terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A convergência dos países europeus

         Na fundação da união económica em que Portugal e mais 26 países europeus estão inseridos estão presentes critérios de convergência. O que são e para que servem os critérios de convergência?
         Os critérios de convergência são os entraves/barreiras para que não seja qualquer economia a fazer parte de uma união económica e que ponha em risco a sua estabilidade. Deste modo, criaram-se quatro critérios de convergência: a estabilidade dos preços, a situação das finanças públicas, a taxas de câmbio e as taxas de juro a longo prazo.
         Analisando de perto o ano de 2012, verifica-se que nem todos os países estão a cumprir os critérios com os quais entraram na EU; um deles é Portugal. No passado ano o valor de referência para a estabilidade de preços situou-se no 3.1%, ou seja, a inflação medida pelo IPC (índice de preços no consumidor) não deveria ultrapassar este valor, como tem acontecido, dado que a inflação situou-se muito acima do valor de referência, não obstante uma conjuntura económica relativamente fraca na maioria dos países. O segundo critério, dos mais críticos, passa pela estabilidade das finanças públicas que, como já referi, já viram “a tempestade muito mais longe”. Em 2012, a Suécia era o único país da união a cumprir este critério, o de manter o défice externo abaixo dos 3% do PIB, ao contrário de países como Portugal, com um défice externo a rondar os 10% do PIB. O terceiro critério, o das taxas de câmbio, indica que todas as moedas dos países tenham que permanecer no mecanismo de taxas de câmbio (MTCII) 2 anos, de modo a provar a estabilidade das suas moedas. No que diz respeito ao último critério, o das taxas de juro de longo prazo, no período de referência de 12 meses, entre abril de 2011 e março de 2012, o valor de referência para o critério das taxas de juro de longo prazo foi de 5.8%. Foi calculado adicionando 2 pontos percentuais à média das taxas de juro de longo prazo das obrigações de dívida pública, ao longo dos referidos 12 meses, na Suécia (2.2%) e Eslovénia (5.4%), dois dos três países com os melhores resultados em termos de estabilidade de preços. A Irlanda, o terceiro desses países, foi excluído do cálculo deste valor de referência pelo facto de as taxas de juro de longo prazo das obrigações de dívida pública irlandesa não serem atualmente um referencial adequado para a avaliação dos progressos no sentido da convergência económica, atendendo aos elevados prémios de risco específicos ao país que prevalecem nos mercados financeiros.
         Agora explicados os critérios de convergência da UE e a sua análise no ano de 2012, não seria melhor e mais eficaz, além de implementá-los na entrada dos países, também supervisionar de perto e traçar diretivas imperativas para os mesmos? Não seria, talvez, um modo de evitar que os países caíssem em decadência económica e financeira? Espero, que quando as múltiplas recessões acabarem não voltemos ao mesmo modo de vida, um modo de vida boémio que não nos leva a lado algum.

Ângelo Rafael Correia da Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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