quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Obesidade infantil em Portugal

Segundo Ana Cristina Monteiro, endocrinologista pediátrica do Hospital CUF Descobertas, a obesidade é definida como: “uma doença crónica e complexa, com uma prevalência crescente em todo o mundo e considerada pela Organização Mundial de Saúde como a epidemia global do século XXI”.
Através dos dados da 5ª fase do COSI Portugal (Sistema de Vigilância Nutricional Infantil do Ministério da Saúde), foi possível registar uma diminuição do excesso de peso nas crianças de 37,9% para 29,6% de 2008 a 2019.
Por um lado, é de conhecimento geral que a obesidade é formada pela acumulação excessiva de gordura, ou seja, a quantidade de calorias que são ingeridas correspondem a um nível muito mais elevado daquelas que são desgastadas. Por outro, a causa para este excesso de gordura é explicada muitas vezes pela composição de uma pessoa, isto é, devido a aspetos metabólicos e genéticos, no entanto a cultura do país e o próprio ambiente social têm um impacto elevado neste assunto.
A verdade é que, infelizmente, com toda a informação existente, continua a haver um elevado número de crianças portuguesas com excesso de peso. Fatores como o sedentarismo, aliado a uma dieta hipercalórica, a ausência de um horário de refeições e a publicidade fast food não ajudam a combater a obesidade, pois estas condições, combinadas ou até mesmo isoladas, contribuem para o aumento da mesma.
Na minha opinião, é importante a prática de atividades físicas. O simples brincar à bola no parque ou jogos tradicionais, como jogar à mata, macaquinho de chinês, entre outros, que exigem um esforço físico e que são de grande deleite, já não são habituais. Hoje em dia, as crianças estão habituadas a fazer desporto na escola, e por isso veem essa atividade como obrigatória e não de prazer.
         Outra questão que é em grande parte responsável pelo excesso de peso é a alimentação. O consumo de alimentos fast food é algo que é combatido há muitos anos. Os programas escolares tentam ensinar às crianças como são os hábitos saudáveis que devemos ter e os seus benefícios, e as consequências, caso escolham ter um consumo de produtos alternativos. Porém, estes são os que ganham, pois devido aos corantes e todas as modificações a que são sujeitos tornam-se mais saborosos e apelativos para os mais novos. Vários especialistas são a favor de que se deve adotar uma alimentação mais saudável e não reduzir drasticamente, pois como estão em fase de crescimento, o objetivo é manter o peso para depois ser adequado à altura que a criança irá ter.
A quantidade de publicidade de alimentos hipercalóricos que passa na televisão é elevadíssima, e é compreensível, para mim, que, enquanto criança, esses sejam os alimentos mais apetecidos. Os legumes e outros alimentos mais nutritivos não parecem tão saborosos, e a imagem que é transmitida pelos anúncios é que os chocolates, os hamburgers e as bolachas são muito mais divertidos para se comer.
 Em suma, eu acredito que a nova geração não tem a alimentação mais adequada, porém estas são apenas vítimas do meio social envolvente e dos hábitos alimentares que lhes são ensinados. Além disso, estes não têm culpa por ter nascido num século tão modernizado. Apenas escolhem fazer o que lhes dá mais satisfação, normalmente, ficar em casa ao invés de ir brincar para o parque. Para mais, a prática de exercício físico extracurricular é um serviço que a maior parte das vezes é pago, e muitas famílias não têm possibilidades financeiras ou não têm flexibilidade no horário para levar e ir buscá-los, por isso acabam por não fazer nada.
Para combater a falha da publicidade, esta devia sofrer uma redução ou então devia ser passada em horários menos visíveis por crianças. Como é óbvio, a publicidade é uma ajuda ao negócio e é usada com o propósito de influenciar a mente dos mais pequenos, mas não é o mais correto, pois estes não têm capacidade para perceber que aquele género de comida só traz problemas de saúde futuros.

Ana Catarina Dias

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: