2012), tendo-se verificado uma redução ao défice da balança comercial no montante de 278,7 milhões de euros e um aumento da taxa de cobertura de 2,6 pontos percentuais (p.p.) para 82,5%.
A balança comercial de Portugal tem sido sempre ao longo da história recente, negativa. Portugal, sendo deficitário em vários sectores da economia, necessita de realizar importações. No entanto, como país produtor em alguns sectores económicos também realiza exportações, as quais têm crescido consideravelmente, quer para os seus parceiros habituais como a Espanha, França e Alemanha, quer para novos mercados de exportação como Marrocos, República Checa, Venezuela, entre outros.
Deste modo, pode-se concluir portanto que o aumento das exportações não é suficiente para melhorar a situação económica portuguesa bem como o saldo da balança comercial, especialmente se estas forem precedidas de fortes importações de matérias-primas e outros produtos inacabados.
Para que sejamos capazes de conseguir criar riqueza, a economia nacional terá que apostar evidentemente, na inovação, na implementação de novos métodos, na criação de novos produtos e, sobretudo, na aposta em produtos inteiramente nacionais. Só desta forma será possível que um aumento das exportações contribua fortemente para a criação de riqueza e para equilibrar o saldo da balança comercial a médio e longo prazo.
Uma vez que Portugal apresenta um enorme potencial, com extensos terrenos que podem ser usados para cultivos e excelentes condições atmosféricas, é notório que somos capazes de produzir produtos com elevada qualidade e, portanto, esta deveria ser uma área com grande impacto em termos de investimento, na tentativa de aumentar as exportações e diminuir as importações.

Maria Clara Antunes Lobo Martins

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

2 comentários:

Owl disse...

Este blog ainda continua activo?
Estive a ver os post's e contém matéria bastante interessante, nomeadamente porque este semestre tenho uma unidade curricular chamada "economia portuguesa" e este blog tem bastante informação útil para mim.

J. Cadima Ribeiro disse...

Caro Owl,
Este blogue só está ativo nos períodos em que decorrem aulas neste enquadramento científico, o que não vai acontecer no 2º semestre letivo. Assim sendo, o mais previsível é que só haja material novo a partir de Setembro pf.
Obrigado pelo comentário.
Cordiais cumprimentos,