Os
CTT- Correios de Portugal S.A, com uma história de cerca de 500 anos, atuam em
várias áreas das quais podemos destacar o mercado das comunicações,
internacional e financeiro bem como áreas de publicidade, logística e gestão de
dados e documentos. Esta empresa tem como principal objetivo a satisfação das
necessidades dos cidadãos ou agentes económicos, estabelecendo a ligação entre
o remetente e o destinatário. Atualmente, os CTT englobam várias empresas
havendo uma relação de complementaridade que contribui para uma resposta mais
eficiente. Nos dias de hoje, a privatização dos CTT é manchete nos media, sendo este assunto um dos temas centrais. Ora, a verdade é
que o que era de todos passou a ser apenas de alguns, com a privatização dos
CTT! Mas afinal o processo de privatização trará vantagens para Portugal? Quais
serão essas vantagens? E desvantagens, terá?
Pensando
na dispersão do capital dos CTT no mercado de valores mobiliários, esta é desde
logo uma forma de promover o aforro e o capitalismo popular, permitindo que os
contribuintes possam ser acionistas de uma empresa até agora detida pelo
Estado. Nem mesmo os opositores da privatização podem contestar este modelo,
pois, de entre todos os possíveis, é aquele que melhor permite aos portugueses
(contribuintes) participar no processo e, agora diretamente, deterem parte dos
CTT. Com efeito, as vantagens de uma oferta pública de aquisição, em geral e em
particular no caso dos CTT, podem ser vistas na ótica da empresa, dos
investidores e do atual acionista.
Em
termos de empresa, há acesso a capital de longo-prazo e a baixo custo;
liquidez; exposição da marca a servir de catalisador de mais negócio; expansão
para mercados internacionais e novas parcerias; uma imagem pública mais
reforçada, mais positiva e transparente e acesso futuro a fontes alternativas
de capital via produtos e processo, geralmente mais fáceis de executar em
empresas cotadas. No caso dos acionistas, haverá uma maior proteção dos
investidores; um maior nível de informação e com maior qualidade (garantida
pela CMVM e pelos vários agentes e participantes do mercado – regulador,
analistas, jornalistas, entre outros); eventuais benefícios fiscais e liquidez
que permite entrar e sair do capital fácil e rapidamente. No caso de trabalhadores
e contribuintes as vantagens realçadas concentram-se num maior nível de
informação e com maior qualidade; benefícios fiscais; desconto da aquisição de
ações e um aumento da motivação com prémios em ações e a possibilidade de se
tornar acionista. No que respeita a clientes, fornecedores e outras partes
interessadas, há um maior nível de informação e com maior qualidade e maior
transparência nas operações com as partes interessadas.
Quanto
à Bolsa de valores portuguesa, bem como o mercado de valores mobiliário como um
todo, deverá beneficiar com o facto de os CTT serem cotados em bolsa e poderem
vir a integrar o PSI20, substituindo empresas mais fracas, dando assim mais
relevância e estabilidade ao índice português, à bolsa portuguesa e,
indiretamente, à própria economia. Vai permitir que a bolsa portuguesa passe a
contar com uma empresa de um sector que neste momento não tem, com um negócio
consistente, gerador de bons fluxos de caixa. Vai permitir que o PSI20
(atualmente com um grande peso da Banca) seja mais diversificado, diminuindo o
seu risco.
Como qualquer avaliação racional implica o peso das
vantagens e desvantagens, é necessário abordar o lado negativo da questão. Focando agora a análise nas
desvantagens, começamos por referir a diminuição do controlo da empresa. Outra
das desvantagens passa pelos custos de manutenção de uma empresa cotada em
bolsa relacionados com as comissões da bolsa de valores, da equipa de gestão,
de relações com os investidores, informação, relatórios e auditorias mais
extensas e profundas e portanto com maior custo.
Às
desvantagens acresce o risco da empresa ser gerida com vista aos resultados no
curto prazo e não com os olhos colocados no longo prazo, com o objetivo da
expansão.
Por fim, como desvantagem,
destacamos os Custos da Oferta Pública de Aquisição, pois será necessário
produzir informação para o mercado que cumpra os requisitos
do Código de Valores Mobiliários e outros. Desta forma,
esta informação envolve custos com advogados, revisores oficiais de contas,
relações públicas, investidores, comissões de admitir a empresa na NYSE
Euronext, taxas e pagar ao regulador, impressão de informação e publicidade,
intermediários financeiros que prestam assessoria e os intermediários
financeiros que garantem a promoção e colocação das ações, entre outros.
Dadas as vantagens e
desvantagens assinaladas nos últimos tempos, do meu ponto de vista, penso que a
privatização não é nem será nunca uma solução.
Uma das poucas
certezas que tenho com o processo de privatização é que os despedimentos irão
aumentar. Isto, porque os privados minimizam os custos sociais e maximizam
lucros. Porém, os empregos e as receitas poderiam ser mantidos pelo Estado.
Ainda no mesmo sentido, a privatização não melhora a qualidade. Pelo contrário,
deteriora o emprego e as receitas anuais do Estado. Desta forma o Estado fica
ainda mais pobre devido ao aumento da despesa social. Consequentemente, no longo
prazo a privatização trará ainda mais desvantagens ao país, uma vez que os seus
efeitos na economia são sempre temporários.
Marta Diana Silva
Fernandes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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